Um turbulento abril para o Software Livre em Desktops

Apesar de ser natural e desejável que se evolua, às vezes a evolução é drástica demais e às vezes certos grupos só a pioram ao invés de ajudarem a suavizar as mudanças. Sim, estou falando do turbulento mês de abril para o Software Livre em desktops.

Este é o período em que sai o revolucionário GNOME 3 (já saiu último dia 6) e sairá o Ubuntu 11.04, primeira versão após a polêmica decisão de substituir o GNOME pelo Unity em sua edição desktop.

Primeiro, que eles estão inteiramente no direito deles. A gente sabe da antiga história de diferenças conceituais na cabeça da Canonical e no HIG (Human Interface Guidelines) do GNOME. Também o GNOME deve muito do seu sucesso atual à Canonical. Foi a Canonical que apostou no GNOME 2 quando todos já tinham ido para o KDE. Então, nem se pode reclamar tanto.

Agora, quanto às mudanças. O GNOME 3 é revolucionário em muitos pontos. Todo o conceito de desktop foi remodelado. Não há mais os menus no topo e sim paineis de aplicativos no fundo da área de trabalho, como se fossem um desklet. Há uma barra de acesso rápido a aplicações no lado esquerdo, que lembra os docks da Apple. Não há mais botões de maximizar e minimizar, só fechar, e a gestão de áreas de trabalho é dinâmica. Os aplicativos estão também mais integrados ao ambiente. Isso dentre muitas outras mudanças, que trarão dificuldades de início para os usuários, mas na promessa de melhorar sua experiência com computadores, diminuindo a distração, facilitando o acesso aos recursos e aplicativos, etc, etc, etc.

Resumindo, é uma nova fase, uma fase delicada em que os usuários terão que reaprender, afinal o GNOME 3 é bem diferente de tudo. Justo nessa fase difícil, a Canonical vem com uma alternativa ao GNOME, o seu Unity, que foi criado inicialmente para netbooks e agora é o ambiente desktop oficial do Ubuntu.

O Unity é muito parecido com o GNOME 3 em alguns pontos. Tem uma barra de docks no canto esquerdo da tela, por exemplo, e também trocou os menus por menus desklets-like. Porém, tem algumas mudanças outras. Os três botões (minimizar, maximizar e fechar) continuam no canto esquerdo da tela. E uma mudança que aproxima ainda mais o Ubuntu do MacOS: a barra de menu das aplicações acaba de voar para fora da janela onde nós - os que não somos usuários da Apple - estamos acostumados a vê-la: para o topo da tela.

Não dá pra negar que o GNOME tá com um visual bem atraente, mantendo a simplicidade, mas muito bonito. O Unity mantém o estilo do Ubuntu, acrescentando o colorido dos ícones laterais. No fim, cada um tem o direito de fazer as mudanças conforme acredite ser o caminho certo, mas, sinceramente, fico pensando nas consequências disso tudo.

Como ficam os usuários, tendo que se adaptar à força? Eles se verão obrigados a mudar o conceito para continuarem no Ubuntu de que aprenderam a gostar, agora no Unity, sem terem um porto seguro para onde voltar, caso não se adaptem, já que o GNOME também não será o que eles conheceram.

E como ficamos nós, militantes e divulgadores de Software Livre, que a muito custo conseguimos mostrar a algumas pessoas que valia a pena migrar para Ubuntu? Com que cara vamos dizer a eles: “Olha, o Ubuntu agora está com um ambiente diferente! Totalmente diferente, mas está melhor! Mais parecido com o MacOS!”? (como quem imitar os outros é algo que engrandece) Ou quando nos falarem empolgados sobre o Ubuntu, diremos: “Ah, esqueça! O Ubuntu traiu o GNOME e inventou uma parada só deles. Você tem que conhecer agora é a distro GXYZ, que continua trazendo o GNOME” (...e o usuário vai lá e vê que esse GNOME é algo totalmente diferente do Ubuntu que ele conheceu).

Talvez esta seja uma grande oportunidade para os outros desktops crescerem. Temos o Enlightenment, que finalmente chegou à versão 1.0. Por seu visual refinado, com uma melhorazinha pode se tornar um desktop realmente cativante para os usuários todos. Ou o XFCE, que será para os usuários muito mais parecido com o GNOME do que o novo GNOME, além de mais leve. Seria a vez dele se firmar mais, aumentando sua fatia no mercado? Ou seria o momento de apoiar o velho rival, o sólido e firme KDE?

Sinceramente, não sei ainda que posicionamento tomar sobre essa polêmica toda. Espero, cá no meu canto, esse turbulento abril passar para enfim decidir de que lado vou ficar nessa zona toda. (e acho que tá quase todo mundo assim também)

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Comentários

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Enviado por igorbrp (não verificado) em 7. Abril 2011 - 11:56

É verdade. Eu mesmo que já trouxe muitos usuários para o GNU/Linux tenho me perguntado sobre a (re)adaptação deles nos novos desktops. Mas me consolo pensando que esse é um pequeno preço a pagar pela diversidade (que é ótima).

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Enviado por AndreGondim (não verificado) em 7. Abril 2011 - 12:47

Olá Carlisson,Há um equivoco comum ao dizer que não há GNOME no Ubuntu. O Ubuntu é uma distribuição baseada no GNOME. A única coisa que é diferente é que não foi adotado o gnome-shell do GNOME e sim o Shell Unity.Fez por outra há mudanças, são importantes para a evolução ou então estaríamos até hoje somente com terminais, não?Abraço!! ;)

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Enviado por PoolS (não verificado) em 7. Abril 2011 - 13:07

Os usuários não devem usar sempre a última versão. Isso é para quem curte novidades e gosta de reaprender sempre.O bom (e velho?) Ubuntu LTS 10.04 deve ser mantido e os novos conceitos aos poucos pairão nos resistentes a mudanças e ambientes de produção.Excelente matéria, diga-se!Até mais,

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Enviado por Joca Liberato (não verificado) em 8. Abril 2011 - 7:35

Caros amigos Ubunteros,só mudo de LTS para LTS. Dois anos é o tempo para as mudanças se consolidarem - permanece o que é bom, sai o que não presta. Usuários de Software Livre não precisam sofrer essa ansiedae do "novo", que é a doença obsessiva dos pobres "janeleiros" das soluções proprietária - que de tempos em tempos precisam de um novo desktop, mais memória, HD, processador... precisam "urgente" de um upgrade como do ar que respiram... pra continuar fazendo as mesmas coisas de sempre.Um abraço.

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Enviado por Eduardo (não verificado) em 7. Abril 2011 - 16:26

Nem todo mundo tem tempo de ficar masturbando o Slackware, a maioria prefere kickstart install e sair usando. Sim claro Slackware é controle total, mas para os novos usuários (em palta no artigo) Slackware está longe de ser kickstart.

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Enviado por marcio (não verificado) em 7. Abril 2011 - 16:34

Sou usuário KDE e quando aconteceu a mudança do KDE-3 para o KDE-4 demorei 2 anos para migrar. Não é porque lançou algo novo que tenho que usar. Também uso Ubuntu 10.4 numa Máquina Virtual e não penso em atualizar. Não preciso!

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Enviado por Bruno Schmidt M... (não verificado) em 7. Abril 2011 - 16:35

Ao contrário da maioria, eu resolvi baixar e testar os dois ambientes. Gostei MUITO mais do Gnome3, o Unity apresenta pouca usabilidade. Tudo bem que precisavam maiximizar a área útil da tela, mas a solução Gnome3 é muito mais elegante, mais leve, e mais "fluída".Com relação ao fato do Ubuntu não ter Gnome antigo, não chega a ser verdade, basta o usuário iniciar a sessão com "Desktop Classic" e lá estará o Gnome 2, como ele conhecia. Então essa é uma boa notícia para os nossos amigos iniciantes, não é preciso convencê-los a mudarem.Parabéns pelo excelente texto.

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Enviado por Eulino Netto (não verificado) em 7. Abril 2011 - 16:55

Muito bom o texto, gostei das reflexões.Eu tenho o netbook, e instalei o ubuntu nele. Como cada um tem um gosto, eu gostei muito do unity. Nos primieiros dias era bem estranho, mas já me acostumei e hoje gosto bem mais do visual e da organização dele.Por conta de meu trabalho eu vivo entre Windows e Linux. E acho válido as mudanças em nos dois ambientes. Vejo que muitos ficam preocupados com o que falar para os que migram do windows para o Ubuntu e o novo Gnome, eu não tenho receio, pois até mesmo no windows ele tem que aprender muita coisa novamente por causa das modificacões.Enfim, mudanças acontecem, muitas são boas e algumas exigem um pequeno reaprendizado.

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Enviado por Job (não verificado) em 7. Abril 2011 - 18:11

Tive essas reflexões, mas sempre no que é novo o que mais me incomoda é a estabilidade. Ambas as opções (Unity e Gnome-shell) são bem vindas, e não são muito diferentes. Melhor ainda, pois traz conceitos próprios, inovadores e não cópias.Certo que todos usam ideis de outros, vide o Windows que copiou muito do KDE.Vou esperar o LinuxMint e ver.O Mint, tem atraido muito pela postura simples e convencional.Acho que adotarei uma postura mista,para cada tipo de usuário usarei uma opção diferente. Que é algo bacana, pois cada um tem sentimentos diferentes.

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Enviado por Kinrpg (não verificado) em 8. Abril 2011 - 8:42

Existe várias interfaces graficas para vários gosto assim como as distribuições. Eu por exemplo uso em casa o ubuntu 10.04 que veio com o Gnome. Eu sempre gostei mais do KDE (herança do kurumin) mas peguei um carinho pelo gnome. até instalar o Unity, ai fiquei gamadão. Sinceramente na usabilidade achei mais pratico e eficiente e aguardo a versão 11 do ubuntu anciosamente. O gnome teve poucas evoluções no quesito de usuabilidade nos ultimos anos essa mudança sinceramente era esperada e mesmo nescessari. Se ela vai ficar ou na hora do trabalho funcionar bem teremos que esperar pra ver. Sei que pode parecer estranho a primeira vista, mas vou comparar essa situação com o Windows da MS. Do 98/ME pro XP e consequentemente para o Vista e 7 houve varias mudanças na aparência e no modo de utilizar, muitos usuários estranharam no inicio  e pediam até mesmo por downgrades. Mas conforme o tempo foi passando eles se acostumaram com a interface e pegaram gosto por ela. O mesmo vale pro KDE que possui várias diferença entre suas versões (em especial da 3 para 4) mas todos acabaram aprendendo e usando. Mudanças drasticas assim podem ser mesmo assustadoras, mas a tendência é sempre evoluir... lembre-se que até umas decadas atrás alguns não acreditavam em interface grafica. Evolue kkkBem essa é minha opinião.

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Enviado por Peixoto (não verificado) em 8. Abril 2011 - 10:01

Amigos, o windows evoluiu sua interface visual, quem lembra do 3.1 ?  95 ? XP ? e agora o Vista...  Se os ruins podem evoluir, os bons tem a obrigação !!!!!

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Enviado por Samuel Cersosimo (não verificado) em 8. Abril 2011 - 14:49

Muito bom o post! Confesso que também fiquei bastante ansioso com essa mudança turbulenta! Mas foi uma ansiedade, no geral, muito boa. É que, mesmo sendo fã do Gnome e da sua filosofia, acho que ele estava mesmo precisando de uma "sacudida no visual".Também acho o lançamento do Gnome3 antes do Ubuntu 11.04 algo bem simbólico. Algo que avisa aos desavisados o seguinte: - Não estamos mais no Ubuntu, mais ainda estamos na área!!Achei muito positiva a mensagem. Mais legal ainda foi ver a citação de um dor membros da Canonical, elogiando o Gnome, no texto de lançamento da versão 3.Enfim, este abril turbulento vai passar, e sabe o que dizem... depois da tormenta...Abraços!!Samuel Cersosimowww.viasdefato.com

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Enviado por Marcelo Silva (não verificado) em 10. Abril 2011 - 22:36

Olha, eu costumo usar o Ubuntu nos servidores das empresas que trabalho, na verdade só estou usando ele, pela solidez que tem mostrado. Como gosto de usar interface, tenho optado pelo Gnome, mas com essas mudans todas, já estou migrando para o KDE. Apesar de ser um pouco mais pesado, os hardwares de hoje tem suportado muito bem... então enquanto a canonical e gnome e unity não se dessidem vou ficando com o KDE... que está muito bom por sinal. Quem bom que a Canonical não tem trazido nenhuma surpresa desse tipo para o Kubuntu... ele está excelente, espero que continue.É isso

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Enviado por Leonardo (não verificado) em 13. Abril 2011 - 21:08

Meu nobre jovem, vejo que vc ainda não usou nem o Unity nem o Gnome 3, conclusão a que chego ao perceber os equívocos que vc comete no seu artigo. Um deles, que já foi inclusive citado, ocorre quando vc afirma que no Ubuntu 11.04 o Gnome seria substituído pelo Unity. Na realidade, o Unity funciona como uma aplicação rodando SOBRE o Gnome. Claro, é uma aplicação que modifica a experiência do usuário ao interagir com o sistema mas se estivesse substituindo o Gnome, teríamos que concordar que a Canonical desenvolveu um novo ambiente de desktop, o que seria, no mínimo absurdo.Outra questão é quando vc diz que "usuários seriam obrigados a... opa, opa! Estamos falando de software livre e nesse contexto ninguém é obrigado a usar este ou aquele programa, etc. Quer usar o Ubuntu 10.04 com o bom e velho Gnome 2? OK. É só escolher na hora do logon. Quer o Gnome/GTK 3? OK, vc terá ALGUMAS mudanças, mas o comportamento e aparência padrões do Gnome 2 ainda estarão lá.Ah, mas quem vai informar o pobre iniciante no software livre? E como vamos explicar que "agora tá tudo mudado"?? Aqui eu faço lembrar que um dos maiores trunfos do movimento FOSS é a *COMUNIDADE*. Sim, a mesma comunidade da qual vc, como membro, influenciou e ajudou outros a entender que há boas opções ao software proprietário. Agora vc [e nós] temos a chance de corroborarmos nosso discurso inicial e mostrar que o software livre evolui [como vc disse no início e se contradisse no final] e fica cada vez melhor. Vc [e eu] que possivelmente estamos em melhores condições de contribuir com o software livre, também estaremos em condições de auxiliar outros que estejam em estágio inferior de envolvimento a compreender e se decidir quanto a estas mudanças.Permita-me esta franqueza, mas a relevância esperada do seu artigo se esvazia totalmente no momento em que vc apresenta suas dúvidas e incerteza pessoais como um sentimento abrangente, que supostamente permeia a todos os membros da Comunidade. Assim, ao invés de contribuir e esclarecer, mais confundiu e desencorajou aos novos, com os quais vc parece se preocupar. Entendo que uma análise mais isenta e criteriosa das mudanças em questão, comparando aspectos mais objetivos que pessoais poderia, outrossim, auxiliar a quem quer que se interesse pelo assunto a solidificar uma opinião. Até breve, Leonardo

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Enviado por bardo em 14. Abril 2011 - 10:35

De fato, não se trata de um novo ambiente Desktop completo, mas de uma "distro de Desktop", o que ainda pode mudar muito para o usuário.

Minha crítica maior foi ao fato de a Canonical pular fora justamente numa mudança tão delicada, o que pode levar o pessoal a sentir como se "nem eles estão acreditando no GNOME". Como eu disse, a Canonical pode fazer o que quiser, porém, isso não me abriga a achar legal suas atitudes. Eu não gostei desta.

Eles no fim adiaram sua mudança, mas aparentemente vão sustentar o GNOME 2, mesmo o novo ubuntu sendo lançado uns 15 dias depois do lançamento do GNOME 3. Isso me pareceu outra bola fora deles.

Utilizando mais um pouco, o GNOME 3 me parece realmente interessante. Vou terminar apostando minhas fichas é nele (e deixando o Ubuntu de lado).

[]s

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