Num reino não tão distante
Com enorme população
Havia um rei poderoso
Mandando no que há sobre o chão
Seu reinado foi construído
Pelo poder que outros lhe dão
E o rei tinha ouro e castelo
Exército: espada e canhão
E tinha ministros e nobres
Coroa e anéis na mão
Mandava em tudo
Era absoluto
O rei era o deus da nação
O poder que ele detinha
Não podia desperdiçar
Pois mesmo cheio de dinheiro
Muito mais queria juntar
E cobrava altos impostos
Sobre o que não tinha sentido
Dizia proteger o povo
E era adorado e temido
Se dissesse que o céu é verde
Ninguém podia dizer que não
Pois era o rei
Sua palavra, a lei
O rei era o deus da nação
Até que um dia ouviu
Falar de um mundo além
Um mundo cheio de riquezas
Que não pertenciam a ninguém
E o rei dessa terra distante
Desejou ter tudo tomado
Toda essa riqueza sem dono
Para engrandecer seu reinado
E assim lançar homens ao mar
Era a única solução
Mandou-os além
Por mal ou por bem
O rei era o deus da nação
Mas aquele rei soberano
Não era o único rei
Em terras vizinhas àquelas
Havia ao menos mais seis
E começou a correria
Navios gigantes ao mar
Para expandir a tirania
E essas novas terras domar
E nas terras já conhecidas
Começou a competição
Com várias nações
Cada uma, um rei
O rei era o deus da nação
Os barcos reais navegavam
Movidos por pura ambição
Tirando da terra o que tinha
Deixando lá escravidão
O ouro e os outros metais
Em exploração que não pára
E dentre a vegetação
As plantas que lhes fossem caras
E assim o rei seguiu seu plano
De enriquecer à exaustão
Às custas dos outros
Sem oposição
O rei era o deus da nação
Do meio dos mares nasceram
Os homens que não tinham pátria
Em barcos hostis e ligeiros
Chamados sempre de piratas
Tais homens e barcos ligeiros
E a Pirataria se fez
Ousados como ninguém mais
Viraram os rivais dos reis
Um pano preto de bandeira
Tão fácil de identificar
À espreita primeiro
E um bote certeiro
Nação de pirata é o mar
Navios pequenos velozes
Furiosa tripulação
Danavam-se no mar hostil
Sem lei, sem coroa ou brasão
O mar nunca guarda seus rastros
A terra não dá proteção
Pra quem só queria ser livre
Tornou-se a única opção
E assim saqueavam navios
Pra poderem se sustentar
Eram qual ladrões
Que roubam ladrões
Nação de pirata é o mar
Zombavam das leis soberanas
De todos tiranos, dos reis
E entre seus próprios parceiros
Criaram suas próprias leis
Com muitos amigos no mundo
Em portos em que confiar
Em outros piratas e índios
Pra um ao outro ajudar
Com uma caveira gravada
No negro pano a flamular
Com sua própria lei
Bandeira e sem rei
Nação de pirata é o mar
É claro que sua existência
Aos reis era algo ruim
Pois lhes saqueavam tesouros
Afundando barcos por fim
Marinhas caçavam piratas
Pra findar sua ação insolente
Quanto mais o tempo passava
A guerra era mais evidente
Reis querendo novos tesouros
Roubados de selvas e matas
Interceptados
Então saqueados
No embate de rei e pirata
Piratas não roubavam reis
Mas só o que estava no mar
Que reis em imensa arrogância
Roubaram de um outro lugar
E o rei em seu trono de ouro
Longe, na maior proteção
Temia o capitão pirata
Que agia com a tripulação
O grande tirano das terras
E o bravo capitão sem lei
Brigando sem dó
Quem leva a melhor?
No embate de pirata e rei
A luta acontece até hoje
Estranho notar que é assim
Piratas e reis guerreando
Em uma batalha sem fim
Chamados piratas de hoje
Não matam, nem roubam no mar
O mar de hoje é a Internet
E o que fazem é compartilhar
Os seus barcos-navegadores
Garantem acesso ligeiro
A toda a cultura
Em meio à loucura
Dos reis, que têm muito dinheiro
Os reis, soberanos das terras
Do mundo concreto, real
Protegendo ouro ilusório
Cercando o imaterial
Tratar cultura como coisas
É o erro dessa geração
Que para manter seus negócios
Sabota toda inovação
Hoje são empresas de mídia
No lugar de antigos governos
Se importa é poder
É bom entender
Reis são os de muito dinheiro
Pessoas são presas no mundo
Pra serem lição, de aviso
Empresas distorcem verdades
Alegando altos prejuízos
E os reis subvertem governos
Com medo dessa nova era
E o povo acha justo copiar
E os interesses levam à guerra
E a guerra se faz novamente
Como era séculos atrás
Por mais proteção
Ou socialização
Piratas e reis digitais
O que os novos reis desejam
É controlar toda cultura
Pois isso lhes dá o dinheiro
Por isso desejam censura
E o que os piratas desejam:
Poder compartilhar sem dano
Afinal acesso à cultura
É também um direito humano
A história não foi concluída
A guerra prossegue ainda mais
Quem vence no fim
Depende de nós
Piratas ou reis digitais?
Anexo | Tamanho |
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Música - Parte 1 (Infinnita) | 1.34 MB |
Piratas e Reis - em PDF | 279.56 KB |
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