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Dois Cordeis na Biblioteca

Dois cordéis adicionados à Biblioteca Cordéis. São cordéis que já estavamm por aqui pelo site. Então qual a novidade? Bem, primeiro que futuramente vou remover todos os cordéis daqui, que vai ter mais cara de blog mesmo. Segundo, que na Biblioteca Cordéis estou colocando os livros m ePub e em PDF dimensionado para ler em celular.

Primeiro cordel que escrevi como um cordel e publiquei em livreto. Explica o conceito de Software Livre e sua importância social.

Parecido com o Cordel do Software Livre, o Cordel da Pirataria conta a história do Direito Autoral e do Domínio Público. E onde a pirataria entra nessa história. Detalhe para a ilustração, que foi feita pelo meu xará Karlisson Bezerra.

Se ainda não conhece os dois, dá uma olhada lá!

Novidades da Biblioteca do Bardo #2

Desde a última postagem a este respeito, entrou um material novo na Biblioteca do Bardo.

DWD12F é o segundo conjunto de tomos do Diceware D12, a série Fast. Todo esse material está lá disponível em ePub e PDF. Lembrando que você pode adicionar esta biblioteca, que já conta com 25 livros digitais, no seu leitor de livros digitais com este feed OPDS.

Novidades da Biblioteca do Bardo

Não sei se você está sabendo, mas ano passado configurei uma biblioteca de livros digitais em livros.cordeis.com. O mais bacana é que ela oferece um catálogo OPDS, que pode ser inserido em leitores de livros digitais para você ter acesso automático ao conteúdo de lá. O endereço do OPDS é http://livros.cordeis.com/feed.php.

Quando anunciei aqui, só tinha 2 livros. Hoje já tem 18, sendo que 5 não são exatamente livros e 3 livros são de outra autoria, de Domínio Público. Os livros estão disponíveis em PDF e EPUB.

Estou, aos poucos, publicando esse conteúdo nesta biblioteca, no Wattpad, no Issuu e no Archive. Futuramente retirarei este conteúdo do blog, deixando-o só nesses lugares.

Biblioteca OPDS

Livros OPDS

OPDS vem de Open Publication Distribution System. Trata-se de um catálogo de livros (ou publicações em geral). O bacana é que não é um catálogo para usuários, diretamente, mas sim para programas.

Muitos leitores de livros digitais (ebook readers, principalmente para smartphones) permitem adicionar catálogos e, uma vez com eles adicionados, permitem navegação, buscas, leituras de sinopse e download dos livros lá constantes. Isso é legal!

Já faz um tempo que pretendo botar no ar um catálogo desses, mas ainda não tinha encontrado uma forma legal e prática. Até agora.

Já está no ar a Biblioteca Cordéis.com. Por enquanto tem quase nada lá, mas aos poucos eu pretendo colocar os livros que tenho aqui no site para lá (aproveitando e disponibilizando tanto em PDF como em ePub). Para entrar nessa biblioteca basta adicionar o endereço livros.cordeis.com/feed.php no seu leitor de livros digitais. Se você entrar diretamente em livros.cordeis.com pelo navegador, poderá navegar e baixar livros por lá também, de forma direta.

É isso aí! Para quem gostou dessa ideia e pretende fazer uma também, segue a dica: estou usando LibreOffice, Calibre e COPS.

O Fantasma da Opera

O Fantasma da Opera

Falo hoje, camaradas
De uma história assombrosa
De uma bela donzela
Jovem, linda como a rosa
E um monstro como a peste
Aconteceu no agreste
O causo da nossa prosa

A história aconteceu
Só lembra o povo mais velho
Foi lá no nosso teatro
Do lado do Bom Conselho
Quando ainda funcionava
Muita coisa se escutava
Até dentro do colégio

Lá faziam muita peça
De teatro musical
Que o gringo chama de ópera
Aqui era mais normal
Cantavam em português
Vamos pra 93
Quando existiu esse mal

Cristina, a moça donzela
Que era de Coité do Nóia
Vivia nesse teatro
Falava com a Lindóia
"Que bom anjo, amiga, há
Que me ensina a cantar!
Me diga se isso não é jóia!"

E ela dizia: "Ô amiga
Mas que maluquice é esta?
Gente que mente merece
É um cascudo na testa!
Apague isso da mente!
Anjo que fala com gente...
Tá pensando que eu sou besta!?"

"Mas amiga, é verdade!
Ouço sua voz de explendor
Ainda digo mais: que o anjo
Foi o meu pai que mandou!"
"Cristina, ele morreu
Ai que susto ocê me deu!
Valei-me Nosso Senhor!"

Logo mais era o ensaio
Enquanto calçava a bota
Cristina viu que entrava
Sem sequer bater na porta
Sua amiga Lindóia
Gritando: "Vem, fía, óia!
Caiu um troço em Carlota!"

"Como assim caiu um troço?"
Carlota era a grande estrela
Cristina saiu correndo
Com a amiga para vê-la
Carlota gritava irada
"Eu não vou ensaiar nada!"
Ninguém pôde convencê-la

"Isso é coisa do fantasma!
Aquele espírito ruim!
O teatro é assombrado!
Vocês sabem que é assim!
Valei-me Nossa Senhora
Pois eu vou é dar o fora
Isso aqui já deu pra mim!"

Enquanto ela ia embora
Se sentava o diretor
Arrancando os cabelos
Dizendo: "mas que horror!"
O dono desse lugar
Chega então pra perguntar
"O que se desenrolou?"

"Caiu a tábua na diva
E ela gritou de dor
Caçamos por todo lado
E nada ninguém achou
Carlota se foi virada
Diz que a tábua foi jogada
E que o fantasma jogou"

"Com fantasma ou sem fantasma
A peça tem que ocorrer
Já vendemos os ingressos
Até o prefeito vem ver!
Trate de suar camisa
Faça tudo o que precisa
Pra essa peça acontecer!"

E foi virado na gota
E o diretor lá chorando
Lindóia deu um sorriso
E disse se aproximando
"Substitua a menina!
Por que não bota a Cristina?
Ela canta que é um espanto!"

E ele se espantou "É mesmo?
Pois quero ver a cantiga
Você já conhece a letra?"
E ela disse envaidecida
"Conheço sim, meu senhor"
E quando ela começou
A história foi resolvida

Cristina iria cantar
Já que não ia a Carlota
Foi todo mundo pra lá
Seu Manoel o seu Mota
Foi povo jovem e idoso
E o diretor bem nervoso
"Se der sorte, ninguém nota"

Mas todos viraram fãs
Quando a menina deu fé
Cristina foi aplaudida
Por todo mundo de pé
E na platéia avistou
Alguém com quem já brincou
Quando era de Coité

E saiu pro camarim
Perseguindo a atriz
Mas nem pôde olhar pra ela
A perdeu, que infeliz!
É que ela corre e some!
E era Raul o seu nome,
Da Fazenda São Luis

Como sumiu pelo mundo
Ele não viu outro jeito
"Parecia minha amiga
Mas se está feito, está feito
Já que a persegui em vão
Aproveito a ocasião
Vou conversar com o prefeito"

Cristina estava espantada
Mal conseguia respirar
Trancada no camarim
Começou a escutar
Uma voz que lhe chamava
Uma voz bem afinada
E se pôs a conversar

"Cristina, você foi 10
E não tem pra mais ninguém
Você aprendeu direito
Viu como eu ensinei bem?"
E ela resolveu dizer
"Mas eu nunca pude ver
Meu anjo que é do além"

Ele a chamou para o espelho
Ela olhava e ele dizia
"Eu sempre estive aqui
Te observo todo dia"
O espelho então girou
E ligeiro ele a levou
Para onde ele se escondia

No esconderijo ele mostra
Um violão bem antigo
Toca chorinho e bossa
No arranjo mais bonito
Ela olha bem ligeiro
Era quase um mundo inteiro
Sabiamente escondido

Cristina vendo o seu rosto
Com uma máscara branca
Num momento indefeso
Com uma mão ela arranca
Pra ver o que tinha atrás
Mas ao ver diz: "Satanás!"
Pois ligeiro ela se espanta!

E ele diz: "Você é louca?
Não repita isso, está bem?
Eu te trato com carinho
E é assim que você vem!?
Pois então vou te prender
Só deixo ir se prometer
Não gostar de mais ninguém!"

Ela concorda e se vai
Com o coração pulando
Mas lá fora ainda nervosa
Por tudo o que está passando
Ela encontra um aliado
Que a abraça emocionado
Era o Raul esperando

E eles conversam por horas
Sobre os tempos de criança
Logo ela se apaixona
Por seu amigo de infância
E conversam todo o dia
E Cristina, quem diria
Nele encontra uma esperança

Então Cristina e Raul
Falam e fica combinado
Vão fugir e se casar
No lugar mais afastado
Vão fugir depois da peça
É essa mesma a promessa
Do casal apaixonado

E começa a encenação
Na história divertida
Ela, o mulher do padeiro
No Auto da Compadecida
Mas quando vem o major
Acontece o pior
É uma figura escondida

Que fala: "minha querida
Até agora peguei leve
Mas você é uma safada
Tanto o padeiro me deve
Que se não pode pagar
É você quem vou levar
Se não paga, você serve!"

A plateia se animava
Ria até não poder mais
Da mudança inusitada
Na peça que lá se faz
Nisso o fantasma fugia
Mas a real Raul via
E foi perseguindo atrás

Debaixo desse teatro
Sem ninguém desconfiar
O mascarado fugia
Com a Cristina a gritar
Pelo caminho secreto
Mas Raul soube o trajeto
Só de parar e escutar

Perto de uma fogueira
O fantasma gargalhava
Quando Raul lá chegou
Com sua cara mais brava
Mas logo notou que a trilha
Levava pra uma armadilha
Logo preso ele estava

Raul preso numa corda
E o fantasma bem feliz
Com a Cristina do lado
Olha para ela e diz:
"A vida desse bundão
Agora está na sua mão
Ele veio porque quis"

"Ou você casa comigo
E vai morar na Alemanha
Ou eu enforco esse cabra
Para ele deixar de manha
Decida como vai ser
E não vá se arrepender
Vida ou morte ele ganha?"

Cristina pensou bastante
E disse "ó mascarado
Já gostei tanto de ti
E hoje veja esse estado
Hoje és um monstro rude
Mas por causa da atitude
Não pelo rosto estragado"

"Você é um infeliz
Seu coração só tem gelo
Viver casado contigo
Seria um pesadelo
Mas Raul tem que viver
Mesmo triste, que fazer?
Se é preciso, vou fazê-lo"

O fantasma então gargalha
"Pois você tá libertado!"
Enquanto Raul se solta
Rola um fato inusitado
O fantasma escorrega
Que peça o destino prega!
Cai na fogueira o danado

Cai já cortando a cabeça
Cristina grita de horror
Raul corre até ela
"Parece que ele dançou
Olha o sangue pelo chão
Foi fazer tal confusão
Que prêmio que ele ganhou?"

Voltando para o teatro
Eles ouvem gargalhadas
Olham pro lado assustados
Só que não enxergam nada
Não foi o primeiro dia
Depois disso quem diria
A casa estava assombrada

Foi assim que nunca mais
O teatro funcionou
Dizem que o fantasma vive
Em fantasma se tornou
Pra assombrar qualquer vivente
Que ande inconsequente
Na terra que ele pisou

Quando o fantasma sumir
Nem tudo pra sempre dura
Talvez o teatro reabra
Tem gente que diz e jura
Que isso é lenda, isso só!
Pois um fantasma pior
É não querer ter cultura

-- Cárlisson Galdino

Special: 

A Saga de um Encanador

A Saga de um Encanador

Se você pensa que é fácil
A vida de encanador
É melhor pensar de novo
Pra ver se dá mais valor
Os canos trazem perigos
Desafios e inimigos
Pro corajoso transpor

Veja o exemplo do Mario
Bigodudo sem esmero
Que enfrentou desafios
Andou por quantos castelos?
Foi com coragem e presteza
Procurando a princesa
Do Reino dos Cogumelos

Hoje vamos conhecer
Uma grande aventura
Na qual Mario se envolveu
Pra ver como a vida é dura
Sem preconceito, vê bem
Encanador também tem
Lugar na Literatura

Andando pela floresta
Um cogumelo lhe aumenta
Entrando num cano verde
(Sem cano azul ou magenta)
Há moedas lá embaixo
E após a escada que acho
Uma bandeira se sustenta

Depois pelo subsolo
De novo entrando no cano
Há tartarugas e blocos
Um mundo escuro e profano
Mas tem que ficar esperto
A vida corre no teto
Sem blocos, fácil a pegamos

No alto verde das montanhas
O perigo só aumenta
Quando as tábuas vão e vem
Queda é morte violenta
Mario não para por nada
Nem tartarugas aladas
(É pouco o que não se inventa)

Saltando pelas montanhas
O castelo é encontrado
De lava e fogo que gira
O Kopa cai com o machado
"Agora sim, com certeza!
Vou encontrar minha princesa!"
Mas não encontra, o coitado

A busca então continua
Nova floresta à frente
O céu azul lá em cima
Nada muito diferente
No cano há plantas plantadas
Com dentes, sempre enfezadas
Mas o Mario é persistente

E o nosso herói vai pro mar
Perigo aumenta ainda mais
Tem peixe cinza e vermelho
Tem lula que vai atrás
Difícil locomoção
Contida a respiração
E vai sem olhar pra trás

Depois do rio uma ponte
Enorme é o lucro encontrado
Além do risco da queda
Tem peixes pra todo lado
Peixes vermelhos saltando
Piranhas loucas em bando
No rio que não dá pra nado

Depois da ponte infinita
O herói encontra afinal
Um novo mundo sombrio
Novo castelo do mal
Com pressa corre, e firmeza,
Querendo achar sua princesa
Mas não está no final

Tudo continua escuro
É noite naquela terra
As tartarugas e plantas
Quanto perigo o espera!
E há tartarugas - mistério -
Que estão jogando martelos!
Que bichos que não dão trégua!

E o mundo segue no escuro
E nosso herói vai na luta
Por sua princesa querida
Pula num casco e chuta
Cuidado: depois tem cano!
Se o casco volta: que dano!
Sua vida bem logo encurta

E eis que aquelas montanhas
Altas de grama no topo
Com criaturas nocivas
Também existem de noite
De novo lá, quem diria?
E como é grande a alegria
Quando se escapa por pouco!

E o herói chega de novo
De coração tão singelo
Buscando sua princesa
Encontrando um cogumelo
Que diz: desculpa, beleza?
Mas é que nossa princesa
Está em outro castelo

E vê que vida de cão!
O encanador se refez
E continua a procura
E nem que termine o mês
Seguirá mesmo sozinho
Mesmo ouvindo do baixinho
Aquilo a terceira vez

Saindo em nova floresta
O encanador sem igual
Logo depois de uma planta
Tem que correr pro final
Ele chega ao fim por sorte
Maldita nuvem-transporte
Que lança ouriço infernal

No submundo de lá
O Mario vive os apuros
Uma flor lhe dá poderes
Mas mesmo isso não é seguro
As bolas de fogo batem
E nenhum dano elas fazem
Nos bichos de casco escuro

Para que servem roldanas?
Para atrapalhar a vida!
Elevador ou gangorra?
É o que nesse céu se abriga
Se pula em um lado e espera
O outro lado se eleva
Que construção esquisita!

Ficará preso pra sempre
Mesmo sem bicho e sem casco
Pois esse quarto castelo
É amaldiçoado, eu acho
Primeiro passe por cima
Depois de mudar o clima
Deve passar lá por baixo

Tudo pra quê, se a princesa
Não espera aflita, nem dorme
Não está ali de novo
E de novo à floresta corre
E tem que enfrentar perigos
E além dos tais inimigos
Fugir de balas enormes

Mais balas e desafios
E agora um trampolim
Ajuda Mário a saltar
Que perigoso jardim!
Um cano leva pro mar
E ele vai lá por pensar
Que será mais fácil assim

E preso num Dejavu
De novo pelas montanhas
As antigas plataformas
São pequenas, tão estranhas
Balas rasgando o ar
Vamos deixar o lugar
Senão a morte nos ganha!

Novo castelo parece
Um desafio passado
Língua de fogo gigante
E chamas pra todo lado
É que tornam diferente
Depois do chefe lá em frente
Um cogumelo é encontrado

De noite é tudo sombrio
Mais outra nuvem, que droga!
Jogando tantos ouriços
Essa nuvem não dá folga
Com sacrifício, derruba
A nuvem, mas na sua fuga
Vem outra nuvem que joga...

Ainda é noite e agora
É uma plantação de canos
Tem cano pra todo lado
E plantas tem outros tantos
Plantas bem cheias de dente
Daquelas que comem gente
Mas não o Mario, garanto!

E agora a terra da neve
Como ele escapará ileso?
No céu, escuro e deserto
Como se sente indefeso!
Difícil achar um lugar
Há poucos onde ficar
E alguns não suportam o peso

Outro castelo pequeno
Esconde o monstro horroroso
Pois mesmo sendo pequeno
Não é menos perigoso
O Kopa desse reinado
Joga milhões de machados
Depois das línguas de fogo

Depois é dia de novo
(Já tava sentindo falta)
E as balas são disparadas
De todo canto na mata
Mas falta pouco e ele vai
Da sua princesa vai atrás
E corre e se abaixa e salta

E cai de novo no mar
É tudo bem parecido
Mas a festa já tá boa
O mar tá cheio, entupido
De peixes e lulas brancas
Ó cano verde, onde andas?
Vê se aparece, maldito!

Enfim o cano o carrega
À ponte imensa de antes
Com piranhas saltitantes
E milhares de passantes
Tartarugas bem sortidas
Se o Mário atento não fica
Se acaba tudo num instante

E nesse novo castelo
Um labirinto bem quente
Dividido em dois momentos
Preste atenção no repente
Por baixo, meio e por cima
Por cima, meio e por cima
E o Kopa espera lá em frente

Já foram sete castelos
Só cogumelos, que jeito?
De novo pela floresta
Como se nada foi feito
Ele chega ao fim por sorte
Aos saltos perto da morte
Nesses lugares estreitos

E na floresta prossegue
Nosso herói encanador
Entre balas e criaturas
De todo tipo e de cor
O risco já é sem noção
Ai que saudades de chão
Mas logo acaba essa dor

Já está do lado de fora
De um gigantesco castelo
Deve estar lá a princesa
Pelo menos é o que espero
Mario dispara por lá
Ele tem que se virar,
Desviar de bala e martelo

E no castelo final
É mesmo o último castelo?
Mario consegue chegar
Quando acaba o pesadelo?
O Mario já está cansado
Buscar princesa, que fardo,
E só achar cogumelo!

Um labirinto de canos
Até por água passou
O Mário e no fim, o Kopa
Joga martelos e fogo
Mas enfim, ó que beleza
Mario resgata a princesa
Que diz: sua busca acabou!

-- Cárlisson Galdino

Special: 

Mister Chip

Mr. Chip era um cara solitário
Que ficava horas lá com seu PC
Conhecia o mundo só pela web
Talvez nem conhecesse a própria face

Era um gênio ele na programação
E sozinho danou-se a crescer
Programava pra China e pro Japão
O melhor no que sabia fazer

E criou padrões e deixou patrões
Era um ídolo, um underground VIP
Lançamentos que arrastam multidões
Já um mito, até virou videoclip

Porém mesmo com todo esse sucesso
Ele andava inquieto noite e dia
Como se esse seu gênio fosse tanto
Que não baste o que o mundo oferecia

Procurando uma coisa que motive
Se isolou numa terra de água fria
Com um tablet, vendo o mundo branco
Escrevia a testar a maestria

Mais uns meses, a tese concluída
Sobre por as almas noutro lugar
Na internet, num mundo virtual
E o governo já quis experimentar

O processo migrava a alma viva
Pra um banco e era como matar
Não havia ainda volta conhecida
E isso o povo não iria aceitar

Procurou-se doentes terminais
E o projeto foi capa de jornal
E as pessoas ficando curiosas
É melhor que uma injeção letal?

Mais um tempo e já tinha os instrumentos
Feitos por cientistas num mesmo teto
Mr. Chip nesse tempo viajava
Palestrando, explicando seu projeto

Com o tempo, veio a preocupação
"Ainda não tenho nada de concreto!?"
Nas cobranças, o gênio retornou
Como antes, ser rápido e discreto

Os cientistas fizeram tudo errado
"Por que diabo eu deixei tudo isso aqui?"
Das palestras, ele não tirou proveito
Eram sempre tão poucos para ouvir...

Retomou então o tempo perdido
Tão veloz que até o cronograma antigo
Já estourado por outros cientistas
Antes do Dia D foi corrigido

No dia D, na exata hora marcada
A impressa filmou o prometido
A experiência foi feita finalmente
Enfim vinha o teste definitivo

Muitos olhos acompanhando atentos
Todo o mundo curioso co'aquilo
E depois do teste a grande baderna
E a cobaia, ninguém podia ouví-lo

Joaquim, um paciente terminal
Um sorriso num terminal mostrava
Transformado em programa, em VR
Do outro mundo ele se comunicava

"Cá é bom, mas me sinto meio estranho
Mas já foi a dor que me incomodava
Estou leve e pensando mais veloz
Eu, doutor, nem sabia o que era Java!"

A conquista virou a sensação
Discutida por todos pelas ruas
Na Internet, entraram dessa forma
Uns milhares, numa semana ou duas

Anos passam, e o gênio acompanha
Nova lei sendo vista no Senado
Pois com tempo, essa tecnologia
Já era algo bastante mais barato

Desse jeito, essa lei em andamento
Garantia o direito pelo Estado
Contra a Morte, a vitória finalmente
Ninguém morre: só é digitalizado

O projeto de lei foi aprovado
Transformando o mundo naquela hora
Numa década, creia se quiser
Tinha mais gente n'web do que fora

Entre livros e muitas homenagens
Prêmio Nobel, canções, cinema e tal
Mr. Chip ia ficando mais velho
Como no ser humano é natural

Finalmente, sentiu chegada a hora
De dar tchau para toda essa gente
Para que sua grande criação
Fosse útil ao criador finalmente

Empolgado, ele já esperava
Toda a vida esperou esse momento
Finalmente havia chegada a hora
E o doutor aciona o equipamento

"Mr. Chip, cara, cadê você?"
Ele ouve e não sabe o que dizer
Sem saber onde está, como chegou
Mas já pode ver bem o monitor

A falar tudo o que ele não diz
Vê a imagem como num sonho mal
Quem diria, o processo grandioso
Deu ao gênio um clone digital!

-- Cárlisson Galdino

Special: 

Palito Amigo de Freud

Palito Amigo de Freud

O meu nome não importa
Pois me chamam de Palito
Essa terrinha danada
Desde que eu nasci habito
Sou surfista dessa praia
Surfo até que a noite caia
Nesse pôr de Sol bonito

Tá ligado na parada
Lá da praia do Francês?
Você anda assim de jipe
Mais duas horas ou três
Com a praia acompanhando
E vai terminar achando
A praia do Pequinês

Perto da velha cidade
Chamada Nova Nemeia
Não está em nenhum mapa
Pode esquecer essa ideia
Tou falando, eu sou daqui!
Na praia eu sempre vivi
É uma praia bem véia

Sou surfista de pequeno
Não sei se cê tá ligado
Mas a praia é frequentada
Tenho um monte de chegado
Que nas ondas se exercita
Que você não acredita
É um povo procurado!

Aqui não tem telefone
A gente fala na cara
Carta só pra quem tá longe
Linha mesmo só na vara
Da turma que vai pescar
Mas é show esse lugar
E tem uma turma mara

Mas vou confessar um troço
Eu me amarro nisso aqui
A praia do Pequinês
É o canto onde eu nasci
Às vezes lá por abril
É que me dá um vazio
Dá vontade de partir

Nessa vida de interior
Na parada da Natura
A gente se sente náufrago
Longe da verdade dura
Desse povo do dinheiro
Que esmaga o mundo inteiro
Na ganância, na secura

Claro que é melhor estar longe
Desse comboio de esperto
Longe chegam as consequências
Imagina estando perto!
Por isso que eu saio pouco
Gosto daqui, não sou louco
Mesmo quando está deserto

Quando a praia tá sem gente
E vem as ondas chegando
Elas vem de muito longe
Há tempo que estão andando
Então surfo mais ainda
Para dar as boas vindas
Pras águas que andam em bando

Mas pra falar a verdade
Quase nunca eu tou sozinho
Tou sempre trocando ideia
C'os cabeças, meus vizinhos
E sempre na molecada
Tem um que é mais camarada
Vou falar dele um pouquinho

Ele é mais velho que eu
Tá ligado? Mas é broth'
Sempre tem uns zé roelas
Que dizem que é debiloide
Não entendem o que ele fala...
Ele é gente fina, cara
O nome do bicho é Freud

Passa a semana falando
O povo vem pegar ideia
E ele vive é só disso
Num ponto em Nova Nemeia
Pagam uma fortuna imensa
Só porque o povo não pensa
As cabeças de geleia!

Freud até me convidou
Pra ajudar lá na cidade
Atendendo alguns clientes
Mas não dá, pô, de verdade
Só dele contar dos casos
Dá agonia o nível raso
Eu digo: eu não, amizade!

"Atender essa galera
Resolvendo seus problemas
É pra quem é paciente
Eu não dou pra esse esquema
Prefiro falar com mar
E a turma desse lugar
Não me encaixo no sistema"

Mas Freud é mesmo o cara
Paciência tem de sobra
Diz que está tendo umas ideias
Vai escrever uma obra
Mas se vem surfar com a gente
Fica zen, e a sua mente
Só se liga nas manobras

Ele tá com umas pesquisas
Pra entender nossa mente
Dividindo o indivíduo
Em três partes diferentes
E escreve, pra publicar
Já disse: se for lançar
Tem que convidar a gente!

Diz ele que todo mundo
Tem no centro do seu ser
Uma peça que é essência
Que ele chama de ID
Voz do desejo imediato
Como um bicho do mato
Que quer se satisfazer

Por viver em sociedade
Que se aprende o que é certo
Essa parada todinha
Fica no tal superego
Ele conflita com o ID
Pro conflito resolver
É que existe o tal de ego

Ego guarda as lembranças
Da vida de um vivente
Aprendizado, experiência
O Freud diz simplesmente:
"O ego é a camisa
Que esconde a cara lisa
Pra se expor a toda gente!"

Eu nem falei para ele
Mas tenho uma impressão
Que o brother bolou a história
Quando eu falei de Platão
Que também na sua vez
Dividiu a mente em três:
Homem, monstro e leão

Ele diz que na cidade
Numa zona como aquela
Ele diz que o problema
Quase sempre se revela
Por um ego já cansado
Que já ficou dominado
Lá na sua clientela

Quase sempre o problema
Que ele estuda no final
Tem a ver alguma coisa
Com o lado sexual
Superego e ID são brabos
É o tema mais complicado
Pro ego julgar legal

Pois é, véio, cê vai ver
Freud é um cara da hora
As paradas que ele estuda
Manda bem, e vai embora
Sei que vai ficar famoso
Pois essa vida é um osso
Pra tanta gente lá fora!

E agora cê dá licença
Que o Sol já está deitando
Vou ali na saideira
Da onda que vem chegando
Um abraço do Palito
Desse galego bonito
Até outro dia, mano

-- Cárlisson Galdino

Special: 

Os Índios e o Monstro do Espaço

Os Índios e o Monstro do Espaço

Os índios olhavam o céu
O céu sempre esteve por lá
Mas a noite trouxe ao lugar
Espanto que ninguém sonhou
Brilhando à luz do luar
Viram um navio baixar
Na floresta o barco atracou

Peri, corajoso, saltou
Correu, galopou para o "cais"
Correu o coração ainda mais
O barco era mesmo tamanho
Junto a força dos ancestrais
Correu com seu povo atrás
O barco tinha um brilho estranho

"Que barco gigante! Medonho!"
Peri via o barco dormir
Logo que chegaram ali
O suor corria da testa
Juntou seus irmãos o Peri
"Como veio o barco até aqui?
Do céu no meio da floresta?"

E o barco mostrou que não presta
Barulho calou seus ouvidos
Pancadas, fumaça, rugidos
"E agora o que será de nós?!"
Os índios olhavam aturdidos
Desacreditando os sentidos:
O barco era um monstro feroz

E o barco gritou logo após
A forma não era de barco
A ilusão passou, viram o casco
De uma tartaruga de aço
E Peri se sentiu tão fraco
Diante do barco - que barco? -
Diante do monstro do espaço

Num giro de pata, um pedaço
Da floresta foi pelos ares
Os índios rolavam aos pares
Fugindo dos golpes da fera
"São fortes as bestas lunares"
Logo não houve mais lugares
Protegidos dessa quimera

Depois do cansaço a espera
Do golpe que finda essa vida
Os índios viram em despedida
Com dor e tristeza no olhar
A fera ainda enlouquecida
Olhando com a pata erguida
Foi quando ele quis chegar

Chegando de qualquer lugar
Disparou com o canhão do braço
Bolas de luz no ser do espaço
Era um ser de aço também
Tiros deixam o monstro em pedaços
E o menino azul dá um passo
E diz se chamar Megaman

E a criança volta pro além
E a tribo respira em paz
Mas essa noite foi demais
Louca demais pra um ser humano
A noite em que seres fatais
Corrompem as regras normais
Com aço animado profano!

Pois viram debaixo do pano
Que o mundo é muito maior
Como podem dormir sem dor?
Como será a noite que vem?
Essa noite um monstro chegou
Na noite que um robô salvou
Quem não esperava ninguém

-- Cárlisson Galdino

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Warning: PHP Startup: Unable to load dynamic library '/opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/pdo_mysql.so' - /opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/pdo_mysql.so: cannot open shared object file: No such file or directory in Unknown on line 0

Warning: PHP Startup: Unable to load dynamic library '/opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/php_pdo_odbc.dll' - /opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/php_pdo_odbc.dll: cannot open shared object file: No such file or directory in Unknown on line 0