“A gente fala que valoriza a natureza, mas termina presa na cidade.”
O dia amanhece calmo. Claudia abre os olhos e vê com sonolenta estranheza aqueles móveis desconhecidos. Aos poucos vai se dando conta de que não está em casa, e se lembra de que foi a Fortaleza.
Olha o relógio: 7:19. Salta da cama e vai tomar banho, afinal de contas só tem um dia para conhecer a cidade.
O café da manhã é simples - cuscuz com carne de boi e café -, mas lhe agrada. Não é uma comida totalmente estranha, pelo contrário. Estranho é que não parece haver mais hóspedes por ali. Talvez tenham acordado antes dela e já tenham começado a vida ou, quem sabe, no meio da semana o hotel não fica tão cheio. Ou não é um hotel muito procurado mesmo.
Na verdade, pouco importa. Ela termina, tira um papelzinho do bolso e vai até a mulher da recepção.
- Bom dia.
- Bom dia.
- Como faço pra chegar na Catedral?
- A catedral... A senhora quer ir a pé mesmo? É pertinho.
- Pode ser...
- Bom, dá pra chegar a pé que é bem pertinho. A senhora pega aqui à direita e vira na primeira à direita, daí é só ir direto que chega.
- Tá, obrigada.
- De nada, fía.
Claudia segue na direção indicada. Ao que pôde ver até agora, a cidade não é muito diferente do que já viu, só é maior. Mas é bonita, bem cuidada e...
“Acabou a rua... Deve ser por aqui, já que essa outra rua é inclinada. Ah, acho que é ela lá no fim da rua...”
“Nossa, é enorme! Deixa nossa concatedral no chinelo mesmo.”
Ela olha a catedral do outro lado da rua enquanto faz o sinal da cruz. Caminha até a entrada, o que demora um pouco. Até o terreno antes de chegar à catedral é um tanto grande.
Finalmente entra, ainda espantada com a construção, e procura um banco para se sentar. Lá, fecha os olhos e reza.
Quase vinte minutos depois ela sai.
- Senhor? Bom dia. Como faço pra chegar no Centro de Artesanato Dragão do Mar?
- Ah... A moça né daqui não, né?
- Sou não.
- Olha, já foi no mercado?
- Não.
- Então vou dizer uma boa pra senhora: vá aqui direto que vai passar de frente ao mercado central. Aí, se quiser, a senhora faz uma visitinha. Daí quando sair pode continuar nessa rua que vai chegar na monsenhor Tabosa. A senhora vira à direita que vai bater no Dragão do Mar. Entendeu?
- Sim, obrigada.
- A senhora é de onde?
- De Alagoas.
- Alagoas... Nunca tive lá não mas dizem que é bonito.
- É... Bom, vou indo lá.
- Tá, bom proveito da cidade!
- Obrigada.
Claudia segue as instruções e resolve passar no tal mercado. Tempos depois, está no centro de artesanato Dragão do Mar.
“Legal! A Biblioteca Pública é ali atrás. Se eu tivesse mais um tempo... Mas ainda tenho que ir no farol e na praia do futuro e... Aqui também tem planetário!?”
E ela caminha até lá.
O relógio do celular marca 20:19 diante dos seus olhos. Ela sorri e liga para Herbert.
- Alô? Claudia?
- Oi, amor.
- Como foi seu dia!? Aproveitou bem a cidade? Conheceu muitos lugares?
- Tenho uma boa e uma má notícia: a boa é que não gastei muito com transporte, a má que o que eu economizei com transporte gastei com souvenir e besteiras.
- Hahaha! Mas é assim mesmo.
- Nem deu pra ir em alguns lugares. Passei a manhã toda e o começo da tarde no centro mesmo. Depois fui no farol e tive que deixar a praia e o parque ecológico pra outra oportunidade.
- É uma pena. Depois a gente vai aí de novo, né?
- É sim.
- Pelo menos a gente vai conhecer o parque ecológico juntos. É o que eu mais ia querer visitar.
- Pois é. Sabia que tem um planetário no Dragão do Mar? Fui pra uma sessão hoje à tardinha. Você ia gostar.
- Sabia que a gente tem um aqui também?
- É, né? Quando eu voltar a gente faz uma visita... Se o avião não cair.
- E por que cairia?
- Sei lá. Vou dormir. Beijo.
- Beijo. Boa noite.
Comentar