BeBook Club e os E-book Readers

Ler no computador é um saco. Esta é a verdade, e o que tem dificultado por anos a popularização de livros digitais. Formatos, já existem vários. Softwares leitores, também. Mas aquela tela brilhante intimida qualquer um. A leitura de texto oriundo de uma fonte luminosa é cansativa e já temos que lidar com isso o tempo todo para e-mails e blogs... Como popularizar livros digitais? Bem, a realidade está mudando, e a causa disso, a meu ver, não são os tablets e iPads (que não passam de "computadores portáteis", com o mesmo LCD dos monitores), mas os Leitores de Livros Digitais e a tecnologia e-Ink.

Então, chegando fim de 2010, resolvi que, como escritor, já era hora de conhecer na prática esses tais leitores de livros digitais. Na ideia mesmo de estar por dentro do que está havendo no mundo nessa área. Fui pesquisar os modelos que havia por aí.

Antes, porém, já havia sondado os formatos de livros digitais da atualidade. O mais interessante parece ser o ePub, um formato aberto baseado em XML, que torna os livros fluidos. Tá, tem o PDF, tem o TXT, tem o HTML... Mas um formato pra e-book mesmo é mais apropriado. Mais flexível que o PDF, adapta-se à tela sem ficar desconfortável de ler (letra pequena demais). Bem, vamos aos candidatos.

Kindle - O mais famoso da atualidade, lançado pela Amazon. A partir de 139 dólares, preço ótimo! E com suporte a internet sem fio. Não se adequava para mim por não suportar o ePub. Ao invés disso, a Amazon prefere investir em um formato privativo, exclusivo dela. Isso pode ser um "e daí?" para a maioria dos usuários, mas não é quando a gente analisa o cenário global, para quem entende da importância de padrões abertos para a sociedade. O Kindle é hoje, em menor proporção, o "AutoCAD dos e-books" ou o "Corel Draw dos e-books", tentando se firmar com seu formato privativo, para ficarmos dependentes dele.

Ao cortar o Kindle por conta do ePub, pode lhe parecer que estou sendo radical, que estou procurando um equipamento alienígena, mas não. A ampla maioria dos modelos no mercado suportam sim ePub. O Kindle é que está na contra-mão e, por ter muita gente indo na dele, é que se sustenta. Os da Sony, por exemplo, suportam ePub.

No momento da pesquisa que fiz, o único modelo disponível no Brasil era o Positivo Alpha. Pareceu-me muito bom, inclusive por trazer o dicionário Aurélio integrado, mas R$ 700,00 reais considerei um valor um tanto alto e fora da realidade para o dispositivo (na prática, o que comprei ficou até um pouco mais caro que isso, depois de Fedex e alfândega). Ah, o Positivo Alpha também suporta ePub.

Dentre os modelos que pesquisei por aí afora terminei finalmente encontrando um que vendia para o Brasil e que não estava tão caro. BeBook. A Endless Ideas - o fabricante - é uma empresa holandesa e tem alguns variantes de leitores de livros digitais: BeBook Club, BeBook Neo, BeBook One e BeBook Mini. Comprei o BeBook Club, que estava a um bom preço e tinha alguns recursos interessantes. Por 179 dólares (e nem tem wi-fi).

Especificações Técnicas

Primeiro, o BeBook Club tem tela de 6 polegadas em tecnologia e-Ink. Essa tecnologia é uma maravilha, pois desenha a tela sem usar luz, de modo que a tela do aparelho realmente se assemelha muito a papel, não cansando a vista. É o que faz toda a diferença. Além de consumir pouquíssima energia: a duração de bateria de um e-book reader é medida em viradas de página! A do BeBook Club dura 12.000.

Suporta os formatos ePub e PDF, além de ler arquivos .doc, .txt, .HTML, .djvu, .chm, .fb2 e mobipocket. Para quem não conhece, Djvu é um formato aberto "concorrente" do PDF, enquanto fb2 e mobipocket são formatos próprios para e-book. O chm é da Microsoft, utilizado para montar ajuda nos programas para Windows. Bem, o BeBook Club suporta todos esses. Não gosto da ideia de proteção de arquivos por DRM (Digital Right Management), mas se você se interessa pro isso, o BeBook Club suporta DRM da Adobe nos formatos ePub e PDF.

Também suporta arquivos de imagem nos formatos JPG,Tiff, Gif, Png e Bmp. Claro, pela tecnologia adotada, a gradação de tonalidades não é perfeita, além de ser monocromático. Mas suporta.

Também reproduz audio em MP3 e Wave, podendo tocar músicas enquanto lemos algum livro. Não possui caixa de som, mas sim saída P2 para fones de ouvido.

Suporta cartão SD, a alimentação é feita via uma porta mini-USB e um cabo que liga na USB (o cabo é desses comuns e o produto vem com um deles de boa qualidade).

Impressões

Agora vamos às minhas impressões sobre o produto. Acho que já deixei claro o quanto gostei da tecnologia e-Ink. Realmente faz toda a diferença. O lado ruim é que não dá pra ler se você estiver em um ambiente escuro, mas isso é o de menos, quando consideramos o conforto visual equiparável ao do papel.

Não dá pra ler no escuro: o e-Ink é tecnologia muito diferente do LCD.

Não apenas papel, mas papel reciclável, já que a tela também não é tão branca assim. É realmente muito confortável.

Não sei a razão, mas o meu BeBook não se deu muito bem com cartão MiniSD dentro daqueles adaptadores para slot SD. O cartão fica desmontando o acesso e remontando, constantemente. Usar um cartão genuinamente SD resolve o problema. Sua capacidade interna é de 512 mega.

É simples o seu uso. A barra de progresso de leitura no rodapé da tela ajuda a gente a se posicionar. Ele é fino e praticamente não esquenta nada (ao contrário do tablet que eu tenho).

O interessante é que só depois notei que a Endless Idea disponibiliza o código-fonte do sistema dos seus leitores digitais (menos do Club, mas não deve ser muito diferente do One e do Neo). É uma implementação baseada em Linux. Mais um ponto a favor do produto.

Problemas

Agora o lado ruim. Como eu disse no começo do artigo, eu comprei para o Natal. O fato de estar escrevendo este artigo apenas agora já dá uma suspeita de que houve problemas, não é? Pois houve.

Primeiro, a entrega é realmente rápida. Menos de quinze dias. Em compensação, eles enviam via Fedex. A taxa é alta e a alfândega é paga antecipadamente por eles, justamente para agilizar. Assim, no fim das contas, contando com a capinha, que comprei também, um BeBook Club de 179 dólares saiu por mais de R$ 700,00. Seria mais negócio talvez ter comprado um Positivo Alpha, economicamente falando, mas o BeBook Club é um bom produto.

Logo que chegou, em pouco tempo, tive um problema com a memória interna de armazenamento. O leitor começava a reiniciar sozinho. Conectando-o no computador via USB e rodando o fsck.vfat, recebi erros de Entrada/Saída. É, flash defeitudoso...

Entrei em contato por e-mail e eles pediram para enviar o produto de volta. Usei a conta Fedex da Endless Ideas para envio, de modo que não houve gastos adicionais de minha parte no envio daqui para lá.

Após contatos por email e tentativas deles, eles não encontraram erro. :-/ Felizmente, mandaram-me um novo e este novo está funcionando bem por enquanto. Só o envio, que teve uma taxa que tive que pagar. Acho que é imposto de importação sobre o frete ou alguma viagem do tipo... Povo explorador! Em compensação, o trajeto de lá até aqui levou menos de uma semana!

Conclusão

Acredito realmente que os leitores de livros digitais vieram para ficar. Vão finalmente trazer para a Indústria Editorial o drama que a Indústria Fonográfia vive. Basta baratear os produtos. Isso é ruim? De modo algum! Sempre se reclama que as pessoas por aqui leem pouco! Espero que esse novo brinquedo termine por estimular a leitura. O e-Ink realmente faz diferença.

Hoje eu compraria um Positivo Alpha, ou mesmo um tal de Gato Sabido (que na verdade é apenas o Cool-ER lançado no Brasil com outro nome). Porém, não me arrependo de ter comprado o BeBook Club. No fim das contas, é questão de escolha mesmo de sua parte. O custo fica quase o mesmo e a entrega é muito ágil, mesmo sendo em outro país. Ah, detalhe! O Gato Sabido tambémePub (até parece que só o Kindle não lê).

Se for comprar um tablet ou um iPad pensando principalmente em livros digitais, recomendo que repense essa decisão. Se for para email e outras funções mais, tudo bem, é a melhor opção.

Em sites chineses que acompanho, ainda não chegou a tecnologia e-Ink, este é o alerta que dou! Tem alguns e-book readers por lá, mas todos usam LCD. Não é a mesma coisa e não sei se vale a pena. Entre um leitor com LCD e um tablet, preferia o segundo.

Enfim, vamos em frente! Cada vez mais compartilhar conhecimento e cultura!

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