O Castelo de Zumbis

Lá no meio de Alagoas
Num povoado distante
Morava um certo sujeito
Conhecido como Rand
Era o nome mais ligeiro
Pois seu nome verdadeiro
Era Ronaldo Alexandre

Rand vivia tranqüilo
Longe de qualquer estrada
Fazia tudo na terra
Mexia com boi e enxada
Mas a sua vaidade
Tava na realidade
De não ter medo de nada

Rand ainda costumava
Quando já no fim da tarde
De ler um livro qualquer
Quando ia pra cidade
Debatia com o irmão
Tinha sempre opinião
Essa era outra vaidade

Acontece que o Rand
Gostava de caminhar
De noite pra todo lado
Para a mente descansar
Já que ele não tem medo
Nem precisa voltar cedo
Tenha Lua ou sem luar

Numa dessas caminhadas
Foi que teve um caso estranho
Ele andava lá no sítio
Onde dormia o rebanho
E andando nessa terra
Foi que viu formar na serra
Um castelo bem tamanho

Um castelo tão gigante
Apareceu de repente
Que coisa mais sem sentido!
Que coisa mais diferente!
Sendo Rand curioso
Logo partiu ansiovo
Pro castelo à sua frente

Cada pedra do castelo
Era cinza e rocha nua
Havia um clima estranho
Nuvens tapando a Lua
Sem ter vento e a noite fria
E aos poucos se sentia
Um cheiro de carne crua

Rand achou curioso
Quando chegou no portão
Um barulho que se ouvia
Parecia assombração
E ele quis ver de perto
O portão estava aberto
E ele empurrou com a mão

Nem dava para ver nada
Naquele escuro de fossa
O salão era enorme
Tão escuro, minha nossa!
Ele triste "Pois danou-se
Que nem lanterna eu trouxe
Pra poder ver qualquer jossa"

Foi então que se lembrou
Do que estava bem ali
Bem no bolso da camisa
O que teima em possuir
Um isqueiro bem bonito
Aquele vício maldito
Pruma coisa ia servir...

Feliz por ter encontrado
Algo bom pra clarear
Acionou o tal isqueiro
Pra poder se orientar
E um barulho sem sentido
Lhe chegou no pé do ouvido
Como a morte a sussurrar

"Mas que barulho sinistro
Tou ouvindo lá de dentro
Se não for a Cinderela
Sorrindo e se escondendo
Coçando a unha do pé
Tenho certeza que é
Assombração se movendo"

Eram pés desengonçados
E uma barulheira brava
Enquanto gemia estranho
Alguém os pés arrastava
Ao invés de se mandar
Rand foi é investigar
Que coragem não faltava

Isqueiro pouco ilumina
Nesse escuro tão danado
Rand foi se aproximando
Curioso e sossegado
Quando viu uns dedos sujos
Esticados, de rabujos
Apontando pro seu lado

Era qualquer coisa estranha
Parecida com humano
Que queria lhe alcançar
E estava se esticando
Rand esticou o isqueiro
E assim pôde ver ligeiro
Quem estava ali chegando

Era uma criatura
Conhecida por zumbi
Mas não era um guerreiro
Qual no passado daqui
Que na Serra da Barriga
Conduzia uma briga
Não era ele aquele ali

Era um bicho que de morto
Já nem tinha mais assunto
E que mesmo sem ser vivo
Não queria ser defunto
Ao ouvir barulho ou fala
Se arrastava pela sala
Querendo lhe chegar junto

Com a cara deformada
Babando muita nojeira
Com as roupas aos pedaços
Fazendo uma barulheira
Vinha se aproximando
Rand encarou e foi quando
Reagiu dessa maneira

Deu um chute no zumbi
Com toda a força no pé
Que ele tombou pra trás
Como um saco de café
Gritando talvez de dor
No chão o zumbi rolou
"Vai-te embora, seu mané!"

"Onde foi que já se viu
Esse tipo de figura
Que vem querendo abraçar
Ou morder, mas que secura!
Vai-te embora com seu trapo
Que com gente assim nem trato
Pra não perder a postura"

E seguiu por essa sala
Prosseguindo na jornada
Foi então que encontrou
Uma porta escancarada
E pra ver o que é que tinha
Foi que entrou na cozinha
Tão escura e esticada

Ao entrar naquele canto
Uma alegria daquelas
Em cima de uma mesa
Tinha um monte de velas
E Rand tratou ligeiro
De usar o seu isqueiro
Para botar fogo nelas

Logo assim que terminou
Nem pôde aproveitar
Uma desordem danada
Começou a escutar
Passos e um barulho horrendo
Bando de gente gemendo
Naquele estranho lugar

Tudo estava iluminado
Quando aquele povo entrou
Na cozinha se arrastando
Na gemedeira de dor
Zumbi que n'acaba mais
E outros tantos vinh'm atrás
Foi quando Rand falou

"Acho que estou numa fria
Como vim pra esse inferno?
Que castelo tenebroso!
Me pareceu tão fraterno...
Quando cheguei pelo vento
Nem sonhei que aqui dentro
Vive esse horror eterno"

Mas enquanto ele falava
Não ficaram ali parados
Só prestando atenção
Com os seus braços cruzados
Nada! Vinha a trupe morta
Mais e mais cruzavam a porta
Com seus corpos estragados

Logo eles chegaram perto
Como o lobo e sua presa
Rand tratou bem depressa
De saltar logo pra mesa
E correu rapidamente
Pro longe de tanta gente
E no fim, uma surpresa

A cozinha nem tem porta
Para onde ele caminha
Atrás os zumbis vêm vindo
Já tomam toda a cozinha
Rand decidi ir em frente
E corre bem calmamente
Voltando por onde vinha

Correndo em cima da mesa
Mas sem tropeçar em nada
Nenhuma vela derruma
Longe da gente afobada
Todo zumbi tá lá dentro
Rand sai, num movimento
Tranca a porta de entrada

Logo Rand se encontrava
Naquela sala no escuro
Os zumbis tão na cozinha
Aqui deve estar seguro
E ele vai bem calmamente
Continua indo em frente
Sem medo de outro apuro

Parece ter outra porta
Logo mais ali na frente
E ele vai de curioso
Ver se lá é diferente
Pensando encontrar alguém
"Será que por cá só tem
Daquele tipo de gente?"

Nessa porta um corredor
De tamanho tão gigante
Que Rand quis percorrer
Para ver mais adiante
Quinze portas de um lado
Estava tudo trancado
Foi o que viu o andante

Com isqueiro pôde ver
Pois sobrava combustível
A sugeira dessa estrada
Que de imunda estava horrível
Muito grude pelo chão
Marcas de pé e de mão
Um mau cheiro indescritível

E no fim do corredor
Algo dava para ouvir
Não dava pra ver o que era
Mas Rand quis descobrir
Mesmo sabendo que o som
Não deve ser algo bom
Num lugar como esse aqui

E abriu a última porta
Que mostrou sem resistência
O interior da sala
Com toda sua presença
E o que viu à sua frente
De tudo era diferente
Foi estranha a experiência

Mas Rand soube escapar
Do Castelo dos zumbis
E tudo o que aconteceu
É assim como ele diz
Foi uma estranha viagem
Mas mesmo com sua coragem
Só escapou por um tris

Nunca mais teve notícia
Desse castelo depois
Vez ou outra some um
Nessas bandas, até dois
Ninguém sabe o que acontece
Com quem vai, desaparece
Perto do monte de bois

E o que viu naquela sala
Naquela estranha visão
Era a origem dos zumbis
E causou uma confusão
Na sua sabedoria
Era que o zumbi nascia
É de ver televisão

Por isso, caro leitor
Seja logo alguém astuto
Aprenda por conta própria
A deduzir sobre tudo
Pensamento e decisão
É o que dá distinção
Do homem pro bicho bruto

Não acredite de pronto
Em tudo o que você vê
Estude e queira pensar
Pois isso é bom pra você
E leia o que conseguir
Pra não virar um zumbi
Criado pela TV

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