Agenda Mundial #01 - A Nova Faixa

“A pior coisa é ter que ensinar pra quem não quer aprender.”

Agenda Mundial #01 - A Nova Faixa

Uma cidade pequena, se comparada às grandes capitais. Uma cidade de interior, mas em franco desenvolvimento. Com suas praças, seu comércio agitado, girando a economia das cidades vizinhas. Uma cidade grande, perto das que a circundam. Entre o caos dos grandes centros centros e o sossego dos povoados rurais. Seria uma cidade perfeita – e talvez até seja – mas está longe de ser uma cidade pacata. O toque do progresso já a atingiu, pintando as ruas com as cores dos carros quase parados em horários de pico, com criminalidade e com tudo - mesmo que em menor escala - de bom e de ruim que uma cidade grande tem a oferecer.

No meio de um pequeno estado esquecido, que já foi orgulhoso de dar ao Brasil seu primeiro presidente, e outros presidentes depois. O orgulho passou e o título pomposo daqueles tempos - “terra dos marechais” - é hoje uma lembrança, gravada no hino de um clube esportivo local. O que mudou? O que se perdeu?

Em uma das ruas que saem perto da rodoviária, um homem de boné vermelho e branco, de camisa social já gasta e bermuda jeans, prende, de cima de uma escada, uma faixa em frente ao galpão. O Honda cinza escuro pode parar de buzinar e ir em paz, seguido pelos dois carros que também esperavam a rua ser liberada.

Protestos, protestos, mas já terminou. O homem recolhe a escada com ajuda do rapaz de camiseta e esperam passar o corolla prata e uma moto antes de atravessarem a rua: para o galpão.

Um celta preto passa rápido, sem prestar atenção em mais nada. Um furgão branco vem em seguida e estaciona a quatro casas da faixa. Um homem de cabelos grisalhos e poucos, desce e vai até a calçada. Olha para os lados antes de se dirigir ao portão. Enquanto toca a campainha, um celta prateado vem devagar pela rua, pelo mesmo caminho. Diminui a velocidade, quase parando. Para em frente ao galpão.

Ninguém desce, nem o carro sai, por um momento. Finalmente as portas se abrem. Do lado do passageiro, uma mulher de calça jeans e camisa listrada, de botões. Seus cabelos pretos e lisos descem até metade das costas, e como se achassem pouco ainda lhe fazem uma franja na testa. Seu rosto arredondado espera impaciente.

Logo o motorista chega até ela. Cabelos pretos curtos e bem penteados, um queixo quadrado. De roupa social em tons claros, com um bottom verde no bolso da camisa.

- Claudia, vai ser bacana!

- Boxe!? E eu lá tenho cara de quem gosta de boxe?!

- Você viu a faixa! Você sabe que a gente está meio parado e temos que fazer alguma atividade física, não sabe? Quer fazer o quê? Academia ouvindo aquele som?

- Não, né?

- E então? A gente faz boxe e ainda ganha a viagem!

- Até parece...

- Vamos, antes que feche.

O casal entra no prédio e procura o responsável. Depois de uma conversa bonita sobre proteção pessoal, alívio de stresse e segurança, das diferenças entre esporte como atividade física e competição, os dois se matriculam.

Logo saem do galpão e voltam para o carro.

- Só você mesmo pra me fazer lutar Boxe.

- Mas você ouviu o que ele disse, ninguém precisa lutar. É só um esporte! Vai ser legal pra descontrair. Você precisa desestressar da molecada da escola.

- Isso é verdade.

- Uma pena que a viagem pra Fortaleza só um ganha, né? Queria poder levar você comigo.

- Quê?! O sorteio só é quando fecharem as turmas!

- E sabe de uma coisa? Isso está parecendo é enrolada. Se eles quiserem, é só dizer que não fecharam as turmas todas e nunca que ninguém viaja!

- Herbert?

- Oi, amor.

- Não podíamos conversar dirigindo?

- É, né? Mas daqui a pouco a gente chega na sua casa, queria aproveitar mais o tempo.

- E é, seu besta? E não vai entrar hoje não?

- Você quer que eu entre?

- Se você quiser...

Um beijo e o carro parte dali. O céu já escureceu. As aulas só começariam na semana seguinte e ainda era terça-feira. E eles não podiam imaginar que na primeira aula, segunda-feira, já teriam uma boa surpresa para um dos dois.

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