Primeiramente desculpem pelo atraso no episódio. A vida este ano está mais corrida. Alguns sábados poderão ficar sem Agenda, mas espero que não.
Quantos golpes de sorte podem acontecer em seguida?
Frio... Claudia ergue a cabeça e olha a Lua cheia no céu. Ao seu redor, nada. Parece que ninguém passa por ali mesmo. Pelo menos não a essa hora.
“O que é que estou fazendo?”
Pensando em crimes de oportunidade dos mais variados, que podiam lhe fazer vítima, ela se levanta decidida a encontrar um lugar melhor pra passar a noite.
Sua bolsa ainda está ali. Ela a abre discretamente e encontra o tablet ainda lá. Vasculha mais e acha seu celular: descarregado.
- Droga.
Vai até a calçada da rua deserta e caminha, continuando os passos que iniciaram ao descer da besta, antes de parar ali.
Apesar do medo e frio, esse momento de descanso lhe trouxe uma certa paz, um alívio. Sobreviver exposta e indefesa por algumas horas lhe trouxe ânimo para continuar. A grande questão é: continuar o quê?
Depósitos, algumas casas fechadas, poucas, e terrenos. Indústrias? Não sei... Talvez apenas mais depósitos.
“Esse celular descarregado. Tenho que falar com o Herbert pra ver se ele está bem. Deve estar todo mundo preocupado comigo a essa hora. Quer saber? Grande coisa! Pelo menos depois disso tudo eu terei uma boa história para contar. Quer dizer, se eu sair viva no final.”
O cansaço e a fome começam a aparecer. A busca continua por muitos passos mais. E de repente, parece que acabou. ...A zona minimamente urbana.
“O que é aquilo ali na frente? Um rio?! Não acredito!”
Ela corre em sua direção. A água reflete a bonita Lua do céu. Maravilhada, ela se ajoelha deixando a bolsa para trás. Com as mãos em cuia pega um pouco de água para lavar o rosto.
A sensação é tão boa que ela nem pensa no frio e em como vai se enxugar depois.
- Eu não beberia se fosse você.
Claudia se vira assustada, procurando quem falou. Só um nome vem em sua mente: Caio. Mas não é ele. Um homem de barba e casaco um pouco velho, sentado a alguns passos dela.
- De onde você... - A pergunta de Claudia é interrompida pelo pensamento de que faria mais sentido se ele lhe perguntasse isso.
- Está perdida?
- Acho que sim... Estou procurando alguma pousada.
- Hahaha! Pousada?! E como veio parar aqui?
- Não sei. Onde estamos?
- Em São Miguel, onde mais?
- Sei, mas...
- A feira foi ontem.
- Como?!
- Se veio pra feira, ela foi ontem. Lá na cidade.
- Não, é que... Olha, como acho uma pousada?
Inquieta, já de pé, ela aperta com ansiedade a bolsa.
- Não vai encontrar uma aqui. Só na cidade.
- E como chego lá?
- Melhor ir pela manhã. É perigoso ir lá sozinha.
- Mas eu faço o que então?
- De onde você é?
- E isso importa? Você mora por aqui?
O homem se levanta e se aproxima dela. Claudia assustada dá um passo para trás, pronta para correr a qualquer momento.
- Sabia que aqui é terreno particular?
- É? - Claudia olha com mais atenção ao redor. A estrada de barro está cheia de mato e não parece haver cercas. - Não sabia. De quem?
- Não importa. Venha comigo.
- Como!?
- Talvez você possa ficar por aqui essa noite.
- Como é? Não, espera!
- Calma! - Ele segura seus braços com força. - A gente tem um acampamento aqui perto. Talvez ainda tenha um pouco de comida também.
“Um acampamento? Sei...”
O estranho aperta seu braço, conduzindo-a por um caminho à beira do rio.
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