Salvadores de Stormmer

Special: 

- O sol já vai se pôr. Temos que construir um lugar para passarmos a noite. Diz Dary, um guerreiro sagrado, com seu traje de couro, sua espada embainhada e sua fé.

São dois. Dary e Geovani, o guerreiro sagrado que prefere lutar com um bastão. Eles caminham por uma das florestas de Stormmer, o planeta que já foi humano, mas hoje...

Eles começam a procurar madeira. Unido todo o material de que precisavam, os dois montam um primitivo sistema de segurança. Eles colocam pedras no topo das árvores que rodeiam o local da cabana. Duas pedras na iminência de uma queda. Uma no topo da árvore mais próxima ao sul, outra ao norte. Cada uma delas quase caindo, salvas pela sustentação de um cipó, que tem uma das extremidades na árvore, desce e cobre metade do acampamento. Fica então uma linha a meio metro do solo, de cipó. Um animal que entrasse romperia o cipó e a pedra cairia bem em cima do monte de palha seca que foi esquematicamente colocado embaixo da árvore, onde a pedra supostamente cairia.

Tudo estava normal. Pelo menos assim se pensava. Foram dormir então naquele lugar. Coisa de que se arrependeriam para sempre.

"Dary estava caminhando em um deserto quente, em direção ao sol, mas estava feliz! O sol se tornava cada vez maior, mas Dary continuava a andar. ...e feliz. E andou até que o sol se tornou tão grande que quase parecia tocá-lo. Foi quando finalmente se sentiu atingido pela luz do sol. E foi ao chão. Quando deixado no chão, de costas para o sol, ouviu um urro qualquer. Bruscamente, Dary se volta novamente para o sol. Não era mais um sol. Era um imenso dragão de ar imponente. Dary tentou gritar mas a fatal figura em que se transformava o sol já disparava em sua direção um rápido jato de fogo."

Dary desperta suado, pondo-se imediatamente de pé. Resolve acordar Geovani para contar o acontecido.

- O que foi?

- Eu tive um pesadelo horrível!

- Acordou-me pra falar de um pesadelo?!?

- Eu estava caminhando para o sol, mas estava feliz!

- Droga! Pode me deixar...

- Espere! Aí o sol virou um dragão e cuspiu fogo em mim.

- Tá, posso dormir agora?

Obtendo o silêncio como resposta, Geovani se deita. Dary, sem escolha, também. Eles voltam a dormir.

"Geovani desperta, ainda é noite. Pode ver a cabana e partes do céu escuro. Um dos cordões se rompe e a pedra cai na palha. Ele tenta acordar Dary, mas este dorme como uma pedra. Geovani então se levanta. Não enxerga ninguém lá fora. Caminha em direção às árvores e... Uma parte do chão se abre, sob seus pés, e ele cai..."

"Geovani desperta, ainda é noite. Pode ver a cabana e partes do céu escuro. Ele sente medo. Sente que há algo lá fora. Levanta-se e vai até a porta. Um tigre salta dentre as árvores na direção de sua cabeça."

"Geovani desperta, ainda é noite. Pode ver a cabana e partes do céu escuro. Ele segura seu bastão com firmeza. A pedra cai na folhagem. Ele se levanta, vai até a porta e vê um velho mau-vestido. 'A essa hora da noite?', pensa ele. O velho ergue a cabeça e Geovani pode ver em seus olhos a morte. Instintivamente, Geovani faz seu bastão rasgar o ar até encontrar a cabeça do velho, que voa para uma árvore, bate e cai no chão. Geovani recua o bastão e o deixa vertical do lado direito da própria cabeça, segura com as duas mãos. Ele ouve uma gargalhada da cabeça terrivelmente contundida e decepada. Vê o corpo do velho erguer o braço, apontando para ele. Geovani olha para seu bastão. Não é mais um bastão. É uma serpente e..."

E assim, com o passar da noite, Geovani descobre um novo significado para a palavra pânico.

Dary desperta, já é dia. Pode ver a cabana e partes do céu azul. Deitado do lado oposto do improvisado aposento, seu amigo já tem o corpo totalmente coberto de suor. Dary o sacode e grita seu nome, pedindo que acorde.

"Geovani desperta, ainda é noite. Pode ver a cabana e partes do céu escuro. Ele ouve uma voz grave e inumana dizer 'Eu sou seu pior pesadelo'. O assovio se torna mais alto e ele abandona a cabana. Olha para cima e vê um meteoro se dirigindo exatamente para lá."

Sem resposta, Dary grita cada vez mais alto, até que vê que não está só.

- Quem está aí? - pergunta.

Não ouve resposta, apenas passos saindo da cabana.

Dary se vira e vê uma velha com capa acinzentada.

- O mal está próximo. - É a única coisa que a velha diz antes de desaparecer girando em torno do próprio eixo.

Dary segura firme a bainha de sua espada, prende-a ao cinturão e sai sem direção, em busca do que estaria acontecendo a seu parceiro. Não é tão bom deixá-lo sozinho naquele estado, mas não há tempo para pensar, somente para agir: precisa de ajuda.

Segue em direção ao leste sem encontrar nada. Permanece imóvel por algum tempo, até que vê um tigre terrivelmente próximo. Em coragem ou falta de esperança, Dary desembainha sua espada e olha o tigre. Ambos se encaram por algum tempo. O tigre bruscamente se vira e corre.

- Espere! Miserável, estou precisando de couro pra fazer uma bainha nova! - grita Dary enquanto reembainha sua espada e começa a correr atrás do tigre.

Eles correm por algum tempo, o tigre com, no mínimo, o dobro da velocidade do guerreiro, que tem que se desviar dos galhos e galhos que encontra pela frente.

O tigre corria muito na frente. Quando mal podia ser visto, foi visto saltando alguma coisa. Dary parou. O tigre não podia mais ser visto. Dary prossegue, em passos menores, com mais cuidado. Andou até que as folhas secas que cobriam toda essa parte da floresta cederam. Dary cai oito metros, ainda era muito cedo. Ele se levanta e vê uma parede. Olha para cima e vê um quadraddo, de onde se poderia ver o alto das árvores. "Uma armadilha de tigres!", pensa.

Tenta cravar sua espada na terra, mas a terra é mole e a espada não conseguiria suportar seu peso. Ele toca as outras paredes em busca de outra forma de sair.

Assim, descobre que uma das quatro paredes que imaginavar existir, não estava lá, dando lugar a um corredor, o que notava a custo, dada a escassez de luz.

Dary vê de relance um brilho metálico de uma das paredes do corredor. Anda até lá e toca o objeto: uma tocha. Quando ela é tocada, acendem-se magicamente tochas do início ao fim do corredor. O corredor parece não ter fim.

Já que não há como sair por onde entrou, Dary acha melhor continuar andando pelo corredor. Quem sabe tem alguma coisa no final...

Mas antes de chegar à metade do caminho até o final, ele avista alguém no corredor. Sim, Dary não está sozinho e algo lhe assusta nesse alguém que vê ainda de longe. Parece... Não, ele prefere não pensar nisso.

Prefere não pensar como se, com isso, as coisas deixassem de ser como são. É isso mesmo o que ele vê e não adianta.

- Um espelho!

Dary continua indo em direção ao espelho. Chega bem perto para ver melhor sua imagem, afinal, não sabe o que vai fazer agora.

Ergue lentamente sua mão direita e acena olhando para imagem. Agora aproxima a mão esquerda do espelho e uma mão direita lhe segura a esquerda. A mão é sua, mas não vem dele: é a imagem.

Com ar de zombaria, a imagem segura os braços de Dary, gira com ele e os dois rodopiam velozmente no corredor misterioso.

A princípio tomado de surpresa, finalmente o guerreiro sagrado consegue reunir forças para reagir e, com um chute, solta-se de sua imagem. Os dois são arremessados em direções opostas, caindo de costas no chão.

"O que está acontecendo? Não era pra acontecer!" E Dary entra em pânico. Levanta-se, põe as mãos na cabeça e grita. A realidade choca quando não estamos preparados pra ela. E raramente estamos.

Dary apanha uma pedra e joga em direção da imagem, num giro de corpo, com dor em sua face. Recuperando-se do giro, ergue o rosto e vê a pedra indo em direção à sua imagem, do outro lado, que deixou mesmo de imitá-lo e sorri enquanto a pedra vai em sua direção.

Mas não chega à metade do caminho. Em um barulho típico agudo, pedaços do espelho caem pelo chão do corredor. Atrás dele só rocha, como uma parede. Nem sinal de mais nada.

Dary não sabe o que deve fazer, só o que não deve fazer. E o que ele não deve fazer é permanecer naquele lugar. Cambaleando um pouco ele caminha pelo corredor, de volta. As tochas lhe mostram o caminho claramente e ele segue, segue, segue...

"Já é noite?" Ele se pergunta ao se aproximar do ponto em que as tochas acabam. Não, não era noite. Olhando pra cima, ele pode confirmar isso. Não há passagem, apenas teto. Eis que ele consegue ver o fim do corredor.

E enfim, as paredes e tochas, o tigre e a floresta apenas riem dos pretensos heróis que salvariam Stormmer do Dragão. Riem e se perguntam: "Onde está a fé?"

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