Mais uma vez, lamentavelmente, vemos uma decisão importante para o futuro do Brasil sendo decidida pela performance de publicitários. Não me incomodaria se o Não ganhasse por argumentos, com as pessoas entendendo realmente o que está acontecendo. O que me incomoda é que decisões importantes caiam na arena do marketing, o que termina fazendo com que o lado mais rico (capaz de contratar um bom marketeiro) vença.
A opção do Sim ou do Não neste referendo, assim como candidatos, não são marcas de sabão em pó. O que está em jogo é o nosso futuro, e eu já cansei de ver como brincam com isso.
No caso específico deste último referendo, o que houve foi que a bancada do Não contratou um grande publicitário (no sentido apelativo da palavra): Chico Santa Rita. Desde o início ele arquitetou as propagandas do Não. Só um detalhe: ele foi o responsável pela publicidade na reta final da campanha de... Fernando Collor.
Falácias e palavras de ordem, com a evocação do medo de os bandidos invadirem nossas casas. Esse pacote foi o que garantiu a vitória. E o que João Moreira Salles havia dito na gênese da campanha acabou se concretizando: "Quem souber lidar com a questão do medo vai ganhar".
Eu fico pensando o quanto a população é fraca em entendimento de discurso (eu me incluo um pouco aí, já que meu estudo nessa área apenas começou). E como seria este referendo se ao invés da briga das propagandas coloridas contra os documentários assustadores tivéssemos tido debates e opiniões de sociólogos e outros estudiosos relevantes...
E assim se encerra esse capítulo da nossa Democracia. O povo é chamado a decidir, mas não acha bom. E pelo Sim ou pelo Não, que vença o mais apelão.
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