Vesespero

Kripto

Uma explosão no galpão abandonado. É noite, muito tarde da noite. A cidade dorme ao longe e, após a curva da praia, nem se imagina a importância do confronto que perdura.

"Uma emboscada..." É um homem escondido atrás do muro. Suas roupas não são muito comuns: um uniforme preto e cinza, com uma cruz ornamental desenhada em seu peito. Seu nome verdadeiro é desconhecido do grande público, perante o qual atende pelo nome de Kripto. A dor e o temor do que pode acontecer esta noite o faz esquecer, por um tempo, que é um super-herói.

"Maldito Sargento Ogro!" Ele olha ao redor procurando uma saída. Uma gargalhada ecoa pela noite.

- Hahahaha! Finalmente peguei vocês de jeito! O que achou da surpresinha, hã? - É o tal Sargento Ogro, grande vilão estrategista. Com sua roupa militar em tons de bege e um lança-granadas descansando no ombro, o vilão patrulha o terreno. - Kripto? Eu sei que está aí, querido! Apareça! Precisamos conversar. Eu prometo que será breve!

"Como será que está o Torpedo? Droga!" Kripto se abaixa um pouco, descansando a cabeça entre as mãos.

Torpedo Amarelo é seu parceiro de patrulhas em Jekinzo, sua cidade natal.

Hoje os dois caçavam Diabo Sujo, um perigoso vilão de corpo horrendo e garras cheias de metal e veneno. Um vilão perigoso que vem matando estudantes da Universidade local, mas que era um só; eles, dois. O objetivo: encontrá-lo, neutralizá-lo e entregá-lo às autoridades.

Não que Kripto desejasse isso. Ele preferia simplesmente matá-lo, mas Torpedo Amarelo não aceitaria outro desfecho para o embate. Independente da vontade dos dois, outro desfecho se fez.

"Quem diria... O Sargento trabalhando junto com o Diabo Sujo! Seus objetivos nunca tiveram nada em comum! O que está havendo, droga?"

Um lamento vem do prédio vizinho.

"É Torpedo!"

- Ora, ora! Sabia que o Torpedo tinha sido atingido! Eu vi bem quando o acertei! Agora vamos terminar o que começamos.

"Tenho que fazer alguma coisa."

Kripto voa por cima do prédio onde estava para interceptar o Sargento Ogro.

- Ora, ora! Olha quem apareceu!

Posicionando a arma, ele dispara uma granada na direção de Kripto, que mergulha de onde estava, não apenas desviando do projétil como conseguindo, num razante, atingir o vilão em cheio e arremessá-lo para longe.

"Onde está o..." Ele diria Diabo Sujo, mas não tem tempo para concluir a frase. Algo sai do chão e se engalfinha com ele próprio.

Tudo é muito rápido e ele perde o controle do voo, caindo no galpão ao lado. Não, não é o Diabo Sujo: é mais um. Este, um antigo conhecido de Kripto: Verme de Aço.

Nenhuma palavra é trocada. Os dois se golpeiam. Kripto soca e tenta imobilizar seu arqui-inimigo, enquando ele o golpeia e eventualmente o fere.

Buscando forças nunca encontradas em outro momento, num golpe de sorte Kripto consegue nocautear Diabo Sujo. Só então sente uma dor estranha. Nunca antes deixara ser atingido por esse inimigo, capaz de cavar o chão. Olha e, para seu terror, constata que é mesmo o que pensava: perdeu o pé direito!

Um barulho à porta já denuncia que alguém o procura.

"Não ouço o Sargento Ogro, também não sei o que aconteceu com o Diabo Sujo. Não deve ser nenhum dos dois aí fora: este não é o modo de eles agirem. Depois daquela granada que o Sargento atirou em mim, não ouvi qualquer outra explosão. Talvez ele esteja caído. Tenho que ser forte nisso e bolar um plano."

Um pesada mesa velha de escritório voa contra a porta, arremessada por Kripto, enquanto ele salta a janela, entrando no outro galpão, de onde vinham os gemidos.

- Torpedo?

Ali está ele, caído sobre umas caixas velhas. Seu uniforme amarelo e preto, com o capacete em formato de projétil. Está inconsciente. Apesar de o uniforme estar bastante rasgado e o capacete estar amassado, ainda respira, o que por ora já é o bastante.

- Vamos, amigo. Temos que dar um jeito de sumir daqui.

Ele joga o corpo do Tornado por sobre os próprios ombros e ouve barulhos lá fora. Vozes.

- Ele foi por ali!

- Vamos!

- O chefe disse que temos que cercá-lo.

Ele olha para o lado e dá um sorriso discreto. Diabo Sujo está ali, caído também. A luta com ele também deve ter sido difícil.

A perna está amarrada para estancar o sangue pelo pé amputado. A dor é enorme, mas ele tem que continuar. Se ele não fizer isso, quem fará? Suas forças não o deixam voar mais, por enquanto, mas ainda pode fazer um pequeno truque.

Carregando seu amigo, ele estoura os portões desse galpão e sai. Alguns homens se levantam em meio à fumaça. Homens normais, meros capangas do Sargento Ogro.

Com sua expressão mais severa, transbordando de ódio, Kripto grita:

- Corram ou morrem!

Os capangas o olham, sem saber ainda como reagir. Kripto caminha a passos firmes e eles sentem que não está brincando. Eles afastam, mas alguns param, denunciando mais alguém no lugar. Alguém diferente deles próprios.

- Bando de covardes! Deixem que eu cuido dele!

"Essa voz..."

- Gladiador!?

É certeiro o chute de Kripto. A voz é mesmo daquele brutamontes.

- Hahahaha! Se não é Kripto... Bem que o Sargento falou.

- O que diabo vocês...

- É da sua conta? - Ele então para, enquanto escolhe sua arma. - Somos um clã agora. Vesespero e vocês nunca mais vão nos atrapalhar.

Gladiador. Um sujeito que sangra se levar balas e cortes, mas que dez segundos depois já está pronto para outra. Com sua máscara branca e seus brinquedos - chicote, tridente e rede -, lá vem ele.

"Quase funcionou. Posso usar o voo para fingir que ainda tenho os dois pés ao caminhar, mas não posso enfrentar o Gladiador. Não agora. Não nessas condições. Tenho que tentar..."

Kripto lentamente se eleva. Quando o Gladiador chega na entrada do galpão, Kripto e Torpedo já estão a alguns metros de altura.

- Desça aqui, covarde, e dou cabo de você!

"Ainda bem que nem todos podem voar."

A vista escurecida, falhando como uma lâmpada incandescente em quedas de tensão, ele voa, tentando ir à cidade e para o alto, tanto quando possível.

- O que houve? - Torpedo finalmente acorda. - Minhas costas doem.

Antes de desmaiar, Kripto apenas diz:

- Não dá. Precisamos de ajuda. Um grupo...

E na outra metade do caminho é Torpedo Amarelo quem leva Kripto até o hospital.

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