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CyanZine 11.3 - Technomyrmex Ilgi

A ideia do CyanZine veio nesses últimos meses. O princípio é produzir uma revista eletrônica a partir de posts diversos, do meu próprio site e de diversos blogs que permitam legalmente isso e constituindo uma seleção de artigos. Claro, podemos ter contribuições, desde que se adequem à linha editorial.

 

Sendo um “projeto de uma pessoal”, dou-me ao direito de selecionar artigos que condigam com a forma como penso, evitando publicação de posts que me pareçam equivocados (como por vezes acontece em revistas de muitos colaboradores).

Pelo menos de início, portanto, o CyanZine vai funcionar mais ou menos como o CyanCD funciona. Enquanto o CyanCD é uma coletânea atualizada de softwares livres para Windows, o CyanZine será uma coletânea de posts.

Outra decisão referente ao CyanZine é a adoção do formato ePub como formato principal de distribuição. Sim, porque o ePub, além de ser um formato aberto de livro digital, é também um formato mais adequado do que, por exemplo, o PDF. O texto se adequa bem a qualquer dispositivo de leitura, sem dramas. É desta forma que, para incentivar um padrão aberto e divulgar essa ótima tecnologia, o ePub será o formato principal de distribuição do CyanZine. Alternativamente, disponibilizarei também um PDF. Porém, não espere para esse PDF uma “diagramação” como em revistas impressas. O nosso foco aqui é o conteúdo!

Também falarei no CyanZine da minha produção artística, além de manter uma coluna falando especialmente do CyanCD. A liberação de versões do CyanZine estará totalmente vinculada à liberação de versões do CyanCD, sendo os dois publicados sempre juntos.

Estou incluindo, nesta edição inicial, o primeiro capítulo do meu primeiro romance: Marfim Cobra. A ideia é fornecer para vocês uma leitura bacana a cada edição do CyanZine. Como o formato ePub, a meu ver, é bem agradável de se ler, especialmente em dispositivos apropriados para leitura digital, vou publicando essa sessão “Dose de Leitura”. De início, o Marfim Cobra, depois a gente passa para outra obra.

Como já mencionei antes, aceito contribuições de artigos, desde que se adequem à temática da revista, que por enquanto é indeterminada, mas que se pode deduzir um alinhamento temático simplesmente pela análise geral dos artigos que a compõem nesta edição inicial. Qualquer coisa, vocês podem entrar em contato comigo. E espero que apreciem este trabalho!

Baixe o CyanZine:

  • ePub (formato principal)
  • PDF (formato alternativo)
  • ODF (código-fonte)

Cordel Quilombola

Nossa história hoje começa
Muito além, além do mar
Numa Terra tão antiga
Terra de leão, jaguar
Elefantes e savanas
É nas terras africanas
Que tudo vai começar

Mas o que falo a seguir
Não é em nada ilusão
Este cordel é de História
Não fala de ficção
Leia tudo até o final
Este problema é real
E é causa de aflição

Mas chega dessa conversa
Vamos logo começar
A história dessa vez
Pois não gosto de enrolar
Eis o Cordel Quilombola
Tenha boa lida agora
Quem a ele se dedicar

Ó bravo povo africano
Forte e livre em seu lugar
Sim, nem sempre havia paz
Mas sabia guerrear
Com sua própria ciência
Seus costumes, sua crença
E seu modo de falar

Faziam sua própria história
Até vir um povo ufano
Trazido por águas turvas
Desse inconstante oceano
Com sua própria ciência
Seus costumes, sua crença
Diferentes do africano

Era esse o povo branco
De bravos navegadores
Orgulhosos das proesas
De suas crenças, valores
Que cegos pela vaidade
Perderam a humanidade
E empreenderam horrores

Para expandir seu império
Têm que ter trabalhadores
Os mais baratos possíveis
Mas fortes como tratores
E na ganância da ideia
Planejaram uma odisséia
De um caos viraram atores

Estimulando o combate
Entre tribos que eram amigas
Compravam presos de guerra
Das tribos que eram vencidas
Partiam barcos ligeiros
Levando um povo guerreiro
Para lhes dar nova vida

Eram navios reforçados
Orgulho de um povo inteiro
Guiado por homens maus
Desses porcos traiçoeiros
Que levavam os sequestrados
Nesses barcos lá chamados
Por eles navios negreiros

Nas colônias, povo negro
Com seu passado glorioso
Virou escravo dos brancos
Explorados até o osso
Sem ter ninguém que os salve
Ó que vida, Castro Alves!
Ó que destino odioso!

Trabalhando nos engenhos
Como fossem animais
Qualquer erro ou cansaço
Vinha logo o capataz
Se do chicote servido
Era o mais leve castigo
Pois havia muitos mais

Se o senhor daquele engenho
Gostasse de uma escrava
Levava a seus aposentos
E a agredia e estuprava
Sua família na senzala
Vendo o capataz levá-la
Não podiam fazer nada

Foi então que começaram
A testar a própria sorte
E fugir dessas fazendas
Num grande risco de morte
Por pura necessidade
Mas a tal da liberdade
Era o desejo mais forte

Fugindo só não deu certo
Podiam levar um tiro
E se escapassem com vida
Onde iriam? Que retiro?
Pois eram recuperados
E os castigos mais pesados
Eram prêmio garantido

Começaram a se juntar
Todo negro fujitivo
Numa vila independente
Para se manterem vivos
Quilombos eram chamados
Esses lugares criados
A esperança dos cativos

Quilombos foram surgindo
Combatidos com crueldade
Os senhores de escravos
Não mostravam piedade
Contra eles, que brigavam
Pois tudo o que desejavam
Era ter a liberdade

Foi mesmo um grande caminho
Pra acabar a escravidão
Por medo da Inglaterra
Proibiram importação
Punindo o navio negreiro
Capitão e o povo inteiro
Envolvido na infração

Pouco a pouco foi chegando
A liberdade sonhada
Mas para isso foi preciso
Muita luta e muita estrada
Muito sangue correu o chão
Muitos mortos sem caixão
A disputa foi pesada

Os intelectuais
Brigavam lá no senado
Eram os abolicionistas
Que lutavam de bom grado
Contra os colegas de lá
Faziam o que precisar
Pra libertar os escravos

Assim leis foram surgindo
Em auxílio àquela gente
Foi a Lei do Ventre Livre
E outras vinham mais à frente
Mesmo sendo complicado
Cobrar que fosse aplicado
O que a Lei diz tão solene

A Lei Áurea foi, por fim
A que abriu portas no céu
Lhes dando a liberdade
Tudo justo no papel
Decreta com precisão
O final da escravidão
Pela Princesa Isabel

Assim o tempo passou
Tudo passa nessa vida
E o negro hoje é igual
A vitória é conseguida
E sendo assim, desse jeito
A todos, iguais direitos
A todos, igual medida

Claro que o pior passou
Mas e tudo o que foi feito?
E a cultura violada?
E os anos de preconceito
Desde um tempo mais distante
E ainda hoje está tão grande?
Como está está direito?

Muitos negros hoje vivem
Na luta, aqui, na marra
Na nossa sociedade
Com orgulho e muita garra
Honestidade e respeito
Mesmo assim, há preconceito
Essa vida é uma barra

Outros ainda têm raízes
No passado, suas nações
E se orgulham de manterem
Seus valores, religiões
Seus costumes, seus assuntos
E se agrupam, vivem juntos
Pra preservar tradições

São estas comunidades
Quilombolas conhecidas
Por alguns, por outros não
É onde eles levam a vida
De artesanato e plantio
Há várias pelo Brasil
Mas sua luta é sofrida

É desde oitenta e oito
Pra reparar todo o erro
Cometido contra todos
No passado que o Governo
Reconheceu de verdade
Diversas comunidades
Quilombolas nesse termo

É nesses "novos quilombos"
"Aceitos" pelo Estado
Que vivem os quilombolas
Mantendo vivo o passado
A cultura e o restante
Tudo aquilo que é importante
Não dá pra deixar de lado

Mesmo a constituição
Reconhecendo o direito
Dessas tais comunidades
Nem tudo saiu perfeito
É enorme o tormento
Pra ter reconhecimento
De uma terra desse jeito

Ainda são poucos terrenos
Que estão legalizados
Esse "aceite" do Governo
Não é fácil nem folgado
De todas as formas, tentam
Mas tanto problema enfrentam
É um fim de mundo danado

O Governo tem a verba
Própria pra auxiliar
Gente de comunidades
Quilombolas, sempre há
Mas tem que pedir primeiro
Formalmente e o dinheiro
Parece nunca chegar

Pra completar esse quadro
De tanta dificuldade
Ainda há certos doutores
Que vêm da Universidade
Com projetos tão enormes
Recolhem verba e se somem
Nada chega na verdade

Alguns ainda se aproveitam
Da cultura popular
Das pessoas quilombolas
Colhem plantas do lugar
Falam com o povo local
Sobre o uso medicinal
Pra depois patentear

O que tem desses projetos
Bonitos, são quase um céu
De plantio, de benefícios
Tudo lindo no papel
Vem a verba e, então, agora
Todo mundo vai embora
Nem centavo no chapéu...

Pena que todos esquecem
Que essas comunidades
Cada uma é diferente
Tem próprias necessidades
Não se pode assim tratar
Sempre a generalizar
Não ajuda: eis a verdade

Parece que não notaram
Que toda aquela gente
São pessoas, mesmo tendo
Uma cultura diferente
E precisam de respeito
Isso é de todos direito
Mais respeito urgentemente!

O povo negro sofrendo
Pra ajudar, Governo vem
Parece que só pensaram
Num "nome bom", nada além
"Pra ficar bonito agora
Chão de preto é quilombola"
Isso enche a pança de quem?

E esses projetos fajutos
Que vêm sempre procurar
As pessoas quilombolas
Pra no fim só explorar
Criem vergonha na cara
E o Governo, olhe para
Punir quem quer enrolar!

Já passou mais de um século
Que a escravidão findou
Com ela a desigualdade
Ou era o que se pensou
Pois a ver a trajetória
Ao consultar a História
Me pergunto: o que mudou?

Special: 

Do Livre e do Grátis

Cordel Do Livre e do Grátis

No mundo tecnológico
A gente escuta falar
Sobre um monte de programas
Que se pode utilizar
Sem precisar muito esforço
Nem botar a mão no bolso
Isso costuma animar

São programas mais diversos
Que muitos chamam de "free"
Mas isso tem um problema
Que está na palavra em si
Pois esse "free" pode ser
Livre ou grátis, e você?
Você sabe diferir?

Pois é disso que se trata
Esse cordel na sua frente
Vou te mostrar com cuidado
Que é muito diferente
Livre e grátis, mesmo que
Em inglês chamem de "free"
Português é mais decente

Ao conseguir um programa
Sei que isso é bem confuso
Mesmo quando você compra
É o programa que é incluso
Pois saiba que o principal,
O que se compra afinal,
É a Licença de Uso

Isso é um documento
Que te diz em legalês
O que pode ou não fazer
Documento que alguém fez
São deveres e direitos
E assim não tem mais jeito
A não ser seguir as leis

Se o programa é colocado
Num site da internet
Pelo próprio fabricante
Pra que todo mundo pegue
"Estou livre", você pensa
Mas ainda tem licença
Que você se compromete

Quando se diz de um programa
Que é gratuito, quer dizer
Que não precisa dinheiro
Para aquilo a gente ter
Mas aquilo não é nosso
Não quer dizer que eu posso
Fazer tudo o que quiser

Grátis é sobre dinheiro
O que é livre é pra voar
O grátis é pessoal
Livre é pra compartilhar
Os dois têm o seu limite
Mas o do livre existe
Pro direito propagar

Para você ver melhor
A diferença tão viva
Entre o livre e o grátis
Vou parar a narrativa
Pra do jeito que eu puder
Te explicar quando é
Que um programa é livre

Para ser considerado
Sendo livre de verdade
Um programa tem que ser
Pela solidariedade
Quem recebe um desse jeito
Tem que ter certos direitos
São as quatro liberdades

A primeira liberdade
Fala da utilização
De usar esse programa
Sem ter qualquer excessão
Em qualquer necessidade
Pra qualquer finalidade
Em qualquer situação

A segunda liberdade
Tem a ver com o estudo
Entender como ele é feito
E se eu quiser eu mudo
Para ver no que é que dá
Também posso melhorar
Podemos bolir em tudo!

A terceira liberdade
É a de distribuir
Para quem você quiser
Quem quiser adquirir
Multiplicar, quem diria?
Não é mais pirataria
Pelo menos não aqui

A última liberdade
É para a evolução
Pra melhorar o programa
Aumentando sua função
E a sua utilidade
E no fim, a novidade
Espalhar com satisfação

Todo software livre
Vem também com uma licença
Mas como há muito programa
Seguindo a mesma sentença
Licenças são reusadas
Facilitando a jornada
De quem lê cada licença

Também ele dá acesso
À forma como foi feito
O tal de código-fonte
Pra usarmos os direitos
Pode ser inspecionado,
Espalhado, melhorado,
Socialmente ele é perfeito!

Para um programa ser grátis
Há mil modos, mil efeitos
Pra facilitar o estudo
Separamos em conceito
Porém, veja se não pensa
Que usam a mesma licença
Eles não são desse jeito

Existem uns limitados
São sharewares e demos
Existem na versão paga
E essa outra que nós vemos
É a versão mutilada
Que eles deixam limitada
Pra que nós experimentemos

Há quem limite os recursos
Escondendo alguns botões
Outros limitam no tempo
Ou contam execuções
Pro usuário acostumar
E depois ter que comprar
Pra não ter limitações

Há os que são freewares
São gratuitos pra usar
Alguns pedem doação
Ou um convite pro bar
Talvez um cartão postal
Mas é sempre opcional
Só se o usuário gostar

É legal por ser de graça
Mas cabe a preocupação
E se não for mais assim
Em uma nova versão?
E acontecer de a gente
Se tornar bem dependente
Como fica a situação?

Outra coisa a estar atento
Em programas desse tipo
É sobre a situação
Em que isso é garantido
Ele é grátis para quem?
Nisso limitam também
Esse povo é bem sabido

Tem grátis que só permite
Que a gente use em casa
Grátis só para os States
Grátis, mas não para a NASA
Grátis só pra educação
Só pra uma instalação
Que se leia e que se faça

E o programa, sendo assim
Quem garante que ele não
Captura os seus dados
E manda pro Uzbequistão?
O programa é fechado
E a gente tá lascado
Se ele for um espião

Assim a gente percebe
Que nessa situação
Esse grátis é problema
Não é para tudo não
Você não pagou, tá massa
Mas mesmo sendo de graça
Ainda há limitação

Programas têm que ser livres
Você nota facilmente
Mas isso não quer diz
Dar o código somente
Há casos, na realidade.
Meia e falsa liberdade
É um problema recente...

O primeiro desses casos
Que eu irei relatar
É quando o programa é livre
Mas para modificar
Muita coisa necessita
Muita coisa que é restrita
Para poder compilar

De que adianta o direito
De mudar todo o programa
Se pra gerá-lo de novo
E dar vida às mudanças
Usa um compilador
Que o seu fornecedor
Tornou fechado, sem drama?

O programa será livre
Mas será bem limitada
Essa liberdade aqui
Não como ela é desejada
Pois você pode mudar
Mas pra mudança aplicar
Depende da presepada

Para evitar o problema
Meu caro programador
Escolha bem sabiamente
Dentre o que tem a dispor
As melhores ferramentas
Também livres, bem isentas
Que assim será melhor

Outro caso acontece
Lá nos Estados Unidos
Querem eles que aconteça
Em todo canto e sentido
A nova praga é somente
O uso da tal patente
Protegendo o algoritmo

O programa é escrito
É livre, pode olhar
Mas a tarefa que faz
Alguém em outro lugar
Teve a ideia primeiro
E foi correndo ligeiro
Para ela patentear

Assim o programa, livre
Tudo certo e ajustado
Precisa de uma licença
Para poder ser usado
Uma  licença diferente
Autorizando a patente
Vê que triste resultado!

A tal patente de software
Essa praga que se fez
Por enquanto aqui não vale
Mas pra esse mal não ter vez
Foi criada uma licença
Livre e livre da doença
É a GPLv3

Meu caro programador
Para evitar dependência
No seu programa, que é livre
Dessa armadilha tão tensa
O programa que criar
Quando você for lançar
Pode usar essa licença

Uma coisa que ela faz
Contra esse mal que foi dito
O direito da patente
Quando o software é cedido
Se o fornecedor tiver
Patente que se requer
Pode usar, está subentendido

Vejam como é complicado
Temos um nobre conceito
Que tanta gente defende
Pra nos garantir direitos
Mas também sempre vai ter
Um que queira distorcer
Só para tirar proveito

Caro amigo, pois prefira
Ser alguém com liberdade
Nunca foi questão de preço
Mas poder à Sociedade
Segurança e independência
Compartilhar a ciência
Pela solidariedade

Esteja atento toda hora
Pro que pode acontecer
Liberdade é valiosa
Cuidado pra não perder
Atenção a todo instante
Todo detalhe é importante
Ou pode se desfazer

Cuidado com as armadilhas
Que encontrar pelo caminho
Seja livre e se preocupe
Também com o seu vizinho
Valorize a Liberdade
Tenha solidariedade
Não se é livre sozinho

Special: 

Lowtech no Hightech

Lowtech no Hightech

Apresentei duas palestras no FLISOL aqui em Arapiraca ontem. Uma delas foi Do Copyright à Pirataria (depois publico os slides. Achava que já tinha publicado aqui, mas pelo visto não :-P).

A outra palestra foi Lowtech no Hightech, tratando de como truques e recursos de baixa tecnologia ajudam a vida de quem trabalha com alta tecnologia no dia a dia. Usem sempre recursos sob demanda!

Alagoas Digital 2009

Alagoas Digital 2009

Terminei não falando do evento aqui, mas houve esta semana (entre os dias 6 e 8) um evento de tecnologia em Alagoas, organizado pelo Governo Estadual.

Ministrei uma palestra lá na trilha do Software Livre, palestra entitulada: "Software Livre - Como chegamos até aqui" (obrigado, Wendell e Thiago Avila pela oportunidade!). Aproveito pra disponibilizar os slides da apresentação.

Foi legal rever algumas pessoas com quem trabalhei no passado, além de conhecer meu xará pessoalmente. É, o Karlisson veio de lá do Rio Grande do Norte para ministrar um minicurso sobre Inkscape.

Enfim, o Alagoas Digital foi legal, só achei muito direcionado para o Governo. Isso está longe de ser um aspecto negativo do evento, pelo contrário: se agradar instituições públicas, que é o público-alvo do evento, ele ganha força. Espero que consigam realizar uma segunda edição no ano que vem e que haja ainda mais espaço para Software Livre e para desenvolvedores.

Minicurso de Shellscript

Shellscript

Acabo de ministrar na UFAL um minicurso sobre ShellScript de 4h, no evento Aracomp 2009. Foi interessante e explanei desde conceitos básicos à sintaxe. Como sempre faço quando vou ensinar ShellScript a alguém, apresentei o boneco feito pelo Aurium. É que em ShellScript, Aurélios é que mandam (será que Júlio Neves também tem "Aurélio" no nome?). Depois da parte teórica, veio o intervalo e eu buscando uma tarefa prática (que não havia planejado de início). Resultado: pedi um navegador de arquivo simples em Zenity, que na verdade foi só um listador de arquivos.

No final foi bom, mas faltou um bocado de coisa. Algumas por lapso e outras pelo tempo ser realmente insuficiente. Ah, também vi que é mais interessante passar exercícios mais simples antes de exercícios como o que passei (e eu estava pensando em botar a turma pra fazer um cliente Twitter em ShellScript... Deixa pra lá :-P)

Espero que tenham aproveitado. Aqui estão os slides.

Levando o Mundo no Pendrive

Portable Applications

Durante o FISL deste ano, apresentei a palestra Levando o Mundo no Pendrive.Agora, finalmente, estou disponibilizando os slides a quem interessar.

O assunto também foi tema da apresentação Software Livre Portátil que fiz para o IV Evidosol. Em breve eles devem disponibilizar o log completo da palestra, como fizeram com as edições anteriores.

Falar em Evidosol, terminei perdendo o dia da minha palestra e fui realocado para o último dia do evento. Agradeço à equipe do Evidosol e peço publicamente desculpas pelo meu lapso.

Pense como um cientista da computação, usando Python

Livro em PDF

O livro "How to Think Like a Computer Scientist: Learning with Python", de Allen Downey, Jeffrey Elkner e Chris Meyers, trata de conceitos básicos de Programação, com o intuito de ser utilizado como material didático de cursos de Ciência da Computação.

Este livro foi traduzido para português (o trabalho ainda está sendo refinado, mas está quase pronto), trabalho que iniciou com Cláudio Berrondo e contou até o momento com a colaboração de mais dezesseis pessoas.

Não participei da equipe de tradução, mas como o projeto é muito bom e eu gostaria de ter o material em formato PDF, em duas colunas, resolvi "diagramar" o livro. É esta versão diagramada do livro que disponibilizo aqui a partir de agora.

O projeto de tradução tem um site, onde você pode tanto acompanhar o progresso como discutir e colaborar ativamente com o que falta.

Cordel da Pirataria

Naquele tempo antigo
Dos grandes descobrimentos
Navios cruzavam mares
Levando dor e tormento
Às terras por toda a vida
Fossem novas ou antigas
Sem respeito e violentos

Iam à costa africana
Com suborno ou então bravos
Deixavam terra levando
Dezenas de homens, escravos
Outros levavam empregados
E muitos deles, coitados,
Eram mortos por centavos

Esses homens nesses barcos
Dominavam o mar selvagem
Subjugando outros povos
Mas tinham uma boa imagem
Pois nos livros de História
Ainda hoje levam glória
Por cada dessas viagens

Nesse mar, sem ter direito
A ter u'a vida de gente
Muitos se reagruparam
Num caminho diferente
Nessa realidade ingrata
Criaram as naus piratas
E enfrentaram o mar de frente

Piratas, os homens livres
Diferiam dos demais
Dentro da embarcação
Tinham direitos iguais
Cultivavam parceria
Contra toda a tirania
Confrontando as naus reais

Atacavam naus tiranas
Roubando o que foi roubado
Matavam os ocupantes
Escravos, são libertados
Onde gastar o obtido?
Tudo o que era conseguido
Mundo afora era trocado

Esses eram os piratas
Daquela época esquecida
Que se ergueram contra reis
Nessa tortuosa vida
De "crimes", mas foi assim
Pois em alto mar, no fim,
Não tinham outra saída

Mas vamos falar agora
De algo dos dias atuais
Que é estranho e nasceu
Já nem tanto tempo faz
Hoje o tema da poesia
Chamam de pirataria
E os direitos autorais


Para contar essa história
De leis, direito e valor
Temos que entender primeiro
Como a gente aqui chegou
Por isso, como esperado
Vamos voltar ao passado
Onde tudo começou

No ano de 62
Do século XVII
O país, a Inglaterra
E a censura, um canivete
Cortava a produção
De tudo que era impressão
Pois besta em tudo se mete

E os livreiros desse tempo
Cada editora antiga
Precisava de um aval
Para que imprimir consiga
O aval do Rei, do Estado
Que se não for do agrado
Deles, a impressão não siga

Um monopólio formado
Pra controlar a leitura
Terminou dando poderes
Além do que se procura
Dessa forma os livreiros
Cresceram muito ligeiro
Nessa forma de censura

Já no século XVIII
Bem lá no ano de 10
Naquela mesma Inglaterra
Uma nova lei se fez
Hoje ninguém lembra mais
De direitos autorais
Foi ela a primeira lei

Right em inglês é direito
E copy é copiar
O Estatuto de Anne
Só disso ia tratar
Direito direcionado
Aos livreiros, que afetados
Tinham que se acostumar

Pois copyright falava
De cópia em larga escala
E o direito é o monopólio
Sobre cada obra criada
E esse direito, notamos
Durava quatorze anos
E o monopólio acabava

Note que essa nova lei
Não veio favorecer
Os livreiros da Inglaterra
E o monopólio a nascer
Não era bem algo novo
E era o bem ao povo
Que essa lei veio fazer

Nasceu o Domínio Público
Nesta distante Idade
Os livreiros exploravam
Seus direitos à vontade
Mas terminado o prazo
Toda obra era, no caso
Doada à Humanidade

Os livreiros reclamaram
Pedindo ampliação
Para aquele monopólio
Mas não teve apelação
Pois se fosse concedida
Mais outra seria pedida
E o prazo seria em vão

Isso lá naquele tempo
Eles podiam prever
Que se o prazo aumentasse
De novo iam querer
Sempre após mais alguns anos
E o prazo se acumulando
No fim "pra sempre" ia ser

Mas o mais interessante
Pros livreiros e editores
É que o que eles previam
Houve com novos atores
E hoje o direito autoral
Vale tanto, que é anormal
Pra agradar exploradores

Por que, vê se faz sentido
A desculpa que eles dão
Pra monopólio de livros
É incentivo à criação
Se é assim, por que, ora pois
Ele dura anos depois
Da morte do cidadão?

Que eu saiba depois de morto
Eu garanto a você
Por grande artista que seja
Ele não vai escrever
Só se for, caso aconteça
Com um médium, mas esqueça
Não é o que a Lei quis dizer

O direito agora vale
Por toda a vida do autor
Depois mais setenta anos
Depois que a morte chegou
Pra incentivar o defunto
Mesmo estando de pé junto
Continuar a compor

Por que funciona assim
Não é difícil notar
"Incentivo" é só desculpa
Para o povo aceitar
Quem lucra são editores
Sendo atravessadores
É a Lei da Grana a mandar

As empresas mais gigantes
Que corrompem os governos
Que publicam propagandas
De produtos tão maneiros
Com um gigantesco ganho
Artistas são seu rebanho
E a Lei garante o dinheiro

Toda essa exploração
Funciona desse jeito
O pobre artista cria
O seu trabalho perfeito
Um trabalho bom e novo
Ele faz é para o povo
Poder ver o que foi feito

Para o povo ter acesso
Ao que ele produziu
Não é algo assim tão fácil
Atingir todo o Brasil
Pra isso que produtores,
Gravadoras, editores
Tudo isso se construiu

Porém esse monopólio
Garantido ao autor
É o preço que eles cobram
Pra fazer esse "favor"
Se a editora tem confiança
Facilmente a obra alcança
Além do que se sonhou

O autor perde o direito
Sobre a sua criação
Quem vende é atravessador
E lhe paga comissão
Alguns centavos pingados
E o maior lucro somado
É da empresa em questão

Vejam só que curioso
São "direitos autorais"
Mas pra chegar no mercado
Alguns contratos se faz
E os direitos de repente
A que tanto se defende
Do autor não serão mais

Como se vendesse a alma
Para uma empresa privada
Nem ele pode copiar
A obra por ele criada
Mesmo quando ele morrer
A empresa é que vai dizer
Como a obra é usada

Autores bem talentosos
Que se encontram no caixão
Sem obras suas à venda
Com fãs, uma legião
Mesmo a pedidos dos fãs
Toda essa força é vã
Pra ter republicação

Pois o direito estará
Numa empresa transferido
Que é quem dirá se é viável
Atender a esse pedido
E se ela não publicar
Nenhuma outra poderá
Pois o direito é exclusivo

Esse jogo de direitos
Ilude a maioria
Dos artistas existentes
Como uma loteria
Onde muita gente investe
Mas pra poucos acontece
Algum sucesso algum dia

E os artistas que investiram
Enriquecendo a empresa
Olham para os de sucesso
Não percebem serem presas
Sonhando chegarem lá
Seguem a financiar
Essa indústria com firmeza

Quem tem direito exclusivo
Cobra o quanto quiser
Esse é o mal do monopólio
Mas sempre é assim que é
Quando surge alternativa
A essa prática nociva
Reclamam, não saem do pé

Copiar é ilegal?
É, mas a Lei que hoje vale
Foi feita por essa gente
Que corromper tudo sabe
Alterando o Direito
Para funcionar do jeito
Que melhor a elas agrade

Desde os tempos mais antigos
Alguém canta uma cantiga
Outro aumenta um pouquinho
E ela cresce e toma vida
Na cultura popular
Logo ela se tornará
Bem melhor do que a antiga

Com cultura é desse jeito
Que se faz evolução
Sempre se inspira nos outros
Na imagem, prosa ou canção
Do Teatro à Literatura
Cultura gera cultura
Não queira fingir que não

Hoje com toda mudança
Que fizeram, quem diria?
Compartilhar e expandir
Chamam de Pirataria
E o direito à cultura?
Criou-se uma ditadura
Como há muito se temia

O que querem impedindo
O poder da interação
É tornar todos iguais
Seja massa a multidão
É uma questão de Poder
Pra mais lucro acontecer
Todos com o mesmo feijão

Deixo então esta pergunta
Que ainda não tem solução
Num país de tradições
Que futuro elas terão?
O que será da cultura
Vivendo na ditadura
Dos livreiros, da opressão?

Piratas no fim das contas
Apoiavam igualidade
Hoje chamam de pirata
Quem age contra a maldade
E compartilha o que tem
Dando cultura por bem
Quem tem solidariedade

P.S.: Arte de capa do meu xará Karlisson Bezerra.

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