Sobre Pedras no Caminho

É preciso ter tino pra escolher
Como enfrentar cada dificuldade
As batalhas que temos que vencer
E aquelas que não há necessidade

Para evitar batalha ruim, nociva
Sugerem parar e pensar num plano
Para encontrar solução criativa
Pra igual superação e menor dano

Mas não param de vir os desafios
Tirando-lhe seu tempo a sangue frio
Se assim dessas tais soluções engedras

Segui demais esse método a fio
Ultimamente cansei de ser rio
Preciso aprender a quebrar pedras

-- Cárlisson Galdino

Novidades da Biblioteca do Bardo #2

Desde a última postagem a este respeito, entrou um material novo na Biblioteca do Bardo.

DWD12F é o segundo conjunto de tomos do Diceware D12, a série Fast. Todo esse material está lá disponível em ePub e PDF. Lembrando que você pode adicionar esta biblioteca, que já conta com 25 livros digitais, no seu leitor de livros digitais com este feed OPDS.

Politicast sobre Luta Feminista

O tema mais recente do Politicast foi a Luta Feminista e rendeu 3 episódios. Contou com a participação de Gil Santos, do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro; e de Sabrina França, professora da UFAL. Outras participantes foram convidadas, mas não puderam participar no dia.

A conversa foi bem longa e proveitosa. Claro que sempre ficam algumas coisas por falar, mas o que temos já é um bom começo. A luta vai continuar, pois infelizmente a sociedade não está avançando na velocidade necessária.

Vai um recado a quem não se interessa pelo assunto:

  1. Feminismo não é "dominação feminina sobre os homens"
  2. Feminismo defende mudanças que beneficiam homens e mulheres
  3. Quem mais evita ouvir sobre feminismo (seja por não querer ouvir o que se tem a dizer sobre o assunto, seja por achar que já domina a matéria) costuma ser quem mais precisa ouvir.

Vivemos em uma sociedade machista, racista, lgbtfóbica, etc. Então, a menos que você se esforce cotidianamente contra isso, você provavelmente é isso tudo em algum grau. A mudança necessária é profunda e só se conclui com esforço de gerações, mas tem que começar "pra ontem".

Enfim, se você ainda não ouviu essa pauta, ouve lá no Politicast:

Special: 

Lançada Academia Alagoana de Literatura de Cordel

Hoje foi um dia histórico para a Literatura Alagoana. Foi inaugurada a sede da Academia Alagoana de Literatura de Cordel, na Biblioteca Pública de Maceió. Foi dada posse aos membros efetivos para início das atividades.

Além de importante, foi um momento muito bacana, como sempre costuma ser, estar junto de outros colegas artistas. Especialmente o lendário Jorge Calheiros.

Na AALC passo a ocupar a cadeira número 16, do patrono Francisco das Chagas Batista.

Espero que tenhamos mais pra frente mais informações sobre todos os membros (e de repente dos patronos todos também). Por enquanto, veja o cordel "Matuto Zé Cará" do Jorge Calheiros:

O Pastor e o Cientista

Estamos apresentando
Na nossa televisão
Nossa Peleja na Tela
Pra quem quer ver discussão
Toda semana são dois
Brigando em opinião

 

Nessa peleja de hoje
O pastor teologista
De nome João Divino
Enfrentando o cientista
Chamado Pedro Antônio
Quero que você assista!

 

Pastor João, nesse canto
Com sua Bíblia na mão
De terno bem arrumado
E muita disposição
Tá pela Fé, pela Igreja
E toda Religião

 

Professor Pedro, cês vejam
Está no outro sofá
Tem projeto de pesquisa
Palestra, além de estudar
É entendido na Física
Quântica e na estelar
Com todos apresentados
Podem, os dois, começar!

 

- Quero começar dizendo
Pra quem assiste, perdão
Eu acredito em Ciência?
Por Deus, eu juro que não!
E digo mais pra vocês
Ciência é cria do Cão

 

Pois a Ciência é atraso
Na Bíblia já está escrito
Questionar planos de Deus
É um pecado maldito
Sei que a Ciência nasceu
Foi do fruto proibido

 

Eu acho muita ousadia
Essas cabeças pensantes
Querer saber mais que Deus
Em estudos delirantes
Pra mim todo cientista
É ateu e arrogante

 

- Saudações, gente de casa
E a você, que não merece
Já começou tão nervoso
Não tou na sua quermesse
Acho ousado é tu falar
Daquilo que não conhece

 

Vir falar de arrogância
Pra destratar a Ciência
Quando a Fé, segundo a História
Levou a morte a quem pensa
E você grita: “Arrogância!”
Isso é uma indecência

 

Arrogância é um sujeito
Matar outro cidadão
Só por acreditar n’algo
Devido à Religião
Sem achar prova nenhuma
Só com a convicção

 

- Quer ver como a tal Ciência
É coisa do Satanás?
A Bíblia fala de Deus
Criou todos animais
Aí vem esses sabidos
Querer botar Deus pra trás

 

Dizem: “os seres se mudam
É a nossa teoria”
Do nada nasceu um vírus
(Só se for da putaria)
Que foi virando nos bichos
Como da noite pro dia

 

Eu acho uma palhaçada
Teoria da Evolução
Prefiro a minha teoria
Que Deus fez a Criação
Se o meu avô foi macaco
O seu avô foi o Cão!

 

- É triste ver um sujeito
Sem nenhum conhecimento
Por exemplo, “teoria”
Não é só um pensamento
É fruto de muito estudo
Comparação e experimento

 

Essa Evolução demora
Não é da noite pro dia
Só com muitas gerações
Nova espécie se crie
E o que cê tem é hipótese
Não é uma teoria

 

Talvez você leia a Bíblia
De um jeito equivocado
A Criação pode ser
Em sentido figurado
Ao pé da letra não foi
Tá testado e comprovado

 

- Arrogante cientista
É mesmo como eu dizia
Abestalhado, eu estudo
A Bíblia à noite e de dia
Tá pra nascer um ateu
Que me ensine Teologia

 

E o seu estudo maluco
Que vem mentir pro meu lado!
Que diz que a Terra é redonda
Só falta o Sol ser quadrado
E diz que a Terra se mexe
Enquanto o Sol tá parado

 

Pra mim é muita mentira
De ateu de espírito mau
Pra ameaçar nossa fé
Nosso mundo divinal
Inventando coisas como
O aquecimento global

 

- Sobre o formato da Terra
E o movimento astral
Quem duvidar pode ver
Um experimento legal
Te passo, eu costumo usar
No ensino fundamental

 

E o Aquecimento Global
Tem muito estudo já feito
Não tem estudo que negue
Feito por quem tem respeito
Isso entre os cientistas
Hoje já é muito aceito

 

Questionar Ciência é bom
Ciência não é Religião
Cientista teima um com outro
Repete os testes, se não
Dá certo, divulga tudo
Se dá, faz confirmação

 

- Deus disse para seus filhos
Demônios te tentarão
Questionarão sua fé
Com palavras de ilusão
Vocês são bastante espertos
Só que não me enganam não

 

Quando eu morrer, no futuro
Minha fé vai me salvar
Você não tem salvação
A menos, queira aceitar
Jesus, Senhor, na sua vida
Para nunca mais pecar

 

Ciência é só blasfêmia
Arrogância que não passa
É a “Teologia” do ateu
Que não tem a menor graça
Ela é o atraso do mundo
É a fonte da desgraça

 

- Ciência já causou mal
Morte e destruição
Mas nisso, é diferente
Do que fez a Religião?
Que moveu guerra matando
Em Cruzada e Inquisição?

 

Mas a Ciência é a causa
Do que existe hoje em dia
Das invenções mais diversas
Toda a Tecnologia
Até nas coisas mais simples
Ciência ajudou na cria

 

Até notei que o senhor
Mesmo gritando nervoso
Tem um celular no bolso
Ciência criou esse troço
Por que não dá ele a mim
Já que é obra do tinhoso?

 

Aqui termina o programa
Peleja na Tela, João?
Quer direito de resposta?
Mas não tem mais tempo não
Cada um teve seu tempo
Talvez numa outra edição

 

Espero tenham gostado
Aprendido a lição
É sempre bom entender
Ver alguma discussão
Quem ganhou essa de hoje?
Tire a sua conclusão!

 

– Cárlisson Galdino

Gênero: 

Tentativa de Sulicídio

Tradicionalmente no Brasil o Rap "que importa" tem sido o do eixo Rio-São Paulo. Claro que isso não impede existam MCs e criadores em geral fora desse eixo, e com grande talento inclusive. Significa que sua região se torna mais um dificultante de visibilidade. Assim como tradicionalmente dificulta o fato de ser mulher.

Para tentar romper mais essa barreira, Diomedes Chinaski e Baco Exú do Blues lançaram em 2016 uma Diss atirando para todo lado: Sulicídio (atenção para o L). Nela, a crítica a esse eixo.

"Sem amor pelos rappers do rio
Nem paixao por vocês de São Paulo
Vou matar todos a sangue frio
E eu tenho caixão pra caralho"

Chamando os MCs de lá, de forma generalista, de "favela gourmet", o ataque mais direto na ocasião foi ao Nocivo Shomon: "Exceto o merda do Nocivo Shomon, o resto nem é nada pessoal".

Claro, foi uma Diss que recebeu muitas respostas. A interessante Inimigos, do Haikaiss; a SulTaVivo, do Costa Gold e a esperada resposta do Nocivo Shomon, a impactante Disscarrego, que alem de atacar de volta, dá resposta direta a vários versos da Sulicídio. Por exemplo, para citar só uma passagem, "Caixão pra caralho... é pouco pra língua cumprida".

Se você não conhece ainda essas duas músicas em particular, recomendo muito que assista os clipes. Os dois clipes são "lyric videos", então fica muito bacana de acompanhar a letra. As duas se tornaram de imediato marcantes no cenário do Rap nacional. Sulicídio, em especial, foi marcante porque parte do pessoal entendeu o que a música queria dizer (independente dos ataques que estavam na letra): "O Brasil é muito mais do que só Rio e São Paulo". Com isso, produtoras e divulgadores do Rap focaram no "Como é que você nunca ouviu falar?" que a Sulicídio colocava e começaram a pesquisar e dar espaço para rappers de outros cantos do país.

Essa história do Sulicídio, a meu ver, teve duas tentativas de fechamento. As duas muito boas e feitas de formas e em momentos diferentes.

Os autores da Sulicídio, com participação de outros MCs "fora do eixo", exlicaram que a proposta na verdade era atingir a estrutura. A música termina com Rapadura fechando "Depois disso não tem mais diss".

Agora o outro fechamento. Nessa de disses, o rapper Rashid, que segue a escola do Mc Marechal (mas em seu próprio caminho) publicou sua "Primeira Diss", que causou surpresa e curiosidade, mesmo porque seu perfil vinha sendo crítico, mas na forma encorajadora e questionadora, não de ataque a ninguém. A Primeira Diss é um ataque crítico um tanto pesado, questionando importância, trajetória e contradições na carreira... dele mesmo, o que o ouvinte só percebe depois de certo ponto da música.

Além de agitar o Rap nacional e jogar alguns holofotes em outros caldeirões culturais do hip hop fora do Rio e de São Paulo, a Sulicídio e suas respostas termrinaram impactando também no YouTube e nos vídeos de reação e análise de clipes e letras. São vídeos onde o apresentador supostamente assiste a determinado clipe pela primeira vez, filmando sua reação. Até hoje, Sulicídio, Disscarrego e Primeira Diss estão, na minha opinião, entre os temas mais divertidos para você procurar vídeos de reação (react) por lá.

Atualização: Tem uma entrevista do Baco Exú do Blues para o Rap Box onde ele explica a motivação para o Sulicídio (sugestão de Gabriel Ferreira). Sulicídio entra em pauta por volta dos 16 minutos.

Special: 

Para onde estamos indo?

Após décadas de ataques infundados e construção de um ódio coletivo a Lula e seu partido político por parte da grande mídia brasileira, o restante dessa mesma grande mídia se juntou no esforço após os "20 centavos" de 2013. De lá para cá temos visto posições cada vez mais agressivas (no mau sentido) de grupos de extrema direita, defensores de autoritarismo.

As eleições de 2014 foram ignoradas e a mobilização de imprensa, burguesia e dinastias políticas impediu que a presidenta eleita governasse, mesmo ela tendo traído, de certa forma, sua própria base de eleitores nas primeiras ações e nomeações na tentativa de se aproximar do tal Mercado. Isso resultou na puxada de sua cadeira para entregá-la ao "decorativo" vice.

De lá pra cá, foram várias medidas contra os trabalhadores e em defesa do grande empresariado (não do pequeno ou do médio empresário, como muito gostam de se enganar) na promessa de acabar a crise econômica.

O clima de "fodam-se as leis" se instaurou em vários setores. Latifundiários têm perseguido militantes de movimentos sociais sem terra e indígenas como nunca. Até o trabalho escrava correu o risco de ser oficialmente liberado!

Então veio a internveção militar na Segurança no Rio de Janeiro (será que o Temer ainda chama o estado de Guanabara? Ele ainda chama a Rússia de União Soviética... Tanto faz, estamos falando da cidade). Então temos a chocante execução da vereadora Marielle Franco, que criticava a intervenção e cobrava investigação de crimes realizados por policiais (sim, pra quem defende que "bandido tem que ser tratado como bandido", policiais que matam por escolha são também bandidos). Ficou clara na execução que se tratava de um recado: "não questionem ações de policiais ou a cova espera. Não temos medo. Se matamos de dia uma pessoa pública, imagine o que faremos com você".

Desde que a Lava Jato ficou conhecida que veio o discurso de que a operação tinha nascido para pegar o Lula. Claro, também para garantir a entrega do pré-Sal e "recolonizar" o Brasil, de modo geral. Parecia teoria conspiratória, mas analisando os fatos tem muito sentido. Tucanos citados e comprometidos? Vários, alguns em situações sérias. Quantos implicados? A própria ex-presidenta, apesar de não atingida pela Lava Jato, foi ligada à Lava Jato na opinião pública! Pré-Sal já foi entregue. Direitos foram usurpados. Lula, condenado.

Enquanto Bolsonaro, com um discurso altamente fascista (se acha que estou xingando, não estou. Pesquise em enciclopédias o que significa) cresce cada vez mais Brasil afora, o ex-presidente Lula faz campanha pelo Brasil (sim, ainda acho que o PT deveria ter construído um nome novo para substituir Lula nas eleições deste ano desde 2016, mas...) e sofre um atentado, com direito a pregos na emboscada e tiros.

O ódio gera consequências. Palavras podem não ser navalhas, mas discursos de ódio têm potencial de se transformarem em atos violentos. Como diria Gessinger, "a violência travestida faz seu trotouir". O passeio ainda não terminou e quando penso no que mais pode/tende-a acontecer, não tenho como não  me preocupar.

-- Cárlisson Galdino

P. S.: Imagem da postagem

Special: 

Quem tava lá?

Na briga pelos espaços a banda de RAP Costa Gold lançou a música Quem tava lá, criticando de forma ampla e genérica aqueles que querem fazer parte da cena na época "fáciil", mas na época difícil não "tava lá". Quem quer usufruiu do que não ajudou a construir. Contou com participação de Luccas Carlos e Mc Marechal, que rouba a cena com uma participação autobiográfica.

O problema é, como já cantou Lord do ADL, "gravar um som é como um tiroteio, quem não sabe o que falar acerta um inocente". Uma resposta muito boa a esta música foi a da Lívia Cruz, "Eu tava lá", aproveitando a linha do Marechal, ela resolve mostrar na resposta sua própria biografia.

Se não por outra coisa, só pelas 2 autobiografias essas músicas falem muito a pena! Curiosidade: o fechamento do Mc Marechal teve resposta do Spinardi no fechamento da música Cypher, de Haikaiss (com participação do Costa Gold e Funakero).

Special: 

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