Infoway

Que vida! Basta usar minha habilidade uma vez e o mundo tecnológico cai em cima de mim. Para escapar de um desabamento, entrei em uma linha telefônica. Graças a tantos computadores em rede, com esforço, consegui sair em algum lugar no México. Foi um saco! Imagine ter que explicar pra um usuário de computador como apareceu do nada no seu quarto trancado a chave. E o que faz lá. Um pouco complicado, mas consegui realizar também essa façanha. Você deve estar se perguntando: "Entrou numa rede telefônica? Do que diabos você tá falando?" Olha, na verdade é bastante simples: matéria vira informação, informação vira matéria. Simples, não? Só não me pergunte como isso acontece. Sabe como é, já tenho muito mais com o que me preocupar: FBI, NASA e outras trocentas organizações que não largam do meu pé.

Meu nome não é muito importante. Conhecê-lo será de pouca utilidade. O que quero é registrar parte da minha vida, talvez a mais importante, em um "diário de bordo". Pensei: Bem, se o capitão Kirk pode ter um, então eu, que viajo por onde nenhum ser orgânico jamais esteve, por que não poderia?

Dia: péssimo. Hora: cedo da manhã. Nada de "diário de bordo, blá, blá, blá, blá". Vamos direto ao assunto. Sete horas da manhã e alguém bate na porta. "Quem poderia ser?" - perguntei-me. Fui até lá, olhar pelo visor: homens de terno azul-escuro, só pra variar. Certamente é mais uma organização que me detectou. Preparei um bom presente pra recebê-los. Bomba caseira... Simples, porém eficaz. Não é possível que tenham cercado a casa: é provável. Mas felizmente eles não conhecem minha saída de emergência. Meu dom? Não, nada de digitalização por hoje. Essa saída eles conhecem, e devem estar esperando que eu entre para deletar a maior quantidade possível de informações relacionadas a mim. Nem quero imaginar como seria entrar inteiro e sair com um braço, um fígado a menos...

O plano é simples. Eu deixo a bomba na sala, atrás da estante. Enquanto o relógio corre, eu vou até o fosso secreto. De lá eu vou pelo esgoto (eu sei: é nojento!) até uma das margens da cidade. Simples. Daí pra frente é que eu não sei. Bem, já que não vai adiantar nada tanto planejamento se eu não agir logo, lá vou eu. Bomba em posição. Vai nascer em quatro minutos. Corro para a cozinha e movo uma parte da parede (calma, é de madeira). E lá está o corredor e a escada, verticais. Fecho a parede e começo a descer. Daqui já começo a sentir o cheiro desse "maravilhoso" lugar. É, tudo na vida exige sacrifícios. E esse sacrifício será para que eu possa continuar vivo. Tudo bem, eles não me seguiriam por aqui. Aliás, vai demorarar para que achem a parede.

Finalmente, já não aguentava esse mal cheiro. Já posso ver um possível fim para esse pesadelo. Uma escada. A bomba? Já explodiu faz uns minutos. É que foi uma explosão tão fraca que nem teve graça... Por isso não falei, mas já estou longe o suficiente de casa e, além do mais, sei lá! De repente, se eu corro demais eles se ligam que fugi e começam a buscar bueiros. Aí é que ia ser. Bem, saindo agora... Uma velha se assusta com minha saída do bueiro, mas tudo bem... Podem se assustar à vontade por enquanto, desde que não estejam mais por aqui quando os caras vierem.

Bem, aí chegamos ao momento difícil: saí, mas e agora? Estou fedido entre dois edifícios de apartamento. Sorte que a rua não é muito movimentada e quase não passa carro. Parece até um beco sem saída! Pronto, agora a velhinha entrou em casa apressada.

Sorte coisa nenhuma! Eu tenho ótima intuição! Onde já se viu isso? Bem, eu posso entrar num dos dois prédios depois de tampar o bueiro, pra começar. Acho que é uma boa idéia sim.

Uma porta dos fundos aberta! Era tudo o que eu queria... Escadas e mais escadas. Claro que é melhor ir por elas! Elevadores podem enguiçar, além de levar gente. Não se sabe quem vai aparecer quando as portas abrirem e o ambiente fechado tornaria o mau-cheiro de esgoto insuportável. Conclusão: escadas são mais cansativas, mas são muito mais seguras!

Claro! Por que não pensei nisso? Esse prédio não parece um prédio moderno e de moradores da alta sociedade. Então deve haver varal lá na cobertura! Se tiver sorte acho até roupa. É, eu sei que sou um gênio...

Minha genialidade acaba de me dizer uma coisa que me deixou preocupado. Bem, há helicópteros e será que eles não colocaram uns deles aqui por perto? Depende. Se eles achavam que eu estava na casa, acho que não; mas se eles tinham certa certeza...

Ah, mas vou lá mesmo assim, pois isso aqui está horrível. Mas e banho? Seria bom uma ducha agora, mas acho que não vai dar não... De qualquer forma, só trocar essa roupa fedida já vai ajudar pra caramba. E se eu estiver com sorte mesmo, vou encontrar até alguma coisa pra eu me molhar um pouco.

Que maravilha! Como eu ia imaginar isso?! Um tanque de lavar roupas!? Aqui em cima! Ah, mas isso é muito melhor do que eu esperava! Vai dar pra me molhar um pouco!

Desculpe a euforia, mas é que isso é ótimo! Bom, vou me lavar. Tem até o sabão!

- La-ra-rá! La-ri-rí! Eu não tenho mais que andar tão... Sujo assim!

Nenhum helicóptero. Mas que droga! Não tem nenhuma roupa que preste nessa porcaria de varal! Lençol, lençol, uma bermuda... Será que dá em mim? Camisa não tem, mas aquilo ali parece um casaco. A bermuda deu bem, mas o casaco parece que ainda está muito úmido... E é feminino! Ah, mas que porcaria! Que tipo de gente lava a roupa e não pendura nenhuma camisa que seja?! Só um monte de lençóis, uma bermuda e essa porcaria de casaco feminino! Acho que tem alguns andares aqui sem moradores, só pode ser isso!

Detesto isso... A roupa já está esquisita... Vou ter que bancar a bixinha, senão vai ficar mais esquisito ainda. Opa, minha carteira na outra roupa! Já ia me esquecendo! Como faço pra... Já sei! Vou fingir que vim lavar minha roupa: já está molhada e isso basta! Pronto, agora coloco nesse balde aqui com água e deixo aqui perto do tanque. Tudo bem natural...

Agora é melhor eu dar no pé! Bem, vou lá. Epa! Barulho na escada! Vem alguém aí e eu quase pego a maçaneta... Bem, melhor correr pra trás da "caixinha de desembocar escada"...

A porta abriu... É uma gordinha de avental. Ela foi pegar os lençóis... Parou!

- Ôxe! Será que a Selminha já pegou a jaqueta dela? ... Mas não dava pra ter secado tão depressa, não... Deixa pra lá, Creuza, é melhor tu cuidar é do serviço mesmo...

Pronto, ela desceu. Vamos lá... Vou contar de um até dez pra descer também: um - é melhor deixar a cidade logo, ir pra outra mais tranqüila e alugar uma casa -, dois - também é bom eu passar numa loja pra comprar uma roupa que... Ih, sujou! Tem conversa não, vou entrar na casa. Bom, uma rebolada e uma desmunhecada pra disfarçar... Pronto! Passei. Fechei a porta com cuidado e aquela mulher já está um andar abaixo do meu, nas escadas. Acho que ela não ouviu nada não...

Ah, sabe o que foi que teve lá em cima? Um helicóptero estava vindo nessa direção, mas não deve ter problema nenhum não, ele estava longe. Mas pra previnir...

Bem, vou descendo... Com cuidado... Preciso passar em algum lugar pra comprar roupa. Também acho que seria uma boa hora pra cortar o cabelo...

Opa! Mas ela entrou em um apartamento! Vou passar em frente dele daqui a pouco. Pronto, menos um perigo agora.

- O que... Ei!

Ahhh... Você nem imagina o que aconteceu. Uma gata abriu a porta bem na hora que eu ia passando. Antes que ela gritasse eu aproveitei o susto e beijei sua boca espantada. A técnica é: se assustou? Uma surpresa pra tirar a fala mesmo. Agora é correr enquanto ela está parada lá na porta. Claro! Agora ela não sabe o que fazer. Nota: isso não funciona com qualquer um não. Tem quer ser bom como eu.

Saindo do prédio. A rua está ali. É só caminhar pela rua rebolando um pouco. Tudo bem que as pessoas me olhem de jeito estranho. Melhor do que ser pego pelos caras. Também! É só caminhar até achar um... Ah, esquece! Se eu mudar de roupa não acho que consiga um disfarce tão bom. Está bem assim.

Cabeleireiro? Não! Vai... Espera um pouco! Vai melhorar ainda mais meu disfarce! Claro que vou entrar nesse salão!

- Ei, gente, eu quero um corte bem legal e curtinho. Tem tintura?

- Tem. Que cor?

- Ah, não sei. Qual a que combina mais comigo?

Bem, tá aí! Sabia que aquelas feiras de artes da escola iam servir pra alguma coisa. Acho que não estou nada mal no papel... Mas se liga que é só o papel, falei? Bom, vou pintar o cabelo de alguma cor berrante, sair rebolando pela rua e pegar um taxi. Eles não vão achar que eu tenha coragem de fazer isso e vão procurar o perfil errado. Agora a pergunta sobre sair da cidade. Onde eles devem estar vigiando? Rodoviária e aeroporto, claro! O ponto das bestas? Esquece, cara! Devem estar de olho lá também, mas não esquenta não que eu tenho a saída. Meu poder? De jeito nenhum! Não sei quando vou poder usar aquilo de novo! Espero que seja antes da Internet 2... Não esquenta não que eu tô salvo. Assim que sair daqui eu me mando e ninguém vai na minha cola, afinal, todo mundo sempre esquece que nós temos um sistema ferroviário...

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