Debate do Professor com um Pai

Em 2010, na oficina que já falei aqui, escrevi este cordel, que até hoje não havia publicado. Segue então para sua apreciação. Lembrando que essa questão hoje está ainda mais complicada com esse fantasma da "doutrinação marxista" que inventaram e a ideia maluca de colocar o ensino escolar à distância...

Vivemos um novo tempo
Depois do ano 2.000
Quando a globalização
Fortemente se expandiu
O mundo todo mudou
Mudou junto, o Brasil

 

Se firmando as mudanças
Vindas dos últimos anos
Liberdades conquistadas
Mas sem que nós percebamos
Cresce muita coisa errada
Lá por debaixo dos panos

 

Cada vez mais nesse mundo
Se pode ver a criança
Brincando menos, sofrendo
Não tendo mais sua infância
E aumenta a violência
Diminui a esperança

 

Nos debates mundo afora
Pra resolver a questão
Todo mundo já aponta
Para a mesma solução
Diz que há falta de valores
Há falta de educação

 

Na hora de ver o culpado
Ninguém sabe pra onde vai
São os pais ou professores?
Pra não ter confusão mais
Vamos ver debate hoje
Do Professor com um dos Pais.

 

Eu trabalho o dia inteiro
Sou um homem sofredor
Levanto antes que o Sol
Durmo na hora do Jô
E não é por ser folgado
É trabalho, meu senhor!

 

Por isso não tenho tempo
Minha esposa é igual
Hoje querem que eu eduque
Os meus filhos, é normal?
Pra isso existe a escola!
Eis o lugar ideal

 

O problema é que a escola
Está fraca pra valer
Professores preguiçosos
Mal ensinam a escrever
Lesando a sociedade
Não cumprindo seu dever

 

Sua vida é ocupada
Acha diferente a minha?
Dou aula em muita escola
Tenho uma filha novinha
E temo que um dia diga
“Quem é esse moço, mainha?”

 

Pois quase não paro em casa
Dia todo é de aflição
O tempo que era pra ter
Com a família, dá não
Gasto preparando aulas
Corrijo avaliação

 

E sobre a educação
Moral, penso diferente
Certas coisas não se ensina
Na escola, naturalmente
O pai tem que ensinar
O pai tem que estar presente

 

É fácil culpar os pais
Mas nisso eu não me iludo
Quer é se livrar da culpa
E eu penso que quase tudo
Tem que se ensinar na Escola
Que é o lugar de estudo

 

Digo os deveres dos pais
E nisso tenho certeza
É garantir um estudo
Proteger da correnteza
Da violência e não deixar
Faltar comida na mesa

 

Educar é com a escola
Se fizesse isso bem
Daqui a pouco vão querer
Que eu me transforme em cem
Se meu filho se cortar
Que eu seja o doutor também

 

Caro pai, seu pensamento
Está bastante incorreto
Não basta comprar presentes
Garantir comida e teto
Ter preocupações com filhos
É também sinal de afeto

 

De vez em quando existe
Reunião, você esquece?
Pra saber sobre seu filho
Você nunca aparece
Que homem vai se tornar
Essa criança que cresce?

 

Você não dá atenção
E cobra de autoridades
O ensino que devia
Dar em casa, na verdade
Você que foge da culpa
Sem menor necessidade

 

Essa escola está errada
Digo, afirmo e repito
Preparam para o mercado
Como um vício maldito
Não formam mais cidadãos
Digo, afirmo e tenho dito

 

Ninguém quer mais estudar
Nessa geração perdida
Só querem saber de show
De sexo e de bebidas
Se perdendo para as drogas
Perdendo às vezes a vida

 

E a escola continua
Na mesma morosidade
Não ensina para a vida
Nem cobra seriedade
Hoje é um grande mal
Contra nossa sociedade

 

Numa coisa eu concordo
A escola não está boa
Muitos alunos por sala
Qualquer sujeito se azoa
E pro aluno tanto faz
Estar na aula ou à toa

 

A visão que prevalece
É que todo mundo passa
Ninguém estuda direito
Essa é a regra da casa
Professor que discordar
A direção taca brasa

 

Me entristece ver aluno
Sem saber nem escrever
Não podendo reprovar
O Estado não quer saber
Aluno virou um número
Pra Estatística entreter

 

Pois é disso que eu falo
Acho que agora me entende
A escola está errada
Essa que você defende
Hoje todo mundo passa
E quase ninguém aprende

 

Por isso tem tanto crime
Por isso a corrupção
Gente que não tem vergonha
De agir como vilão
De tentar levar vantagem
Em qualquer situação

 

A Escola tem que ensinar
Os jovens, como se diz
A serem homens corretos
Um povo nobre e feliz
Disso é que mais depende
O futuro do país

 

Espere só um instante
Que filho você terá
Se falar mal sobre roubo
E diante dele roubar?
Não que esse seja o caso
Estou só a ilustrar

 

O ensino de valores
É importante demais
E não se faz ensinando
Com livros, coisas formais
O que importa é o exemplo
Que é dado pelos pais

 

A Escola está errada
E precisa melhorar
O Governo que ajude
E deixe de inventar
De tratar como indústria
De “formados” fabricar

 

Então eles concluíram
Que pra desatar os nós
Do egoísmo severo
Não se levanta a voz
E a culpa é nossa, porém
Não somos culpados sós

 

O MEC tem que mudar
Dar valor ao que interessa
Formar homens de vergonha
Ensinar bem e sem pressa
Melhorando a qualidade
É preciso essa promessa

 

As empresas também devem
Dar valor à honestidade
Punir sempre malandragem
Recompensar a verdade
Se preocupar com pessoas,
Natureza e sociedade

 

Professores têm que ser
Sempre muito pacientes
Gostar mesmo de ensinar
Pois é o mais eficiente
Meio de nós navegarmos
Pra um futuro diferente

 

E os pais que deem exemplo
Que muito da formação
Dos valores de seus filhos
É fruto da criação
Ensinem a cooperarem
Não preguem competição

 

Sejam certos e direitos
Passem sempre um tempo com
Seus filhos, e participem
Conversar é um grande dom
Só assim nosso futuro
Será realmente bom

 

-- Cárlisson Galdino

Rand no Castelo da Bruxa

Você conhece o Rand? É o personagem Ronaldo Alexandre, que apareceu nos meus cordéis há 10 anos, no Castelo de Zumbis? Ele está de volta em um novo castelo! Desta vez, o Castelo da Bruxa. Este cordel está disponível apenas impresso, por enquanto, mas em breve colocarei também em e-book. Por ora, fica o início da história para vocês:

Durante um dia de Sol
Andava um homem errante
De coragem e valentia
Nome Ronaldo Alexandre
Mas amigos e parentes
Lhe conhecem simplesmente
No apelido de Rand

Ele contava as histórias
De aventuras e terror
Os seus amigos mangavam
“Cê parece pescador!”
Mesmo sem acreditar
Gostavam de escutar
Davam o maior valor

Ele falava de monstro
De uma cadeira encantada
A turma se divertia
Como se fosse piada
Zumbis, lendas, animais
Castelos grandes demais
Que apareciam do nada

E o que mais espantava
A sua plateia inteira
Era que nessas histórias
Não tem medo ou tremedeira
Rand coragem, o mito
- É claro, não acredito!
“Para de falar besteira”

O que ninguém suspeitava
Entre dragões e donzelas
Essas histórias de susto
De monstros e coisas belas
De salvação e maldade
Eram fatos de verdade
Ou ao menos parte delas

Special: 

Cordéis da Castelo do Tempo em Fevereiro de 2019

Fevereiro terminando e o Castelo do Tempo fecha o mês com 5 publicações (ou seriam seis?):

  • O que Peste é Podcast - cordel inédito meu, explicando para o leitor o que é podcast e porque é tão interessante acompanhar esta mídia. Também disponível em formato de e-book;
  • O Gênio - ficção que se passa em Pilar, perto de Maceió, quando um jovem encontra uma lâmpada mágina na rua.
  • Alagoas de Canto a Canto e Encantos + Poço, o Portal do Sertão - Dois cordéis em um, numa diagramação que, girando o livreto o leitor se vê diante de outro título. Os dois cordéis são do amigo Ronaldo Oliveira e a proposta de dois cordéis em um também foi dele. O Castelo do Tempo realizou a diagramação e impressão.
  • Gratidão - o cantor César Soares produziu seu primeiro cordel e o Castelo do Tempo diagramou e imprimiu.
  • Romance do Pavão Misterioso - cordel clássico cuja autoria é contestada, mas cujos nomes em disputa já têm suas obras tornadas de domínio público. Esta versão foi editada a partir de uma edição com autoria atribuída a João Melquíades.

Exceto pelo Romance do Pavão Misterioso (Edição Castelo do Tempo), que está sendo distribuído por mim, os cordéis publicados são distribuídos por seus respectivos autores.

Special: 

Castelo do Tempo e Laboratório da Rima

Não sei se você percebeu, mas cordeis.com agora leva a uma outra página, a página do Manifesto Neocordelismo. Acontece que há duas outras páginas novas por lá também.

Castelo do Tempo é uma cordelaria informal que estou mantendo, para diagramação e impressão de pequenas tiragens de folhetos de cordel.

Laboratório da Rima é um grupo de poetas, em sua maioria cordelistas, com objetivo de, juntos, fortalecer a Literatura de Cordel em Arapiraca.

Se ainda não conhece os dois, dá uma olhada por lá!

No Programa Educação em Foco

Estive no final de janeiro no episódio de estréia do programa Educação em Foco, da confreira (ACALA) Carla Emanuele. Lá falamos um pouco de Literatura de Cordel, da minha produção e foi feito lançamento do Kit Cordelista, kit composto por 1 exemplar do livreto Como fazer um cordel, 10 exemplares do Meu Cordel (um livreto em branco, para ser escrito seu próprio cordel) e 1 cordel surpresa (aleatório). O kit foi pensado para uso em oficinas e atividades de produção textual.

O título Como fazer um cordel está disponível também para venda em formato de e-book.

O programa é da TV Oops, daqui mesmo de Arapiraca.

Special: 

Manifesto Neocordelismo

Acaba de ser lançado o Manifesto Neocordelismo. Concebido por mim e Zé de Quinô, com apoio e contribuições de outros participantes do Laboratório da Rima, este manifesto fala de um novo cordel, que respeita o antigo mas olha para o futuro. Entendemos Literatura de Cordel como cultura e, por isso, viva! O que significa que se mexe, se molda e se expande.

O logo que improvisei para o manifesto representa um chip de computador com um lampião e o Sol, simbolizando a mistura de elementos tradicionais com a tecnologia sem negá-los, mas somando.

A partir de agora também o endereço cordeis.com, que antes redirecionava para o meu site, agora tem uma página apresentando o manifesto e quem o apoia. O manifesto está exposto para leitura simplificada na própria página de seu lançamento e também é oferecido por lá em formato PDF para download. Confira lá como ficou!

-- Cárlisson Galdino

O Relatório da ONU

No ano de 2010 estive em Barbalha para uma oficina de cordelistas promovida pelo PNUD, da ONU. Foi uma experiência muito legal, foi inclusive onde conheci aquele que considero o melhor cordelista da atualidade: Antônio Francisco. Na ocasião, fiz o cordel O Relatório da ONU, que agora publico aqui:

Depois da segunda guerra
Nasceu, décadas atrás
E ainda permanece
Até os dias atuais
Um conjunto de nações
Unindo suas intenções
Para promover a paz

Estou falando da ONU
Esta forte criação
Que traz tanto benefício
Reforçando uma união
Quase duzentos países
Definindo diretrizes
Para paz e evolução

Existe um setor da ONU
Para o desenvolvimento
Das nações afiliadas
Que pesquisa, sem lamento
E elabora um relatório
Claro e explanatório
Nos retratando o momento

Esse setor, o PNUD
De que estamos a falar
Todo ano ele faz isso
Trabalha sem descansar
Pro relato ter valia
E para usar como guia
Trabalha com IDH

O relatório anual
Fala da população
Fala das necessidades
No emprego, na educação
Da população sofrida
Da qualidade de vida
Se ela melhorou ou não

Porém em 2010
Talvez isso cause espanto
O PNUD foi ousado
Teve uma ideia e tanto
"Invés de só coletarmos
Por que não nós perguntarmos?"
Lançou "Brasil Ponto a Ponto"

Nesse projeto o PNUD
Perguntou à sociedade
O que falta em suas vidas
Para serem de verdade
Boas! E o que aconteceu?
Muita gente respondeu
Em quase toda cidade

Com muita gente apoiando
Televisão e revista
Grupos locais, todo canto,
Na internet, a entrevista
Para a população
Com grande repercussão
Foi uma grande conquista

O resultado de tudo
Que o PNUD hoje nos traz
Depois de ouvir tanta gente
Surpreende até demais
É que em todo lugar
Falta é o povo mudar
Falta serem mais legais

O que falta nas pessoas
É transformar o seu jeito
Terem solidariedade
Paciência, mais respeito
Se só pensarem em si
Não se vai evoluir
Não vai acabar direito
Mas se a gente se ajudar
Podemos confeccionar
Um futuro mais perfeito

O relatório da ONU
Fala, para resumir
De educação de valores
Que parece se extinguir
É importante e urgente
Tem muito a ver com a gente
Todos devem contribuir!

Falta o Governo mudar
As regras da Educação
Respeitar os professores
Dar uma melhor condição
Investir na qualidade
Ao invés de quantidade
Pra que isso não seja em vão

E a Educação deve ser
Não voltada pro mercado
Tratar aluno por gente
Num modo civilizado
Deve formar cidadãos
Evitar competição
Pra ter melhor resultado

Os pais devem educar
Em casa: é seu dever
Ensinar o que é correto
Mais do que ensinar, fazer!
Aja certo no que faz
É no modelo dos pais
Que o filho vai aprender

Somos influenciados
Por um mundo capital
Que desvirtuar valores
Pra ter um lucro anormal
Devemos valorizar
O que importa, e tentar
Nos proteger desse mal

Das modinhas que a TV
E o cinema bombardeia
Influenciando jovens
Desprotegidos e a teia
Dessa rede que os guia
Vai minando a energia
Do povo, uma coisa feia

Fale com o filho, dê exemplo
Hoje existe a Internet
E muito mais influência
Seja coerente, vete
Mas pra educar, moderado
Pra ele não se controlado
Pelo que o mundo promete
Pelo crime organizado,
O mundo globalizado,
Pra ele não ser marionete

Devemos pensar nos outros
Ajudar quem necessita
Somos uma sociedade
Não se vive só: reflita
Seja atento todo instante
Cada gesto é importante
Pra uma vida mais bonita

Em resumo o que hoje trago
É fortalecendo a voz
Do relatório da ONU
Vamos juntos, nunca sós
Pense em todos ao redor
Porque um futuro melhor
Depende de todos nós

-- Cárlisson Galdino

Trilogia Escarlate em formato digital

Os três volumes que contam a saga de Zand foram publicados aqui neste site há vários anos. Foi onde nasceram, na verdade, sendo publicados a um episódio por semana. Totalizam 50 episódios cada volume.

Os três livros estão disponíveis em formato digital (PDF e ePub) na Xinxii, para quem quiser adquirir e ler da forma mais confortável. Os três foram revisados para esta nova publicação. Nos três vocês encontram extras: um capítulo com o resumo estatístico da publicação enquanto estavam no site e, mais interessante, um cordel temático.

Se apenas a saga de Zand te interessa, há versão no Archive.org, no Issuu e até na Biblioteca Cordéis. Se puder contribuir com o autor e, ao mesmo tempo, quiser acesso ao extra, compre lá no Xinxii! O preço de cada volume está ajustado para o mesmo preço que cobro por um cordel lá!

Special: 

Planeta dos Vampiros

Escrito em 2012 e publicado no meu site pessoal, o cordel Planeta dos Vampiros ganhou uma nova edição este mês, desta vez impresso.

Como tenho feito em novas edições de cordéis, ele passou por nova revisão e terminou ganhando umas 2 ou 3 estrofes novas, em meio às pequenas correções.

Este mês também lancei 2 kits de cordéis, cada um com 12 livretos:

  • Kit Cordelista: pensado em quem quer trabalhar produção de cordel em grupos (professores e oficineiros), o kit vem com um exemplar do cordel Como Fazer um Cordel, um exemplar de um cordel surpresa (para exemplo) e 12 exemplares do Meu Cordel, um livreto em branco para facilitar a criação do seu próprio cordel.
  • Kit Bardo 2018: 1 exemplar de cada um dos 12 títulos de minha autoria que foram lançados em 2018 para comercialização.

E ainda tenho outra novidade! A partir deste mês, meus cordéis (os novos e as novas edições dos antigos) terão autoclassificação indicativa. O que é isso? Bem, é quando o próprio autor julga qual o publico alvo recomendado para a sua obra e coloca essa informação para seu público. Defini 3 categorias apenas:

  • Livre - sem restrição de leitura
  • Adolescente - pode conter assuntos complexos, técnicos, violência, palavrões.
  • Adulto - coisas mais pesadas, como descrição de cenas de sexo e viiolência de forma mais detalhada.

Essa classificação é apenas uma sugestão para ajudar especialmente quem compra cordel para outros lerem (para filho, por exemplo). Mais uma inovação que espero que ajude aos leitores dos meus cordéis. Vamos em frente! Em 2018 eu voltei a produzir bastante e em 2019 tem bem mais!

-- Cárlisson Galdino

Special: 

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