Warning Zone #01 - Um Pequeno Imprevisto

Warning Zone #01 - Um Pequeno Imprevisto

 

Cidade de Stringtown. Mais uma grande cidade no moderno mundo globalizado. No interior do Brasil, estado da Bahia. Lá se encontra um pólo industrial voltado à tecnologia e, neste pólo, a Sysatom Technology.

 

Mais uma empresa de tecnologia, especializada na fabricação de microchips. Não fosse seu projeto ationvir, uma forma de vida que convive com circuitos e é capaz de prevenir defeitos. Infelizmente, o projeto não progrediu. Apesar de relativo sucesso na ação e interação com os circuitos da Sysatom, a ationvir não conseguia se reproduzir em ambiente algum. Até agora...

 

Valdid: Então, véi? Alguma novidade no ationvir?

Arsen: Mais tarde farei um novo teste. Estou projetando uma inversão na cadeia genética, acrescentando alguns genes novos. Esse lance de induzir mutações e esperar que uma funcione realmente não está surtindo efeito.

Louise: kkkkkkkkk. Eu disse! Eu falei! Isso parece uma versão “bozosort” aplicada à genética!

Arsen: Cala a boca, fía! Mulher não entende de tecnologia não.

Louise: Ah, vai se foder!

Arsen: Chegou o casalzinho!

Darrell: Oliver quer falar com você, Arsen. O projeto está demorando muito pra sair do canto.

Pandora: Ó, mas vai dar tudo certo...

Arsen: É, para o nosso bem, sinceramente espero que sim.

 

O dia passa rápido com tanto trabalho pela frente. E como nos outros dias, a jornada chega ao fim.

 

Valdid: E aí, cara... Conseguiu compilar?

Arsen: Manipulação genética não é programação...

Valdid: Sim, pra mim é a mesma coisa.

Arsen: Tá, desisto. A adição do novo gene não foi tão simples quanto pensei. Só terminei agora. Os testes só vai dar pra fazer amanhã.

Pandora: Ah, então amanhã a gente vê o resultado, né? Eu e Darrell tamos saindo pra balada. Qrem vem com a gente?

Louise: Opa! Tou dentro! Vão pra onde?

Darrell: Vai ter Pastor João.

Valdid: Ah, vão se lascar vocês! Pregação?

Darrell: É só uma banda que faz cover do Raul, ué!

Valdid: Piorou! Preferia a pregação.

 

Oliver: Arsen, como vai a pesquisa?

Arsen: E aí, chefe, está indo... Falta só colocar em prática. Amanhã cedinho a gente...

Oliver: Hoje. Quanto tempo leva isso?

Arsen: Não leva menos que meia hora.

Oliver: Tudo bem, vamos ver se dá certo. Conta uma hora extra e manda ver aí.

Arsen: Tudo bem... Então vamos. Louise? Vamos lá?

Pandora: Vamos esperar a Louise então, não é, bem?

Darrell: Por mim tudo bem.

Valdid: Então vou ficar por aqui também! Tou curioso com esse troço aí.

Oliver: Então aproveitem. Este acontecimento pode nos colocar no topo do mundo! Que comece o show!

 

Manhã em Stringtown. Sede da Sysatom Technology. “Ruínas da sede” seria a expressão mais apropriada...

 

anônimo-com-voz-bestial: Alguém vivo?

 

Um grande bloco de concreto rola e de baixo surge um monstro peludo com cabeça de touro.

 

anônimo-com-voz-bestial: Que porra é essa?! O que aconteceu comigo!?

anônima-com-voz-distorcida: Ai, meu Senhor do Bonfim! O que aconteceu aqui!? Tá tudo destruído!? Benzinho?

 

Uma mulher em cima de destroços do outro lado olha o estrago provocado pelo acidente.

 

anônimo-com-voz-bestial2: O que aconteceu aqui?

anônimo-com-voz-metálica: Parece que a experiência não saiu exatamente como eu esperava.

anônimo-com-voz-bestial2: O que aconteceu conosco! Não era pra esse vírus afetar pessoas. Ationvir maldito! O que fez com a gente!?

anônimo-com-voz-metálica: Acalme-se, Arsen. O que você conseguiu é algo sem precedentes.

Arsen: Chefe?

Oliver: Sim, sou eu. E digo que esse feito realmente vai mudar a história da Sysatom Technology.

Arsen: O que houve? Ganhamos super-poderes ou algo assim?

Oliver: Diria que no mínimo algo assim.

 

São duas criaturas enormes que conversam. Cada um com três metro de altura. Um ser formado por pedras e um homem de metal.

 

Arsen: E o que vai ser agora?

Oliver: Agora o mundo é nosso!

anônimo-com-voz-bestial: Ô que papo de nazista é esse agora?

Oliver: Deixe-me ver... Valdid?

Valdid: Acertou. Que história é essa de “o mundo é nosso”?

Oliver: Não há alternativa. Queríamos dominação mundial do mercado com tecnologia. Agora temos ferramentas, digamos, mais eficazes para conseguir isso.

Valdid: Sei não, véi, isso parece errado.

Oliver: Vamos debater sobre o tema.

 

Uma mão segura o braço da mulher de voz distorcida, que observava espantada a cena. Logo eles estão na Praça Pimentel. O Sol ilumina as árvores e, no centro, diante do busto do antigo médico, um casal se encontra. Darrell Dylan e Pandora Vardamir. É fácil identificar, apesar de haver algo neles de diferente.

 

Pandora-com-voz-metálica: Você ouviu aquilo, bem?

Darrell: Claro que ouvi. Por isso te trouxe pra cá. Oliver enlouqueceu.

Pandora: Como assim? E acha normal ver um sujeito de ferro e um pedregulho conversando? E a minha voz? Eu gosto da minha voz de sempre, por que ela ficou assim? Estou ficando louca...

Darrell: É uma possibilidade.

Pandora: Grande namorado você é. Nem pra me consolar nesse momento difícil...

Darrell: Valdid, Oliver, Arsen... Você viu a Louuise?

Pandora: Que cara de pau? E ainda me pergunta por outra mulher!?

Darrell: Ô Pandora, o momento não é pra drama... É sério, não a vi por lá.

Pandora: E eu com isso? Devia ser um daqueles postes ou uma poça de lama. Dá pra me ouvir agora?

Darrell: Fala.

Pandora: Ah, sei mais não o que ia dizer, ó! Que é que vou dizer pra mainha...

 

Mas o que eles não sabem é que Oliver reuniu todo o grupo, ou melhor, os outros funcionários da empresa. E como Darrell conseguiu levar Pandora até a praça sem serem vistos? Calma, tudo a seu tempo... Na sede, Oliver e companhia discutem os últimos acontecimentos.

 

Valdid: Ei, soube que o Google vai lançar um Sistema Operacional ano que vem?

Arsen: E o Kiko?

Oliver: Arsen, me diga o que aconteceu exatamente.

Arsen: Sei lá, o ationvir deve ter dado um revestrés e infectou a gente.

Oliver: Mas o vírus existia em pouca quantidade. E o maior problema é que não se reproduzia. Significa que resolvemos o problema?

Arsen: Ainda é muito cedo para dizer. Mas era pra ele afetar apenas circuitos. Não tem o menor sentido o ationvir afetar a gente. Menos ainda a gente ficar desse jeito.

Valdid: Bem-vindo ao meu mundo. Quando eu digo que os bugs que aparecem nos meus programas às vezes não têm o menor sentido ninguém acredita...

Oliver: Quietos os dois. Então temos que começar testando. Valdid, sequestre alguém para cá. Temos que estudar se o ationvir vai continuar o contágio e as formas de contágio. Já pensou? Um mundo onde todos têm superpoderes... Ia ser um tanto problemático.

Valdid: Com certeza! Vou lá buscar alguém.

Mulher-com-voz-fraca-estranha: O que pretende fazer se nós formos os únicos?

 

Louise parece feita de gelatina, sentada numa mesa quebrada.

 

Oliver: Simples, Louise. Esconderemos o processo que nos transformou e traçaremos uma estratégia para dominar o mundo.

Louise: E o que se ganha com isso?

Oliver: Dinheiro! Poder! Respeito! Reconhecimento!

Louise: Mas se nós formos seres únicos já teremos isso naturalmente, não?

Oliver: Ah, não atrapalhe minha argumentação sobre dominação mundial! Algo que tanta gente já desejou tem que ter sua utilidade! Temos outra coisa mais importante com que nos preocupar. Questão de marketing: precisamos de nomes legais. Alguém aqui lê quadrinhos?

Valdid: Vou me chamar Minotaur!

Oliver: O que está fazendo aqui! Mandei sequestrar alguém!

Valdid: Tá, chefe, esquenta não que tou indo agora! Pô, posso nem participar da parte mais divertida da discussão?

Oliver: Vai logo, chifrudo!

Valdid: Ei, piada com isso é golpe baixo!

Arsen: Acho que Montanha está bem para mim.

Oliver: É, parece legal. Eu serei o Homem de Ferro

Arsen: Hmmm... Chefe? Já existe esse...

Oliver: Já? Que pena... Bom, então... Já sei! O W! No mundo Web, o W será minha letra símbolo! Eu serei Tungstênio, o elemento químico representado pela letra W!

Arsen: Chefe... Genial! Me emocionei agora.

Oliver: Falta você, Louise.

Louise: Preciso mesmo de um nome?

Oliver: Claro!

Arsen: Podia ser “mulher fluída”! Kkkkkk

Louise: Sem graça!

Oliver: E então?

Louise: Hmmm... Seamonkey.

Arsen: Que é isso?

Louise: É um bicho do mar daqueles que parecem de água. Como uma água viva ou medusa.

Arsen: E por que não medusa?

Louise: Medusa é muito balofa...

Oliver: Tá, tá... Se prefere ser uma macaca do mar, Seamonkey então. Agora alguém viu Darrell e Pandora? Onde aqueles dois se meteram?

P.S.: Episódio publicado na Revista Espírito Livre.

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