quadras

Sina

Mais uma vez você diz que acabou
Mas sei que volta na próxima esquina
É o mesmo Sol sobre nossas cabeças
E a mesma história, esta é nossa sina

E até lá tento sobreviver
Às sombras que saltam à minha frente
Elas dizem: preciso de você
Sei que concordo: os postes não mentem

Nosso sofá reclama a sua falta
E as horas nem passam mais por aqui
Mas ainda sinto seu cheiro na casa
Como um fantasma, um lindo dejavú

Você não atende uma ligação
Mas nossa história sempre foi assim
Sempre termina por qualquer razão
Mas recomeça quando chega ao fim

-- Cárlisson Galdino

Engenho: 

95%

Quero teus 95%
Pois tua completude não me agrada
Se a perfeição, sei, não é deste mundo
É outra parada

Como alguém quase a virar herói
Cheio de determinação e o medo
De alguém que é forte, mas ainda humano
E vai virar deus

Quero teus 95%
Como a sacada que ainda não é sucesso
(E que não sabe ao certo se será)
(Mas será)

Como o assassino que não ama a morte
Mas contempla o grito
Como uma história de terror sinistra
Que não mostra o bicho

Quero teus 95%
Essa beleza perfeita incompleta
Quero essa Luz da Lua quase cheia
Iluminada pelo entardecer

--Cárlisson Galdino

Engenho: 

Ataque dos Emoticons

No reino das palavras, uma angústia despertou
O chão estremecia quando longe lá se viu
Monstrengos caricatos, despertos de seu torpor
Marchando pelas terras, armados, de olhar febril

E o povo da cidade, desespero, medo e dor
O Fórum da Retórica sozinho já caiu
Toda a população busca um porto salvador
Na Casa dos Gramáticos ela se reuniu

A horda finalmente se espalhou pela cidade
Quebrando chão e muros como fossem de isopor
As palavras das ruas não tiveram piedade
Quebradas, destruídas por espadas de kendô

Olhando assim de perto para os monstros, na verdade
São formados de letras como todos ao redor
De letras e sinais de pontuação, de igualdade
Mas impronunciáveis, como monstros de terror

Na Casa dos Gramáticos, os muros por um fio
Lá fora ninguém sabe se ainda existe uma cidade
Pra ouvir o grande sábio, o povo se reuniu
Ele então fala com tristeza e solenidade

"Nós todos temos medo, nosso futuro é sombrio
Lá fora não há monstros, só crias da Liberdade
Que vêm pra mudar tudo o que até hoje existiu
Pra nos substituir, numa nova sociedade"

-- Cárlisson Galdino

Para o Bem da nossa Educação

Era uma vez, numa terra distante, de maus governantes, preconceito e opressão, um conjunto de deputados que elaborou e votou uma lei para impor “tradição”. Desde aquele dia, professores não poderiam mais falar sobre temas polêmicos em sala de aula. Nada que desagrade certos grupos políticos, certos preconceituosos e certas religiões. E assim era aula a partir de então...

Na aula de hoje
De Biologia
Veremos que um dia
Muito tempo atrás

Homens naturais
Nenhum existia
Na terra se via
Só seus ancestrais

Quaisquer animais
(Pois nada igual fica
Genética explica)
Sofrem evolução

- Não pode não! Isso é doutrinação!
- Cale o professor pro bem da nação!
- Os deputados já disseram: não!
- Tudo pro bem da nossa educação!

O aluno Odair
Não gostou do tema
Mas não tem problema
Vamos pra outra agora

Na aula de História
Vamos ver de fato
Em 64
Como foi o enredo

O mundo com medo
Do tal Comunismo
Assim num abismo
Saltou o Brasil

O exército, vil
Resolveu bater
Tomando o poder
Num golpe de estado

- Não pode não! Isso é doutrinação!
- Cale o professor pro bem da nação!
- Os deputados já disseram: não!
- Tudo pro bem da nossa educação!

Desculpa, Sofia
Que besteira, gente
Seu pai é tenente
Esqueça isso, então

Vai ter revisão
Pra não ter intriga
Lá pra Grécia antiga
Da Filosofia

Cês sabem que havia
Em Atenas o ensino
Com mestre e menino
Sendo o aprendiz

Mas o que se diz
Do ensino informal
É que era normal
A pederastia

E mesmo se havia
Devemos aos gregos
Cultura e segredos
Escola e ciência

- Não pode não! Isso é doutrinação!
- Cale o professor pro bem da nação!
- Os deputados já disseram: não!
- Tudo pro bem da nossa educação!

Kássia, sua família
É do culto e prega
Que a vida gay leva
Sempre à perdição?

Desculpe-me então
Avanço a História
E vamos pra hora
Das grandes cruzadas

A Igreja em jornadas
Pelo exterior
Depois foi pior
Com a Inquisição

Com morte, opressão
Parece loucura
Ter tanta tortura
Em nome de Deus

- Não pode não! Isso é doutrinação!
- Cale o professor pro bem da nação!
- Os deputados já disseram: não!
- Tudo pro bem da nossa educação!

Wando, isso é mentira?
Tortura não teve?
E paga quem deve?
Morreu quem devia?

Vou pra Geografia
História mais não
Abram na sessão
Sobre a Inglaterra

Um tanto de terra
No mar recolhido
Forma o Reino Unido...
Oi, Riko? Pois não!

Bacana a questão!
Ainda hoje em dia
Há a Monarquia
Que hoje tem lá

E é parlamentar
Vejam na tabela
Pois mostra bem nela
O gasto e progresso

Cada país, peço
Pra comparar bem
Dizendo se tem
República ou rei

Trabalho que eu dei
Deem opinião
Qual melhor gestão
Pra nos governar

- Não pode não! Isso é doutrinação!
- Cale o professor pro bem da nação!
- Os deputados já disseram: não!
- Tudo pro bem da nossa educação!

Esqueça o trabalho
De Geografia
Pra Biologia
Volto com certeza

Pois na Natureza
Existe harmonia
Em tudo… Sofia?
Cê quer perguntar?

Se entre bichos há
Gays como os humanos?
Pois então, vejamos
Você e os demais

Entre os animais
Tem poucos, mas tem
Entre eles também
Sei que é natural

- Não pode não! Isso é doutrinação!
- Cale o professor pro bem da nação!
- Os deputados já disseram: não!
- Tudo pro bem da nossa educação!

Ô Kássia, de novo
Eu falei “besteira”
Por favor não queira
Ter raiva hoje não

Mudando de mão
Vamos pra cultura
Pra Literatura
Que mal eu não fico

Olha só! O Chico!
Vamos ler então
O “Chama Ladrão”
E interpretar

- Não pode não! Isso é doutrinação!
- Cale o professor pro bem da nação!
- Os deputados já disseram: não!
- Tudo pro bem da nossa educação!

Sofia, está bem
Foi só dessa vez
Vou pro Português
Não falo mais disso

Hoje o compromisso
Para este momento
É de tratamento
Que gênero usar

Uriel, quer falar?
Se é masculino
Ou se é feminino
Que se deve usar

Quando precisar
Falar com José
Que virou mulher
Como proceder?

O que sei dizer
Questão de respeito
É chamar do jeito
Que o outro quiser!

- Não pode não! Isso é doutrinação!
- Cale o professor pro bem da nação!
- Os deputados já disseram: não!
- Tudo pro bem da nossa educação!

Turma, me perdoe
Não dá pra ensinar
Eu vou me mandar
Vou ser camelô

A lei que chegou
Não dá mais espaço
Não sei o que faço
Pra ensinar direito

Já vou, não tem jeito
Desejo boa sorte
A quem se comporte
Qual fosse um robô

Sei que assim não sou
Mas no nosso estado
Quer um deputado
Uma escola plena

Que é grande e pequena
Um sonho divino
De terem ensino
Sem ter professor

-- Cárlisson Galdino

Gênero: 

Os Ratos de Zuckerberg

 

Vivendo numa bolha
Os Ratos de Zuckerberg
Que aplaudem a Internet
Internet de ilusão

As buscas são fajutas
Baseadas em seus gostos
Só mostrando os resultados
Que replicam sua visão

E mesmo os revoltados
Que lutam contra o sistema
Não percebem que o Poder
Vê e estuda sua ação

E vivem nessa bolha
Os Ratos de Zuckerberg
Ó que jaula voluntária
De estudar População


-- Cárlisson Galdino


E os atores de sempre - e os novos - querem te manipular, de maneira ilegal, na política.

Nas redes sociais privadas e nas ferramentas de busca privadas você é manipulado. A espionagem é enorme nessas redes sociais, mas a ela alcança você por outros meios também, como a telefonia móvel e o tráfego de Internet. Basta visitar sites como Tor e Linux Journal que você entra na "lista negra" da NSA.

Engenho: 

Dois Mundos

Serpentinamente saltitando pelo chão
Sei que vem e sempre traz mais outro pra prisão
Crendo ser o mundo mundo torto, pra ele certo
Crendo estarmos nele todos nós, os vossos servos

Mas quem crê na vida tem mais força pra lutar
Que quem se diz Força e chega bravo ao nosso lar
É, quem crê na vida e num futuro forte e vivo
Consegue fazer real um sonho coletivo

-- Cárlisson Galdino

O Duelo da Estrela

A espada pesa, o ombro
Não é o aço
Mais um passo, um tombo
E outra reza

Vem de assalto um medo
Desanima
Em cima do rochedo
Grita alto

Pesa a espada, o peso
De um sertão
O coração aceso
É a enxada

Vem com banal bravura
Traz a lança
Distância não dura
É o rival

A espada: peso morto
Em sua mão
O medo não é do outro
É da mancada

-- Cárlisson Galdino

Escalando

Mas quanto que custa
U'a lança de justa
Sublime e robusta
Pro meu pelotão?

E quanto dinheiro
Me paga um arqueiro
De tiro certeiro
Perfeita visão?

E um grupo guerreiro
Exército inteiro
Armado e ligeiro
De espada e canhão?

Pois bem menos custa
A quem você assusta
Se uma causa injusta
For o seu brasão

-- Cárlisson Galdino

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