decassílabos

Queda

É noite no imenso céu de carvãoAs Asas da Águia
E os olhos se voltam, fitam estrelas
No céu da cidade, fria prisão
No solo do céu, vontade de tê-las

E os sonhos que unem 'strela e prisão
Trazendo consigo certa beleza
Se tornam reais sob uma visão
Enquanto que a noite busca sua presa

E da catedral com seus velhos muros
Um certo alguém surge, vindo do nada
Tijolos ao chão, achavam seguros

E sobe aos céus com a mente abalada
Explosão da Terra, em seu corpo furos
Incompreendida, cai a vida alada

-- Cárlisson Galdino

Caçadores

Um ser que passa num vôo rasanteAs Asas da Águia
Em desespero, pode-se notar
Pois em sua trilha vai um grupo errante
Co'armas e balas que querem lutar

Pobre da ave, que voa com pressa
Se esquivando d'ma flecha certeira
E há muito tempo a luta é bem essa
Luta por vida contra por besteira

Faz já bom tempo, deixaram as cidades
Buscam alguém que nada mal lhes faz
Juntos em grande legião de covardes

Saem à luta com tal fúria, mas
Só em seu nome, ou de suas vaidades
Tomam de um outro liberdade e paz

-- Cárlisson Galdino

Impressão

Do tão gelado centro da floresta
Parte uma parte de seu lindo verde
Numa carroça suja como esta
São só cadeias ricas de carbono

De algum lugar n'algum lugar do globo
Se empilha caixas em pilhas no cais
Do cais ao cais, mas em um outro porto
As encaixadas caixas trazem cores

E peixes morrem pra que o rio viva
E o rio sofre sua dor progressiva
Uma barreira lhe toma energia

E ela percorre por fios e cinzas
E em tantos cantos que foram florestas
Pouco a pouco a página é preenchida

O Novo Brado

Sempre erguem da Justiça a clava forte
Do que se diz Justiça e é Força Bruta
Mas quem é filho teu não foge à luta
Rebelde, contra a Força e contra a Sorte

Os poucos nos desejam à própria morte
Os poucos que enriquecem à sua custa
Mas bem-armados vamos a essa justa
Caso "Verdade" seja uma arma forte

O Abraço

Mais um trovão nessa cidade hostil
Da luz nascem sombras à minha frente
E o tão escuro céu torna-se anil
E o nascer do Sol se faz iminente

Das sombras da luz vejo frente a mim
Sombrio vulto surgir lentamente
Tons femininos sob um véu nanquim
Olhos felinos, olhar reluzente

Não há qualquer momento em que se espere
Nossos corpos se aproximam, se tocam
Também meu espírito ao dela adere

Apenas a nós os astros enfocam
Num beijo vejo o que seus olhos querem
E os rubros brilhos da lua me afogam

Formigueiro Elétrico

A Criação é qual'ma astuta teia
Pois sempre que eu me lembro do que fiz
Mais alto e forte um grito estranho diz
"Não te contenta com bobagem meia."

"Vede: do que fazer a sala cheia!
Tão pouco o que foi feito e estás feliz?"
E como uma fonte eletromotriz
Explode o tempo e pulsa em minha veia

Havendo força pra de pé ficar
Não há nada que vença num momento
A sensação de inútil ao se parar

O tempo só nos pede movimento
O pensamento e o gesto laborar
Pra descançar no além do firmamento

Carpe Diem

As horas passarão, já têm passado
Do futuro não há mais garantia
A força que há tão pouco se sentia
Num instante se esvai solenemente

A certeza na Vida é tão somente
Que acaba, como o dia à tarde finda
E pouco importa à morte se é mal-vinda
Incorruptível fere seu machado

Pois honre a tua vida, que é pequena
Menos planos para o obscuro Quando
Há muito o que fazer: comece agora

Construa o seu legado enquanto é hora
As horas passarão, mas que em passando
Não passem por passar, mas valham a pena

Colapso

O tempo não se mostra pertinente
Explode a porta aberta que cruzei
Pedaços de madeira ferem a lei
E sangra noite fria do Presente

Silêncio é o forte brado onipotente
Que aterra e não revela: é noite ou dia?
Aonde foram Chronos e Eumonia?
Só nada eterno e o Caos é o que se sente

A invenção do tempo, o que se ensina
Teimosamente acaba, ou que se esquece
Promessas de purgar toda a rotina

Matéria já não há, e ainda que houvesse
Ver-se-ia da ampulheta a areia fina
Que enquanto parte sobe, parte desce

Buscadores da Verdade

Você nem suspeita o que hei de dizer
Não sei de onde vem, o que deve ler
Mas sei: traz o Cosmo a proximidade
Às almas que buscam igual verdade

E o fato é do jeito como se diz:
"Surge o mestre quando pronto o aprendiz"
Ou já que o costume esconde a bel gosto
Não me espantaria se fosse o oposto

Mas é irrelevante, logo percebi
Pois eis que do nada você está aqui
Como por magia, de um mundo afastado
Buscando a verdade, ou sendo buscado

A verdade vive, e sonha ser dita
Nós dois a veremos, caso permita
Mas como chegou, nunca irá saber
Quem te trouxe aqui? fui eu ou você?

Páginas

Subscribe to RSS - decassílabos

Warning: PHP Startup: Unable to load dynamic library '/opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/pdo.so' - /opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/pdo.so: cannot open shared object file: No such file or directory in Unknown on line 0

Warning: PHP Startup: Unable to load dynamic library '/opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/pdo_mysql.so' - /opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/pdo_mysql.so: cannot open shared object file: No such file or directory in Unknown on line 0

Warning: PHP Startup: Unable to load dynamic library '/opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/php_pdo_odbc.dll' - /opt/php56/lib/php/extensions/no-debug-non-zts-20131226/php_pdo_odbc.dll: cannot open shared object file: No such file or directory in Unknown on line 0