Mais um nascer do Sol e, mais uma vez, não sei o que fazer. Poucos sabem. Os que dizem saber mentem, e os que sabem são considerados loucos pela maioria. Mais uma vez na vida, depois de tantas que já perdi a conta, pergunto-me: "O que devo fazer?"
Pensa alguém no alto de um dos inúmeros prédios disformes desse planeta doentio, o qual eles chamam "Folions", palavra que, em um antigo idioma deles, o dito mais antigo, significa "terra". Assombrosa coincidência. Assim como nós o fizemos, eles o nomearam de acordo com a divisão feita pelas civilizações antigas. Divisão em céu e terra (e talvez também inferno). Hoje cada habitante de Folions possui um herói e um vilão dentro de si, e enquanto um não sair vitorioso, o habitante viverá um caótico conflito interno. E hoje, no seu primeiro e prioritário sentido, Iklenón, que em uma língua antiga significaria algo como "Brilho Estelar", não encontra uma luz para os seus problemas no sol vermelho que nasce no horizonte.
"Hora de agir". Pensa Iklenón, ao ver um grupo assaltando uma loja. Enquanto desce, ele pensa: "Já sei o que fazer agora ...acho que sei. A justiça é importante. Devo impedir que eles se saiam bem e..." Já chegou e saiu do prédio. Espantou-se ao ver que haviam já seis chegando para lutar contra os quatro que assaltavam a loja. Em um outro lugar, em um outro mundo, isso seria animador, mas sua reação é completamente contrária à que qualquer um (terrestre) esperaria, assistindo à cena.
- Seis contra quatro é covardia!
Iklenón tem que lutar pelos quatro. Tem que defendê-los. Iklenón corre para perto deles, quando um dos quatro tem um "acesso de justiça".
- "Vocês" estão errados e vão pagar por isso.
Agora são seis contra quatro. Mais um sai do grupo. Sete contra três. Tudo isso ocorre durante uma batalha. Três dos "heróis" tornam-se vilões: seis contra quatro. Os dois primeiros, segurando o produto do roubo são atacados. Iklenón vai ajudá-los.
- Não. o dinheiro é nosso. Não o dividiremos com ninguém. - diz um deles, o empurrando.
Iklenón se torna herói novamente. E assim a luta segue. Mais pessoas aparecem com suas causas inconstantes e paradoxais. Iklenón muda de lado por inúmeras vezes. Vilões se tornam heróis, heróis se tornam vilões, como uma moeda girando: cara, coroa, cara, coroa, cara... E a grande batalha segue. Por um longo tempo, até o meio-dia, quando a luz abençoada do Sol cai sobre a cabeça de cada um. Eles param e, aos poucos, vão saindo, voltando às suas casas, um acesso de sanidade, como se, de repente, eles se tornassem pessoas normais. Um momento de tranqüilidade para um planeta cansado de tanta loucura. Um momento de tranqüilidade que durará até as duas horas, quando em muitas partes dessa imensa cidade, a história se repetirá. E eles só descansarão à noite.
Mas não há descanso para Folions, o sofrido planeta, pois há os que só agem à noite, e à noite não há o sol do meio-dia para brecar seus combates sem fim...
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