Torrente

Que dia! Jamais imaginei que seria possível conhecer alguém de outro tempo e lutar contra humanos abençoados. Um renomado mago, cujo nome ecoava em todo um continente fugindo de soldados que não esperava conhecer nem nos mais irreais sonhos. Não te preocupes, passar-lhe-ei minha história do início.


Sou Ecnover, um mago de Isolia, terras mercantis do reino de Jattu. Sempre tive uma vida agitada, embora desde pequeno tenha mostrado interesse por estudos. Ingressei ainda jovem no mundo da magia. Tive a sorte de poder aprendê-la ao lado do falecido Morl, um dos maiores nomes em magia registrados na história de minha terra natal. Formei-me especialmente em magias relacionadas a combates. Magias rápidas e mortais.

Na verdade, não tanto. Por isso, após alguns meses de aventuras, vi-me obrigado a aprender mais sobre a magia. Retornei ao grande mago Morl. Aperfeiçoei meu conhecimento sobre a água, o elemento da vida. Magias de água não se mostram tão restritas quanto se imagina. Na verdade, são bem versáteis. Matar a sede, afogar o inimigo e respirar no oceano são alguns exemplos singelos de seu potencial.

Convicto de ter atingido um ponto satisfatório de meu conhecimento, parti. Não tive problemas em encontrar um grupo de aventureiros que me aceitasse. Nem precisei procurar muito. Deves imaginar como é a procura por alguém capaz. Alguém formado pelo maior mago do planeta logo encontra seu lugar. Não querendo negar meu potencial, claro.

O grupo do qual fiz parte tinha um guerreiro bem forte. Mas parecia que os deuses, se é que realmente existem, haviam lhe dado força tão alta para compensar sua carência intelectual. Para não por em risco a imagem de sua profissão, havia um outro guerreiro. Não tão forte, mas ainda assim, forte. Ele sabia planejar estratégias que muitas vezes chegavam a impressionar. E havia também dois outros. Um deles, um desonrado e aspirante a piadista, gabava-se sempre de ser capaz de agir com cautela e agilidade. Pobre coitado... Até que tinha agilidade, mas não sabia manter isso em segredo. O último era também um mago, mas não tinha especialização alguma. Sabia um pouco de tudo e, na verdade, muito pouco. Resumindo, era um grupo normal de aventureiros, exceto por minha ilustre presença.

Não, não é egocentrismo. Muitas vezes cheguei a salvar muitos do grupo, praticamente todos, muitas vezes. Infelizmente não pude salvar o ágil tagarela, que recebeu pena de morte ao ser acusado de ladrão. Por essa época meu ex-mentor havia morrido de velhice. Lembro-me de que um dia antes da acusação de meu ágil parceiro, havia partido para perto de meu sábio mestre. Ele estava de cama na época, mas infelizmente morreu antes de minha chegada. Voltei frustrado e deprimido ao meu grupo apenas para receber a notícia da morte do incauto ladino.

Essas águas passaram e logo estávamos em outras aventuras. Lembro-me apenas da última. Um grande mago governava pela força uma pequena cidade, torturando e explorando seus habitantes. Fomos convocados para ajudar a sofrida população. Claro que, com um nome a zelar, cada um de nós aceitou o desafio e partimos. A batalha foi dura. O mago era mesmo soberbo. Em um momento em que tinha minhas forças perto do fim, nosso incrível inimigo nos envolveu em fogo. Criei, quase que instintivamente, água em minha volta. Todos os meus aliados morreram e só restamos nós dois. O conflito continuou. O fogo de seu poder mágico estava perto da vitória. Já quase sem forças, concentrei um último golpe com água, pois seria demais cansativo tentar uma outra magia. Encharcado, meu adversário caia ao chão quando as nossas magias se esvaiam. As minhas pelo cansaço; as dele pela perda da concentração. Aproximei-me dele e, em um último esforço, criei uma espada mística, que o atacou imediatamente.

Porém, alguém tão poderoso não seria derrotado tão facilmente. Uma magia equivalente aparou a espada e o salvou do devastador golpe. Com aparente cansaço, ele sussurrou:

- És um grande lutador, amigo. Mas não será hoje o dia em que perecerei.

Aproveitando-se de minha surpresa e esgotamento total, tocou-me com um brilho negro na mão esquerda. Só pude me ver envolvido em uma pele cósmica, quando aquela escuridão tomou meu ser.

Só depois de algum tempo abri os olhos. Com os músculos ainda exaustos, ergui-me. Ver seu sonho, o maior deles, realizado. Ver-se dentro do próprio sonho. Nada se compara à surpresa que tive e às sensações que me tomaram nesse momento. Já conhecia, por palavras, todos os planos de existência. Pelo menos assim pensava. Aquilo que vi era fantástico, irreal, indescritível. Estava no topo de uma torre paralelepípeda, com infinitas outras em todas as direções. Comecei a andar em passos lentos. Não podia acreditar no que tinha diante de meus olhos, podia? Aquele mago era realmente um gênio. Com certeza havia me enviado para uma outra dimensão. Planos de existência são fragmentos de uma mesma dimensão. Aonde ele havia me enviado? De cima de um daqueles prismas, vi algo ainda mais inacreditável. Eu estava nas nuvens. E abaixo de mim, seres em manada expressavam ansiedade em seus corpos sólidos, densos. Mais tarde descobri que se tratava de simples transportes, mas não sabia disso àquela hora. Havia também a altura. O que faria para descer? Havia apenas uma chaminé...

- Parado!

O grito vinha da suposta chaminé. Na verdade, era uma passagem para baixo. O que havia acontecido com os alçapões? Ao me virar, mais uma surpresa. Uma equipe de três homens. Como me lembra os velhos tempos... Resolvi atacar com água.

- Cuidado! - Gritou um deles ao me ver preparar a magia, enquanto mergulhava no chão.

A magia funcionou bem e os dois outros foram impulsionados para trás, batendo suas cabeças em um dos muros que protegia a passagem. O terceiro se molhou um pouco. O que estaria acontecendo? Parecia que ele tinha adivinhado.

Enquanto o lutador restante sacava um instrumento estranho, fiz uma rápida magia de combate, ferindo-o com milhares de flechas. Eliminados todos os inimigos, aproximei-me de seus corpos inertes. Algo me chamava a atenção. Não só seus trajes estranhos. Os artefatos que traziam consigo. Tomei um e observei. Era realmente estranho. Tinha um fino e curto cilindro, um cabo, se assim posso chamar, forma um "L" com o cilindro. Tinha também uma espécie de alavanca. Era isso! Ativada a alavanca, alguma coisa aconteceria, relacionado ao cilindro. Apontei para um dos cadáveres e puxei a alavanca.


Ah! Voar! Como é bom sentir o vento bater em meu rosto, pena que já esteja na hora...

Desci para o prédio onde estavam me esperando os outros três integrantes do grupo. Sabe como é... Ser a única com poderes telecinéticos faz de você uma pessoa indispensável. Certamente eles querem se meter em mais alguma confusão. E quem tem que dar cobertura?

Bom, nos reunimos, nos arrumamos e partimos. Era mais uma guerra entre gangues. E lá fomos nós lutar de novo por território. Nada tão importante, esperava.

A coisa mudou de figura quando chegamos ao lugar. Cinco homens de óculos escuros esperavam dentro de um beco, enfileirados. Pareciam nem terem notado a nossa presença. Quando meus três aliados sacaram suas armas, foi que complicou tudo. Uma parede de vidro, provavelmente blindado, que até agora não havia sido notada, se ergue. Foi quando percebi em que situação havia me metido. Um bando de outros telecinéticos. Eles conheciam o terreno. Com o vidro blindado, eram intocáveis. Ouve-se um "clickt". Ijeon, sempre precavido, trouxe uma pistola laser. Os outros têm automáticas. Ijeon dispara e acerta o ombro de um deles. Laser é luz. Luz ultrapassa vidros, mesmo blindados. Billend grita a todos seu plano após um disparo, que deixa um círculo de estilhaço, sem atravessá-lo.

- Concentrar poder de impacto nesse ponto!

Não posso usar meu poder em um ponto de um corpo maior. É do tipo "ou tudo ou nada". Procuro então uma pedra ou algo que possa arremessar. Um disparo de laser mata definitivamente o alvo ferido. Em seguida a pistola laser voa das mãos de Ijeon. Uso meu poder para tentar devolvê-la ao dono e por pouco não a percebo tentando apontar para mim. Eles são mesmo experientes. Sem problemas. A arremesso contra a parede, aproveitando o caso.
Mas por quê os miseráveis não se mexem, não reagem? Se todos são telecinéticos por quê ainda não nos atacaram? De repente percebo uma sombra grande sobre nós, olho para cima e...


Bang.

O corpo do defunto estremece após a ativação do mecanismo. Um buraco pequeno surge no local para onde apontei e começa a sangrar. Pelo impulso que o item me deu, para trás, certamente alguma coisa foi disparada. Espere, também caiu algo!

Abaixo-me e tomo a cápsula vazia da bala desperdiçada. Isso é simplesmente fantástico. Aproveito as escadas que usaram para chegar aqui, e desço. Chego ao fim do prédio e encontro uma rua, bastante diferente das que já vi. Uma rua negra, irradiando mal e morte. Havia dois daqueles espécimes que vi de cima, próximos a mim. Logo vi que se tratava de transportes para humanos, pois havia acentos internos. Mas que tipo de transporte seria? Não um vivo, com certeza. Talvez mágico...

Meus olhos vêem um deles voando por cima de quatro pessoas, bem na minha frente, no meio da rua. Sem dúvida é obra de magia. Do outro lado, quatro homens ameaçadoramente imóveis observam. O que irá acontecer? De repente, sinto a iminência de despencamento do objeto, quando o grupo olha para cima, expressando surpresa. Faço uma magia aquática e jogo contra os quatro. Infelizmente não parece ter chegado em tempo. A água preenche toda a imunda rua, enquanto os quatro homens de preto se olham. Eles se voltam para mim, parado atrás dos objetos, viram-se e partem.
Corri tentando contornar os transportes. Chego até o que caiu, passo por um braço inerte, de cujo corpo permanece sob o artefato cadente. Espere. Ouço sinais de vida. Há alguém a salvo. É uma jovem, muito bela por sinal. Parece estar inconsciente. Aproximo-me dela e a toco. Está viva. Arrasto-a e a encosto na parede. Volto ao local das mortes. Não há ninguém vivo além dela. Sento-me então no chão, a três metros dela. E que fazer, senão esperar?


"O que aconteceu? Minha cabeça dói... O quê!?! O que é isso na minha frente? Estou delirando. Melhor dormir um pouco mais..."


Ela mexeu a cabeça, abriu os olhos um pouco e voltou ao seu estado inconsciente. Ela deve estar exausta... Não se parece nem um pouco com as mulheres de minha dimensão. Parece ser uma lutadora, mas, por mais que tente, não consigo determinar o tipo. Seus trajes são inacreditáveis. Embora pareça uma garota bem-tratada, suas roupas são um absurdo. Tidas provavelmente a partir de material raro - tenho dúvidas se valioso aqui, mas em minha terra com certeza seria -, sua estrutura é sofrível. Feito por alguém sem, sem...

Ela está acordando, de novo. Abrindo os olhos lentamen...

Fui então interrompido em meus pensamentos por barulhos de dardos acelerados. Olho para cima. Eu preparava alguma magia quando ouvi passos indo da parede à criatura caída. Ela se acordou. E o pior é que a chuva de projéteis não pára de descer. Por falar em chuva...


Tiros? Corri para perto do carro, onde havia uma pistola largada no chão. Ainda sinto pelos meus companheiros, mas tenho uma outra prioridade no momento. Aponto a arma para os céus e me surpreendo. Sabe aqueles mergulhadores pré-históricos? Com um globo de vidro enorme em suas cabeças? Se você conhece isso, certamente entenderá o que vi. Cada cara da Força Russa tinha um daqueles, mas de água, por dentro e por fora. E algumas gotas iam para cada globo, vindas de todas as direções, como se estivessem sendo atraídas pelos globos. Os soldados tentavam se livras da água a todo custo, com as mãos, telecinese... Era como um pequeno oceano: a cada pancada, a água se movia um pouco, podia até se afastar, mas sempre voltava e restaurava o globo. Logo eles caíram no chão. Longe de mim, claro.

Ao me indagar sobre o que tinha acontecido, foi que percebi que havia mais alguém. Um homem de costas na minha frente. Vestia roupas estranhas, muito antigas. Por um momento pensei em atirar nele, como reflexo ao que acabara de ver. Logo me contive. Eu deveria estar inconsciente. Se foi ele quem fez aquilo com os caras da FR, ele não estava contra mim. Foi quando ele virou um pouco o rosto e perguntou:

- Você está bem?

- S-s-sim. Estou, obrigada.

- Por nada.

Ele se vira e tenta ir embora. Eu o interrompo.

- Espere! Quem é você? Ele pára por um instante, aparentemente surpreso com a pergunta. Após alguns segundos, finalmente responde:

- Ecnover.

- Você não é daqui, é?

- Não.

- De onde é?

- De um lugar muito distante. Você não entenderia...

- Certo.

Eu me volto para o automóvel caído. Está tudo...

- Sinto por seus companheiros... - diz o estranho, voltando. - Sei muito bem como é triste perder todos os amigos em uma batalha.

Ele se abaixa ao meu lado. Eu o olho. Ele está vendo o automóvel com um olhar tão distante que dá a impressão de estar navegando em pensamentos. Sim, deve estar se lembrando de seus amigos que morreram em batalha. Se ele disse que entende...

- Bom. Devo ir. - Diz ele, repentinamente se levantando.

- Espere. Pra onde vai?

- Ainda não sei?

- Você podia ficar em meu apartamento por uns dias...

Ele pára um pouco e responde.

- Não, obrigado. Não quero importunar uma senhorita...

- É o mínimo que posso fazer por ter salvo minha vida.

- Está bem, aceito. Mas adianto que será mesmo só por um tempo.

- Vamos, então.

Eu o acompanho até o apartamento. Hum... "Senhorita", heim? Interessante, ninguém nunca me chamou assim antes... E que sujeito estranho. De qualquer forma pode vir a ser um bom aliado por esse tempo que ele passar lá.


Apartamento? Creio que seja um lugar para morar. Ela me ofereceu um lugar em seu apartamento. Não pude recusar. Primeiro porque não tenho mesmo um lugar aonde ir. Segundo porque ela é a única pessoa que eu conheço desta dimensão. Conhecer alguém de um lugar totalmente estranho ajuda a melhorar suas chances de sobrevivência.

Após alguns minutos de caminhada, chegamos a uma daquelas magníficas construções das quais a cidade está repleta. Entramos em um quartinho, que ela chamou elevador. Após uma sensação de deslocamento vertical, as portas se abrem. Saímos em um corredor, que percorremos até alcançar uma porta, que traz símbolos em uma laca. Certamente símbolos classificatórios. Nunca os vira antes, embora conhecesse línguas de todos os lugares de meu mundo, de minha dimensão.

Nós entramos e ela me apresenta meu quarto. Depois me chama para a sala, onde nos sentamos em uns móveis. Tudo o que vira até agora tinha me surpreendido.

Ela começa a me fazer perguntas. A começar pelo básico: de onde exatamente vinha. Logo vi que não podia enganá-la. Não conhecia o nome de nenhum lugar daqui. Em um mundo de nível intelectual visivelmente tão avançado, tentar lhe mentir seria um absurdo. Então lhe contei a mais pura verdade. Pensei que não chegasse a acreditar em minhas palavras, mas ela acabou por se mostrar interessada no assunto.

Com tom de voz notadamente desconfiado, perguntou-me:

- Como você fez aquilo?

- O quê?

- Com a Força Russa!

- E o que viria a ser essa força?

- Aqueles homens que chegaram voando.

- Ah, eles... Bem, foi o que disse, senhorita.

- Por favor, me chame de Pâmela.

- Certo. Bem, senhorita Pâmela, como já lhe disse, era um mago em meu mundo. Fiz "aquilo" com uso de forças místicas. Creio que vocês também as usem por aqui. Afinal, "eles" vieram voando...

- Na verdade, o que temos é manifestações psíquicas especiais. No caso da Força Russa e do meu, é no controle da matéria pela mente. Através disso, nós podemos erguer objetos e...

- Cuidado! - Uma pedra estilhaçava a janela e seguia na direção de Pâmela. Como que guiado por uma reação instintiva, saltei em sua direção e a encontrei. Impulsionando-a para trás, virei o sofá em que ela estava. A pedra passou perto de minhas pernas e foi de encontro ao vaso que estava no centro de uma mesa de madeira, circular.

Levanto-me apressadamente e vou em direção ao projétil, já inerte.


"Puxa! Essa foi por pouco. Ainda bem que o estranho, Ecnover, me salvou a tempo." Ergui-me. Já estava ele segurando a pedra.

- Aqui tem algo escrito.

- Me dê aqui. "Sabemos que você está viva. Mas não estará por muito tempo".

Soltei a pedra e fui ao meu quarto. Peguei uma pistola automática e voltei para a sala.

- Aonde vai?

- Tenho uns assuntos a resolver.

- Com aqueles homens de preto?

- É.

- Eu vou com você.

- Olha, não queria que se arriscasse por mim.

- O que é isso? Tenho um lugar temporário graças a você.

- Salvar minha vida não foi suficiente para pagar a dívida?

- Salvarei tantas vezes quantas forem necessárias.

- Tudo bem, você venceu. Vamos.

Descemos o prédio e vamos à rua de antes. Lá estavam os quatro atrás daquele maldito vidro. Eles sacam suas pistolas laser e começam a atirar. Ecnover põe o braço esquerdo na minha frente. Um escudo metálico transparente bloqueia os lasers. Impossível por ser transparente, mas eu vi.

Eles parecem surpresos. Ecnover tira o braço da minha frente quando o escudo desaparece, e começa a fazer uns poucos gestos. Os inimigos tentam atirar. Eu uso minha telecinese para fazê-los perderem a mira. Bastam dois disparos para que Ecnover fizesse o que queria. Água surge do nada. Não simplesmente água, mas um rio inteiro. Uma imensa quantidade de água atinge o vidro blindado. Tanta água consegue quebrá-lo, sem atingir os quatro, infelizmente, pois todo o impulso foi perdido no vidro. Mas isso permitiu que eu acertasse. Disparei um tiro em um deles. Ele cai ferido. Todos param de atirar. Estão pensando em algo. Certamente algo grave.

- Ecnover!

Ele é retirado do chão e arremessado contra um prédio. Nada pude fazer. Mas foi esse, por incrível que pareça, o momento maior do combate. Ecnover chegou no prédio de pé e, como que cai na horizontal, amorteceu a queda na parede do prédio. Fez então alguns gestos e... caiu! Caiu convertido em água, com duas lâminas místicas nas mãos. Derrotou outros dois em um ataque fulminante. Mas como ele sabia que telecinese só funcionava com sólidos? Isso não importa no momento. O importante é que ele vive e que a batalha está quase vencida - atiro no outro.

Vou em direção a Ecnover, que atinge o recém-baleado inimigo, livrando-o desse sofrimento.

- Você está bem?

- Claro. Obrigado. Estou apenas um pouco exausto.

Sua aparência era mesmo a de uma pessoa cansada.

- Obrigada. Não teria conseguido sem você.

Disparos rasgam o céu. Maldita Força Russa. Sempre em todo lugar ao mesmo tempo. Malditos clones.

Ecnover recria o escudo que bloqueia todos os projéteis.

- Estou fraco. Não resistirei por muito tempo.

Eu saco novamente minha arma, enquanto ele saca a dele com a mão direita. Dois tiros falhos. A maioria dos disparos deles acertam, ou melhor, acertariam não fosse o escudo.

- É melhor irmos. - pego em sua mão. Por um momento ela some e a minha passa através dela. - Você fez isso?

- Não. Temo que a magia que me trouxe seja de efeito temporário. Mas vamos embora.

Nós seguimos e tomamos um beco. Sem a ajuda de minha telecinese na corrida, eles já teriam nos alcançado. Algumas pessoas sacam armas à nossa frente.

- Foram vocês que mataram os "grandes caras", não é?

Começam a atirar. Vai ser impossível escapar dessa. Uma bala vai acertar Ecnover, quando seguro seu braço, instintivamente, mas sem de nada adiantar. Ele some no exato momento em que a bala passaria por ele, ressurgindo em seguida. Tudo está cada vez pior.


Corremos pelo beco até encontrar um lugar temporariamente seguro. Ela me parou.

- Já que vamos morrer aqui mesmo... - Beijou-me.

Foi nessa hora que vi minha terra. Pela terceira vez, mas agora, em definitivo.

- Já esperava por ti. Demoraste, não?

Era ele. O maldito mago que me enviara à outra dimensão. Deveria estar, ao contrário de mim, revigorado.

Ele me ataca com uma rajada de fogo. Bloqueio com meu escudo, ganhando tempo para criar água. O escudo rompe quando a água surge. Direciono uma rajada contra meu inimigo. Ele é mais forte no momento. Pâmela, Pâmela... Nunca mais a verei. O fogo está quase me alcançando. Jogo-me para a esquerda para escapar em tempo. Espere! Ne minha frente, jogada no chão, está uma pistola. Será que... Saco a arma e aponto para meu adversário.

- Ora, meu amigo, trouxe algo?

Ele faz um escudo quando eu disparo. Mesmo assim sangra seu ombro, mas como?

- Maldição!

Ele se vira e posso ver alguém atrás dele. Será... Ele vai lançar uma magia contra... Tenho que agir. Pela primeira vez uso todo o meu potencial em um só ataque. Ataque com ondas, tornar-se água, lâminas místicas, fluxo. Em um segundo o acerto como um rio repleto de piranhas. Em seguida tudo fica escuro.


Eu vi a água se juntando, depois de ferir mortalmente aquele mago, e tornando-se um homem. Era Ecnover e estava ferido. Ferido e inconsciente. Gritei por socorro aos quatro horizontes. Finalmente veio alguém em seu auxílio. Cuidou bem dele e me ofereceu refeições. Até o outro dia, não saí de perto de Ecnover. Finalmente despertou. Minha felicidade não teve tamanho. Logo nos casamos e arranjamos uma casa para morar.

Talvez nunca mais consiga ver minha terra natal. Isso é um saco às vezes, sabia? Sem tanta facilidade... Mas aí eu me lembro da barra que é viver lá no meu mundo e me conformo com esse mesmo.

Hoje vivemos uma vida normal, sem aventuras.

...Nos curtos momentos em que não aparece alguém para nos desafiar.

Avalie: 
No votes yet

Comentar


Warning: PHP Startup: Unable to load dynamic library '/opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/pdo.so' - /opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/pdo.so: cannot open shared object file: No such file or directory in Unknown on line 0

Warning: PHP Startup: Unable to load dynamic library '/opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/pdo_mysql.so' - /opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/pdo_mysql.so: cannot open shared object file: No such file or directory in Unknown on line 0

Warning: PHP Startup: Unable to load dynamic library '/opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/php_pdo_odbc.dll' - /opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/php_pdo_odbc.dll: cannot open shared object file: No such file or directory in Unknown on line 0