O Monstro da Igreja

Special: 

Cidade de Jetitotú. Uma cidade comum, com sua praça, sua igreja ao deus Kualkèr e sua taverna. Claro, e seus moradores. Pessoas sofridas que vivem sua vida do campo, plantando e colhendo. Pessoas que têm que se esforçar para viverem cada dia e, como se não bastassem as dificuldades, ainda tem que lidar dia a dia com um monstro.

Mas a aflição tem seus dias contados, pois pela estrada vem o bravo guerreiro Pruph com seu cachorro Oko.

Ele não entra pela entrada principal da pequena cidade, mas logo vem ele pela entrada que passa perto da prefeitura. Com seu machado nas costas e sua cara de mal ele não para até chegar à praça.

Pelo caminho já ouve o que anuncia o seu destino exato.

As pessoas reclamam.

- Quando é que ele vai embora?

- É verdade que ele matou o Eguelú pra ficar no seu lugar?

- Ninguém sabe! Ninguém sabe! É mesmo uma criatura horrenda!

Pruph infla o peito e grita:

- Onde está o monstro?!

Todos apontam para o seu destino: a igreja.

- Oko?

Mas o pobre cão apenas se senta e começa a coçar a orelha.

- Oko!?

O animal não reage.

- Oko!

Girando a cabeça lentamente na direção de Pruph, o cachorro começa a rosnar. Logo se deita.

- Oko!

Pruph bota seu machado dentro da mochila (é, ele é maleável) e caminha até o pobre dorminhoco animal. Então o levanta do chão e o joga também dentro da mochila, comentando com desprezo a situação.

- Oko! Onde está o monstro!

Com satisfação o herói caminha em direção à tal da igreja para dar cabo do sujeito maligno que assusta a cidade. Sim, é a ingrata tarefa dos heróis lidar com essas bestas estranhas e ele não teme.

À porta do templo ele para e pega novamente o machado. Em um golpe, estilhaços da porta se espalham e a luz ilumina o lugar.

- Quem está aí?

- Eu sou Pruph, matador de monstros!

- Mais outro... Bem, temos que lidar com isso, não é mesmo? Pelo menos você sabe falar!

Há cinco fileiras de bancos e, lá na frente, o monstro terrível espera. Uma múmia azul.

- É uma vida muito ingrata essa de monstro. Não temos nem com quem conversar. De onde você vem?

- Onde está o monstro!

- Tudo que é bom dura pouco mesmo... Devia ter imaginado que não sabe falar mais nada. Humanos são deprimentes. Heróis são mais ainda.

- Eu sou Pruph, matador de monstros!

- Tá, e a mocinha sabe falar mais alguma coisa?

Pruph para por instante, então joga a mochila no chão para fazer deslizar seu conteúdo, incluindo seu querido animal, que gira no chão como uma trouxa de pano.

- Oko!

O cachorro levanta a cabeça, olha ao redor e arqueia uma das sobrancelhas com desdém. Logo volta a dormir.

- O que você quer aqui? Me derrotar? Criatura estúpida! Nunca vai conseguir me vencer! Eu sou superior!

- Eu sou Pruph, matador de monstros!

Tomado de fúria, Pruph corre em direção ao maligno, cravando o machado no pé enfaixado azul. Só então ele percebe algo novo. O monstro é enorme! Tem mais de dois metros de altura, apesar de ser uma múmia (e apesar de ser azul).

O monstro abre a boca, mostrando seus dentes (que não são azuis, naquele tempo ainda não havia essas tecnologias todas).

- Você! Você é mais forte do que eu pensei que fosse! Mas não vai me derrotar, como eu já disse!

Com grande violência, a múmia ergue seu braço e desce velozmente contra Pruph. O pobre herói vê aquele golpe inevitável prestes a acontecer e faz a única coisa que poderia nessa situação.

- Arghhh! Você me mordeu!? - Horrorizado, o monstro recolhe a mão, olhando para Pruph ofegante. - Você me mordeu, criatura estúpida! Você! Você é um herói! Quem devia morder era ele!

Oko abre os olhos, ainda deitado à porta da igreja, olha um pouco a cena e volta a dormir. Pruph sorri malicioso diante do comentário. Pena que esse sorriso não consegue protegê-lo de um belo chute da múmia, que faz com que ele voe alguns bancos depois.

- Eu sou superior! Já disse! Não acredito que você me mordeu! Droga! Olha só pra isso!

Ele caminha até o altar, mancando com o pé machucado e com a os esparadrapos azuis da mão se soltando.

Pega um frasco vermelho pequeno que estava ali na mesinha e o toma. A mão se cura e os esparadrapos se fecham misteriosamente, deixando a mão totalmente ilesa e sadia.

Então ele se volta para Pruph e o vê ainda jogado, tentando se levantar.

- Agora tenho que dar um jeito em você, criatura estúpida! Não saia daí.

Antes que consiga se aproximar, porém, Pruph já está de pé heroicamente. Pronto para cumprir com sua nobre missão de eliminar essas criaturas monstruosas. Em especial, essa criatura monstruosa azul.

- Eu sou Pruph, o matador de monstros!

- Tá, tá, você já disse isso, criatura estúpida! Você acha mesmo que vai conseguir me derrotar?

Num grito bárbaro de “Okoooooooo!” Pruph salta novamente com seu machado. O monstro arregala os olhos e tenta pôr as mãos na frente para defender o golpe, mas o golpe ainda assim o acerta em cheio.

Instintivamente, o monstro vira as costas e olha a mesinha no altar. Não há mais outro frasco como aquele de antes. Ele olha novamente Pruph, que vinha atacando de novo. O machado acerta o chão e o monstro encara novamente a mesinha. E o Pruph. E a mesinha. E o Pruph. Ele simplesmente não sabe mais o que fazer.

- Para! Por que você quer me matar, criatura estúpida!? Eu sou um ser soberano, sou um nobre descendente da dinastia dos Monstros-Múmia Azulânticos e nada fiz contra você, apenas estou aqui na minha cidade, na minha casa e...

O machado cai em sua cabeça, dividindo-a em duas e o derrubando no chão. O fluido azul de seu sangue se espalha rapidamente por ali. Após um brilho em Pruph e Oko, Pruph tira o machado e encara o monstro derrotado. E antes de ir embora dali ,ele ainda, com aquele mesmo olhar malicioso de antes, fala:

- Criatura estúpida!

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