Protótipo I

Special: 

Sou Mike Adam, trabalho para a polícia secreta americana. Um grupo de cientistas desenvolveu um equipamento poderoso. Adivinha quem eles chamaram para testar o protótipo... Maldito dia em que eu coloquei os pés naquele laboratório...

Tudo começou com um chamado. Um informante me disse aonde eu deveria ir. Parti logo, abandonando o que fazia.

O laboratório ficava no subsolo 2 de um edifício residencial. Como você deve ter pensado, o laboratório é secreto. Só foi possível chegar até ele através de um elevador oculto em uma saída pouco movimentada que ficava no andar térreo. Tudo isso com o auxílio de uma outra pessoa: um homem vestido e agindo como um faxineiro.

Ao chegar, encontrei algumas dúzias de cientistas. O laboratório tinha aquela famosa aparência de clínica hospitalar: paredes pintadas de gelo, janelas grandes e um ar de limpeza. Logo que cheguei, fui recebido por três homens. Dois deles representantes do governo e o terceiro era quem comandava as pesquisas. Eles começaram a explicar que eu havia sido escolhido devido à minha boa agilidade e força razoável. Disseram também que tinha sido indicado para os testes por várias pessoas e que esses testes seriam feitos dentro de alguns dias. Perguntei sobre os testes, como seriam, mas tive uma resposta nada agradável: "Na hora certa, você saberá." Acho que ele queria dizer: "Coloque-se no seu lugar. Isso não é da sua conta." Mas como trabalho para o governo e sou, perante ele, menor que o trio, tive que engolir isso e esperar calmo que o humor deles melhorasse. Nesse dia, conheci apenas meus aposentos: outro sinal de desprezo.

Um barulho de pancadas. Abro os olhos. Batidas na porta. Já deve ser dia. Ando até a porta e a abro. Vejo um homem vestido como um médico ou cientista. Ao me ver, ele simplesmente diz: "Siga-me!" Como um subordinado, sigo-o. Ele me leva a uma sala que lembra uma sala de aula. Há cadeiras e mais cadeiras, um quadro branco, um projetor e uma mesa. Ele pede que eu me sente. Escolho uma cadeira e o faço. Ele liga o projetor e começa a falar: "A história é essa: há alguns anos um outro grupo de cientistas começou a trabalhar em busca de uma substância que, mesmo em uma fina camada, protegesse de balas e de ácido, além de ser leve. Passaram-se oito anos para o desenvolvimento desse material. Esse projeto foi concluído recentemente, mas o governo não pretende divulgar isso. Para que você tenha noção da importância disso, os cientistas que o desenvolveram tentaram "nos" trair e pagaram pela tentativa..." Ele foi interrompido por batidas na porta. "Entre!" E entrou um homem vestindo uma bata branca, em suas mãos, uma bandeja. "É o seu café da manhã. Coma tranqüilo. Eu sairei, mas retorno em vinte minutos. Há um banheiro no fundo da sala. Até mais!" Saiu o cientista-professor e também o cientista-garçon, não tão tranqüilamente, e fui ao banheiro.

Ele havia saído às 7:17. Às 7:37, quando o ponteiro dos segundos chegou em 25, a maçaneta rodou e a porta abriu. Voltou o cientista, como havia prometido. E continuou: "O governo nos contratou para o desenvolvimento de um uniforme bélico que teria como principal arma ácido. O ácido seria disparado em jatos que alcançariam distâncias consideráveis com um ótimo controle de vazão ou em um largo leque que foi desenvolvido especialmente para ataques de perto. Ele deverá ter também uma proteção parcial feita com o material que mencionei há pouco, resistindo, portanto, a ácido e balas, além de um sistema de respiração que seria ativado quando o usuário quisesse. Seria, enfim, um ótimo equipamento, podendo, no futuro, ser incorporado à força terrestre. Tudo depende da eficiência do protótipo e do desenvolvimento de uma produção em massa desse material. Vamos até o equipamento para que você possa conhecê-lo melhor."

Saímos da sala para outra próxima. Estava suspenso em um canto o maravilhoso equipamento. Pelo menos aparência de poderoso ele tinha. Lá ele me explicou como seria usado o equipamento e disse que certamente seriam necessários ajustes pois, como uma armadura, esse equipamento deve ser feito de acordo com as medidas do usuário. Tirei as medidas necessárias e fui dispensado. Ele me deu um livro e aconselhou que lesse, pois "era interessante..." Do livro nem o título li. Quando voltei aos meus aposentos, uma surpresa: haviam instalado uma TV a cabo. Nesse dia não saí mais do quarto. Trouxeram minhas refeições. Enquanto estive lá, a TV permaneceu ligada, embora não assistisse muito. E a monotonia só não foi total devido à TV e à barra de exercícios.

No terceiro dia me levaram, pela manhã, para que visse vídeos. Nada a ver com o protótipo, eram só para passar o tempo. Almocei e à tarde estive em meu quarto, naquela mesma monotonia...

Quarto dia: mais vídeos. A história se repetiu. ...até parte da tarde, pois às cinco o cientista me chamou. O protótipo estava pronto. Eu o vi, admirado, e pedi para que os testes se iniciassem - queria voltar à minha vida o quanto antes -, mas eles disseram que seriam realmente muitos testes. Voltei, então ao meu aposento e fiquei assistindo TV até tarde.

Acordei com pancadas fortes na porta. Levantei-me e corri até ela. Seria um incêncio ou algo assim? Era o cientista. Perguntei o porque daquilo e ele, ao invés de me responder, perguntou a que horas eu havia me deitado. Depois de uma bronca e do café da manhã, ele me levou até uma sala ampla e cheia de bugigangas. Lá estava o equipamento. Vesti-o. Eram apenas oito peças: capacete; a parte que protegia o peito e as costas, onde ficavam os tanques de ácido e oxigênio; a parte que protegia o abdomen; um bracelete com luva; um bracelete para saída do ácido; dois protetores de coxas e um macacão. Confesso que não era muito confortável: era pesado e não dava liberdade total de movimento. Comecei os testes. Realizava o que pediam, enquanto eles anotavam os resultados.

Tudo corria bem, até que em um dos testes comecei a sentir o rosto queimando. Rapidamente coloquei as mãos na base do capacete e o atirei para longe. Veio um homem e jogou pó no meu rosto, que ainda ardia. Vieram alguns outros homens e removeram rapidamente o equipamento. Fui, então, levado a uma sala onde havia dois médicos. Eles examinaram meu rosto mas...

No outro dia fui levado à sala do cientista que liderava as pesquisas. Ele estava lá e, com ele, os dois homens do governo. Eles me disseram então que os resultados dos testes não foram satisfatórios. Que o desempenho não ia muito bem e o acidente pôs um ponto final. Pediu desculpas pela falha do equipamento e me disse que eu poderia ir embora e seria chamado quando o novo protótipo estivesse pronto.

Ver o sol depois de passar quase uma semana trancado no subsolo. Estou livre para ver o sol, mas isso não me anima tanto. Não depois do que ocorreu aqui hoje. O rosto com que saio não é o mesmo com que entrei. Esses malditos testes o destruíram. Levarei, talvez para sempre, a cicatriz causada pelo erro de outros. Mas como sou subordinado ao governo, o que posso fazer? Só posso torcer para que demorem o máximo possível na criação do novo protótipo para que eu tenha tempo de me recompor. Mas como só se pode adiar o inevitável, mais cedo ou mais tarde serei chamado novamente e de novo terei que vir a esse maldito lugar.

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