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Software Livre: uma Boa e uma Má notícia

A má notícia é que houve uma reviravolta no processo movido pela Oracle contra o Google por conta do Java. Aquele processo que acusava o Google de quebrar o padrão do Java ao fazer o Android com uma variante da linguagem. Não sei detalhes da peleja, mas até onde pude ver, parece que estão apelando para a proteção do Copyright de algo que havia sido licenciado sob licença livre. Google havia ganho, mas um juiz reverteu a favor da Oracle, dizendo que a API devia ter sido respeitada. Isso é péssimo, não apenas para o Android e o Google, mas por criar um precedente perigoso para o mundo do Software Livre.

Bem, a boa notícia é que o FISL terminou (calma! Isso não é a boa notícia em si. É uma pena eu não ter ido esse ano, de novo), mas os vídeos das palestras estão disponíveis na página de Programação do evento! Tudo em Ogg Theora e que você pode baixar. Uma boa forma de baixar é com o JDownloader, que é capaz de rastrear os links nas páginas e encontrar os arquivos de vídeo. JDownloader é feito em Java, só pra não fugir muito do tema inicial...

Ah, sim, tem o grande Anahuac também. Ele continua colhendo ódio de pessoas que não enxergam a armadilha em que caíram. "Eu não mudei, as 4 liberdades não mudaram, o conceito filosófico do Software Livre não mudou. Quem mudou foram “vocês”, usuários de Softwares Proprietários e redes sociais devassas e serviços cloud privativos, que tem a cara de pau de se definirem como ativistas Software Livre!" Confira o restante lá no blog dele.

Foto obitda do Wikimedia com ajuda do pato.

Uma Questão de Nome

O que é GNU?

Tudo começou com projeto de Richard Stallman. Um projeto que visava a criar um Sistema Operacional que fosse totalmente livre, que permitisse a um usuário desenvolver atividades em um computador sem que tivesse que se submeter a licenças nocivas para a sociedade. Licenças que cerceam, que negam o conhecimento e nos dizem que ajudar nosso vizinho não é uma coisa boa. Para isso surgiu o projeto GNU.

Como o habitat natural dos hackers naquele tempo eram sistemas Unix, o projeto de Sistema Operacional totalmente livre o adotou como guia. Então a ideia passou a ser a de recriar o Unix. Mas uma vez recriado, não seria mais Unix, seria “um outro Unix”, que seria livre. Então Stallman resolveu fazer uma piada nerd, que já era feita naquele tempo. Criou um chamado “acrônimo recursivo”, que nada mais é do que uma sigla que se repete dentro da própria definição. Alguém cria um software chamado Sure, outro cria um “INéS Não é Sure”, outro cria um “BUSAM é Um Sure Altamente Melhorado”... Esses dois seriam “acrônimos recursivos”. No nosso caso, o Sistema Operacional se tornou o “GNU Não é Unix”.

Mas não é só essa a brincadeira do nome GNU: há mais curiosidades a seu respeito e razões para a escolha desse nome. Uma delas é a pronúncia em inglês, que se aproxima de “New”. Outras razões se referem ao animal Gnu.

Gnu é um quadrúpede estranho que vive na África. Uma mistura de cavalo com mini-búfalo ou qualquer coisa parecida. Enfim, é um animal esquisito, o que tornou a escolha do nome ainda mais interessante. Como se não bastasse tudo isso, gnús se agrupam em manadas enormes, das maiores do reino animal, o que é bem conveniente para reforçar o conceito de Comunidade, que é tão importante em projetos de Software Livre.

O GNU e o Linux

O Sistema Operacional GNU estava quase pronto, mas a equipe terminou cometendo um erro ao tentar ser vanguardista demais. O kernel que escolheram desenvolver – o Hurd – seria baseado em microkernel. Imagine várias pequenas partes sendo executadas independentemente, trocando mensagens entre si. A ideia é muito boa, mas o problema estava justamente nessas mensagens. A equipe só veio notar quanto era difícil depurar essas mensagens quando já era bem tarde.

Tarde porque apareceu um outro kernel de Sistema Operacional Unix antes que o Hurd ficasse minimamente utilizável: o Linux. Isso terminou sendo muito bom, pois se não fosse o Linux, o GNU provavelmente demoraria ainda uns anos para se tornar utilizável. Mas houve um efeito colateral no fortalecimento do Linux: o nome.

Notem que o Projeto GNU foi idealizado por Richard Stallman, mas contou com uma equipe, tornando-se um projeto fundamental da Free Software Foundation (fundação também criada por Stallman). O nome GNU se refere ao projeto e toda a equipe que nele trabalhou, resultando em um Sistema Operacional quase completo. Então nos chega um kernel como quem não quer nada e assume todos os méritos. E o que era o Sistema Operacional GNU rodando em kernel Linux passa a ser chamado simplesmente de Linux.

Parece uma disputa de ego, não é? Mas a situação não é tão simples. O Projeto GNU está inteiramente fundamentado nas bases do Movimento Social do Software Livre, na visão de que o software ético é o software livre e que software privativo não é uma boa para ninguém, exceto financeiramente para seus próprios criadores. Do outro lado, o projeto Linux remete à imagem de seu criador e líder: Linus Torvalds. E o que Linus Torvalds pensa sobre tudo isso? Bem, para Linus, o importante é se divertir.

Resumindo a ópera: um usuário utiliza o sistema e se admira com ele. Então procura saber mais sobre ele. Dizem que o sistema que ele está utilizando é “o Linux”, então ele busca sobre Software Livre e Linux. O que descobre? Nada sobre as causas sociais, e toda a luta da Free Software Foundation termina comprometida por conta de uma palavra...

A “Licença GNU”

Além do Sistema Operacional, o Projeto GNU terminou criando muitas outras coisas. Desde o GNOME até... licenças de uso. Já vi recentemente um site que falava da GPL como “Licença Pública GNU”. Gente, não! Não existe uma “Licença GNU”! Não podemos nos referir desta forma. Simplesmente porque o projeto GNU oferece várias licenças. O “G” da GPL é de “General” e o GNU você coloca antes, sem abreviar: GNU GPL. Além desta ainda temos a GNU LGPL, a GNU FDL, dentre algumas outras. GNU General Public License quer dizer: Licença Pública Geral do projeto GNU, daí a necessidade de sermos específicos.

Conclusão

GNU é mais que um projeto, é um estado de espírito. Pense bem quando chamar o sistema somente de Linux, tenha cuidado para não estar deixando de lado tudo o que motivou essa importante luta. Falam que GNU/Linux é longo e que Linux é uma forma de resumir, mas não se pode deixar o principal fora do resumo...

P.S.: Foto Gnus in Ngorongoro, de appenz.

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